Não costumo reproduzir textos publicados em outros sites, mas vou usar este post para pinçar algumas informações relevantes da excelente matéria publicada sobre Cuba na revista Piauí, cujo título é La vida por la izquierda. Ele confirma coisas que já são bem sabidas e também destrói alguns mitos que políticos e professores brasileiros teimam em espalhar. De forma esquemática, o artigo informa, entre outras coisas, que:
1. Mercado negro é mesmo uma parte gigantesca da economia cubana.
“Desviados de fábricas estatais, os produtos geram a renda de milhares e milhares de pessoas, que são impedidas de comercializar legalmente. Em Havana, onde fica a sede de um dos poucos governos de esquerda do mundo, todos se referem ao mercado negro, e aos demais jeitinhos canhotos, com a expressão por la izquierda”.
2. Em Cuba, falta água até em escola de medicina.
Na Escola de Medicina localizada em Baracoa, cercanias de Havana, “o sistema de abastecimento de água para os 4 mil estudantes tinha falhas perenes no bombeamento. As estiagens eram prolongadas e frequentes. De modo que, quando a água chegava, era imperioso tomar banho logo, porque dificilmente seria em quantidade suficiente para todos”.
3. Socialismo e desarmamento não eliminam assassinatos.
Sobre o Hospital Joaquin Albarran: “é de madrugada que chegam os doentes mais graves, feridos em discussões de bares que terminam em esfaqueamento. Cidade sem armas, Havana resolve as desavenças na lâmina”.
4. Sistema de saúde cubano só é bom para quem pode subornar.
“Cuba conta com um leito para cada 200 habitantes. No Brasil, é um para cada 300. Na Europa, um para cada 100 pessoas. O índice é bom, mas as paredes internas do hospital [Joaquin Albarran] estão malcuidadas, as portas e janelas são remendadas, e o ambiente, se não é caótico, tampouco é reconfortante. Dificilmente os cubanos permitiriam que o cineasta Michael Moore usasse, em seu documentário sobre a saúde na ilha, imagens desse hospital como símbolo da qualidade dos serviços médicos”.
“O Ameijeiras é um centro de referência cubano no tratamento de câncer, transplantes e cirurgias de coluna. Ao circular por seu prédio, em muito bom estado de conservação, é possível ver um atendimento organizado, com espera escalonada por meio da distribuição de senhas. A dificuldade é obter a senha. 'Conseguir uma vaga aqui demora meses e meses, e um cubano comum dificilmente consegue tratamento', queixou-se uma jovem professora. Ouvi com frequência que era preciso corromper algum funcionário para assegurar tratamento ou marcação de exame. A senha só pode ser obtida por la izquierda”.
5. Igualdade uma ova!
“Apesar da crise, existe um bairro em Havana que se parece com o Jardim Europa, de São Paulo. Miramar é uma região de casarões neoclássicos do século XIX. Ali estão as embaixadas e empresas associadas ao Estado, e fica perto do grande parque onde moram os irmãos Castro. Gente usando grifes europeias passa a pé ou em carros importados novos. É a nova elite cubana que surge, associada aos negócios com empresas estrangeiras”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário foi enviado e está aguardando moderação.