segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Esquerda universitária abriga Bolsonaristas com sinal trocado

Esta eleição revelou que os apoiadores de primeira hora da candidatura de Jair Bolsonaro são, na maior parte, pessoas jovens, com alta escolaridade, renda acima da média e que usam intensamente as redes sociais. Mostrou também que esses eleitores têm ideias autoritárias, manifestam suas opiniões de forma agressiva, são dogmáticos e espalham notícias falsas sem se importarem que sejam falsas. Figuram também, entre esses mais exaltados, pessoas que fracassaram na economia de mercado e que, por isso, querem intervencionismo estatal.

Nesse sentido, apoio e concordo com aqueles que acusam o capitão boquirroto de ser um fascistoide e, em particular, concordo com Reinaldo Azevedo quando ele afirma que Bolsonaro é responsável, sim, pelas dezenas de agressões praticadas por seguidores seus contra apoiadores de Haddad e contra gays. 

Ao mesmo tempo, não posso deixar de rir quando universidades federais expõem cartazes "contra o fascismo" (propaganda petista em prédios públicos, isso sim) e quando vejo professores, artistas e intelectuais dizendo de Bolsonaro e de seus eleitores exatamente o mesmo que eu escrevi no primeiro parágrafo deste post. Isso porque, com base nas pesquisas que já fiz sobre a geografia brasileira, e também nos meus contatos pessoais e virtuais com professores e pesquisadores, percebo que o perfil do esquerdista universitário (professor ou aluno) é igual ao dos bolsonaristas mais exaltados; só muda o sinal ideológico. 

Sim, na geografia tem muita gente frustrada com a economia de mercado e que acusa o capitalismo, o neoliberalismo e a direita por tudo o que não dá certo em suas vidas pessoais. Gente que se diz solidária, mas que não pratica a caridade porque considera que o trabalho de doutrinação esquerdista que faz em sala de aula e/ou em artigos acadêmicos (e pelo qual recebe salários e bolsas...) já é uma grande contribuição ao bem de todos. 

Gente mentirosa, cínica e hipócrita, que usa de difamação e de mentiras para calar as vozes discordantes dentro da universidade ao mesmo tempo que se diz defensora da democracia e do debate de ideias.

Gente autoritária e violenta, que apoia invasões de propriedades rurais e urbanas, de escolas e universidades, bloqueios de estradas, para impor seus pontos de vista. Gente que acusa todos os que discordam de suas ideias de serem machistas, racistas e homofóbicos sem se darem ao trabalho de entender os argumentos apresentados, mesmo quando estes são baseados em dados estatísticos. 

Gente que não pensa com a própria cabeça, pois apoiava o PT oposicionista, nos anos 90, e continuou apoiando mesmo depois que os governos petistas fizeram tudo ao contrário do prometido na política econômica, na reforma da previdência, na área ambiental e na política de reforma agrária. 

Gente que não defende princípios éticos, mas apenas o partido. Ou seja, que pede a cassação de mandato de todos os políticos não petistas por qualquer acusação de corrupção, sem se importarem se esta é falsa ou verdadeira, mas que proclama a inocência dos petistas corruptos mesmo depois que estes já foram investigados e condenados. 

Gente que acusa os bolsonaristas de espalharem "fake news", mas que fazem propaganda dos "blogs sujos" financiados pela esquerda e que compartilham as "notícias" desses blogs tanto quanto podem.

Gente que cita e admira autores como Paulo Freire e Milton Santos, ambos defensores das ditaduras comunistas e do pelotão de fuzilamento como instrumento de política. 

Enfim, bolsonaristas com sinal ideológico trocado. Os cartazes "contra o fascismo" devem ser retirados das universidades, pois afrontam a lei eleitoral. E a esquerda universitária não tem moral nenhuma para chamar quem quer que seja de fascista. 

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sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Legado do PT sugere que Haddad não presta nem para voto útil

Não voto em Bolsonaro de jeito nenhum. Mas vou anular meu voto porque candidatos do PT não conseguem ser melhores do que Bolsonaro em nada! 

O PT ameaçou nossa liberdade, pois criou um esquema de suborno sistemático de parlamentares e tentou controlar a imprensa e a comunicação áudio-visual. Não conseguiu porque a "base alugada" (especialmente o PMDB) votou contra as propostas de instituição do CFJ e da Ancinav. E isso sem falar em várias medidas diplomáticas e econômicas concretas em favor de governos ditatoriais e de organizações brasileiras que usam de violência para fazer política, casos do MST e do MTST.

