Quem sou eu

Sou professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Paraná - UFPR, e meu currículo pode ser acessado na Plataforma Lattes. Mas, para os propósitos desta página, vale a pena acrescentar uma breve nota biográfica.

Cursei o ensino médio na primeira metade dos anos 1980. Foi nessa época em que comecei a gostar de geografia, posto que as aulas dessa disciplina a que assisti no ensino fundamental haviam seguido o figurino típico da geografia tradicional: só "decoreba" com teor nacionalista. No ensino médio, fui apresentado ao mundo da geocrítica, embora minhas professoras não usassem essa denominação para qualificar o trabalho que faziam. O uso de teorias marxistas para explicar os fenômenos sociais me levou a ter, pela primeira vez, uma noção do que é fazer pesquisa em ciência social. Obviamente, não é apenas por intermédio do marxismo que as ciências sociais procuram explicar a realidade, mas, como minhas professoras de história e de geografia só me mostraram o marxismo, a ideia de que esse método seria o único realmente adequado para tanto soava para mim quase como uma obviedade.

Quando ingressei no curso de geografia da USP, em 1986, eu já me classificava como marxista e me propunha a trabalhar com a geografia crítica. Mas, com o tempo, acabei deixando de lado essa perspectiva, pois não conseguia utilizar de fato seus métodos e teorias sem cair em alguma forma de fetichismo espacial ou de simplificação ideológica gratuita. Sempre acabava optando por outras perspectivas. Minha tese de doutorado, defendida em 2000, já nada tinha a ver com essa corrente, e lançava refutações diretas contra as abordagens da geografia econômica inspiradas no marxismo e na geocrítica. De lá para cá, escrevi e publiquei vários trabalhos que esmiúçam as contradições e fragilidades dessa corrente, que é hegemônica na geografia atual.

Então, se você, leitor, está entre os que acham que a geocrítica já passou, ou defende que essa perspectiva é realmente a mais adequada para a pesquisa e o ensino de geografia, experimente ler os textos publicados neste blog. Talvez você se surpreenda ao olhar a geografia atual do ponto de vista de alguém que acompanha a geografia crítica desde que essa corrente nasceu.