Esta eleição revelou que os apoiadores de primeira hora da candidatura de Jair Bolsonaro são, na maior parte, pessoas jovens, com alta escolaridade, renda acima da média e que usam intensamente as redes sociais. Mostrou também que esses eleitores têm ideias autoritárias, manifestam suas opiniões de forma agressiva, são dogmáticos e espalham notícias falsas sem se importarem que sejam falsas. Figuram também, entre esses mais exaltados, pessoas que fracassaram na economia de mercado e que, por isso, querem intervencionismo estatal.
Nesse sentido, apoio e concordo com aqueles que acusam o capitão boquirroto de ser um fascistoide e, em particular, concordo com Reinaldo Azevedo quando ele afirma que Bolsonaro é responsável, sim, pelas dezenas de agressões praticadas por seguidores seus contra apoiadores de Haddad e contra gays.
Ao mesmo tempo, não posso deixar de rir quando universidades federais expõem cartazes "contra o fascismo" (propaganda petista em prédios públicos, isso sim) e quando vejo professores, artistas e intelectuais dizendo de Bolsonaro e de seus eleitores exatamente o mesmo que eu escrevi no primeiro parágrafo deste post. Isso porque, com base nas pesquisas que já fiz sobre a geografia brasileira, e também nos meus contatos pessoais e virtuais com professores e pesquisadores, percebo que o perfil do esquerdista universitário (professor ou aluno) é igual ao dos bolsonaristas mais exaltados; só muda o sinal ideológico.
Sim, na geografia tem muita gente frustrada com a economia de mercado e que acusa o capitalismo, o neoliberalismo e a direita por tudo o que não dá certo em suas vidas pessoais. Gente que se diz solidária, mas que não pratica a caridade porque considera que o trabalho de doutrinação esquerdista que faz em sala de aula e/ou em artigos acadêmicos (e pelo qual recebe salários e bolsas...) já é uma grande contribuição ao bem de todos.
Gente mentirosa, cínica e hipócrita, que usa de difamação e de mentiras para calar as vozes discordantes dentro da universidade ao mesmo tempo que se diz defensora da democracia e do debate de ideias.
Gente autoritária e violenta, que apoia invasões de propriedades rurais e urbanas, de escolas e universidades, bloqueios de estradas, para impor seus pontos de vista. Gente que acusa todos os que discordam de suas ideias de serem machistas, racistas e homofóbicos sem se darem ao trabalho de entender os argumentos apresentados, mesmo quando estes são baseados em dados estatísticos.
Gente que não pensa com a própria cabeça, pois apoiava o PT oposicionista, nos anos 90, e continuou apoiando mesmo depois que os governos petistas fizeram tudo ao contrário do prometido na política econômica, na reforma da previdência, na área ambiental e na política de reforma agrária.
Gente que não defende princípios éticos, mas apenas o partido. Ou seja, que pede a cassação de mandato de todos os políticos não petistas por qualquer acusação de corrupção, sem se importarem se esta é falsa ou verdadeira, mas que proclama a inocência dos petistas corruptos mesmo depois que estes já foram investigados e condenados.
Gente que acusa os bolsonaristas de espalharem "fake news", mas que fazem propaganda dos "blogs sujos" financiados pela esquerda e que compartilham as "notícias" desses blogs tanto quanto podem.
Gente que cita e admira autores como Paulo Freire e Milton Santos, ambos defensores das ditaduras comunistas e do pelotão de fuzilamento como instrumento de política.
Enfim, bolsonaristas com sinal ideológico trocado. Os cartazes "contra o fascismo" devem ser retirados das universidades, pois afrontam a lei eleitoral. E a esquerda universitária não tem moral nenhuma para chamar quem quer que seja de fascista.
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