Nas áreas econômica e social, há quem se esforce para ver algum mérito especial nas gestões de Lula e Dilma. Uma matéria da BBC Brasil, escrita na época do impeachment de Dilma, seleciona as opiniões de alguns especialistas para fazer um balanço dos anos de poder petista (Cf.: O legado dos 13 anos do PT no poder). Sucintamente, posso apontar os seguintes problemas na matéria:
  1. A matéria destaca que a economia foi mal no governo Dilma, em parte, por causa da crise internacional. Mas não diz que a economia só foi bem no governo Lula por causa da conjuntura internacional favorável do período, visto que a política econômica de Lula foi a mesma do segundo mandato de FHC: câmbio flutuante, metas de inflação e de superávit primário.
  2. Realmente, nos anos 2003 a 2011, combinaram-se o crescimento da economia chinesa (que rebaixou os preços dos produtos industrializados e elevou os preços da soja e do minério de ferro) com um enfraquecimento do dólar no mercado internacional. Essa conjuntura explica os elevados superávits comerciais do período e também por que o governo Lula conseguiu praticar uma política prolongada de ampliação do crédito para consumo sem provocar pressões inflacionárias. 
  3. Ricardo Paes de Barros, Fábio Giambiagi e Alexandre Schwartzman já demonstraram, com dados oficiais, que o aumento do salário mínimo teve efeito significativo de redução da pobreza e da desigualdade no governo FHC, mas não nos governos petistas. No biênio 2004-2005, o potencial dos aumentos de salário mínimo para reduzir a desigualdade já estava esgotado. E os mais pobres são aqueles que trabalham no setor informal, sem carteira de trabalho assinada, de modo que os aumentos de salário mínimo não os beneficiam.
  4. A matéria cita os benefícios trabalhistas concedidos às empregadas domésticas como uma conquista do PT, mas a verdade é que, até hoje, cerca de 70% das empregadas continua trabalhando sem carteira.
  5. A queda da desigualdade de renda começou no governo FHC, com o Plano Real, e foi revertida no governo Dilma.
  6. O cotejo dos dados de desigualdade gerados pela PNAD, do IBGE, com as informações de arrecadação de Imposto de Renda mostram que, de 2006 a 2012, a concentração de renda aumentou! A matéria da BBC desconsiderou o fato de que as informações sobre renda obtidas por declarações de pessoas pesquisadas, como acontece no Censo Demográfico e na PNAD, subestimam a renda das pessoas de classe média e alta. Os dados da receita corrigem isso.
  7. O Bolsa Família não é uma política do PT, mas de FHC! O PT apenas unificou os programas de renda de FHC num programa só e expandiu o número de beneficiados. Ainda assim, a maior parte da queda da desigualdade observada no Brasil, desde a segunda metade dos anos 1990, se deve a transformações demográficas e no mercado de trabalho, sendo que nem todas têm relação com os governos recentes. A queda da fecundidade das mulheres de baixa escolaridade, por exemplo, começou na década de 1980, e teve impacto considerável na redução da pobreza.
  8. Os dados sistematizados pelo Gapminder World revelam que, nos governos do PT, o IDH se elevou mais devagar do que nos governos de FHC, mas a matéria da BBC sugere que houve uma grande conquista do PT nessa área.
Aqui estão alguns posts em que apresento os dados e as fontes que justificam as afirmações acima:

quinta-feira, 28 de junho de 2018

Coletivo ENCONTTRA usa de difamação para intimidar vozes discordantes na universidade

Fazendo uma pesquisa no Google, esbarrei com uma Carta Aberta para que a Universidade Continue Sendo um Espaço de Debate de Ideias. A carta foi assinada pelo Coletivo de Estudos sobre Conflitos pelo Território e pela Terra - ENCONTTRA, e publicado num blog em 27.03.2017.

A dita carta faz uma crítica a um post que eu publiquei neste blog, a saber: Professora da UFPR defende ensino doutrinador, mas diz que doutrinação não existe. Nesse post, eu fiz uma crítica às ideias expostas pela professora Mônica Ribeiro da Silva durante um debate realizado sobre a reforma do ensino médio, o qual acabou tratando também do movimento Escola Sem Partido - ESP. A minha crítica é a de que existe uma incoerência lógica nos argumentos da professora, a qual afirma não haver doutrinação no ensino brasileiro, mas, ao mesmo tempo, baseia-se num conceito marxista de ideologia como falsa consciência da realidade para propor que a escola cumpra um papel desideologizador. Nesse sentido, a professora afirma não haver doutrinação, mas propõe que a escola tem a função de inculcar na cabeça dos alunos que as teorias críticas do capitalismo são verdades científicas e que toda afirmação em contrário deve ser vista como uma mentira, uma ideologia útil a interesses de classe particulares.

Acusação sem prova

Muito bem. Qual foi o argumento que o ENCONTTRA apresentou em sua Carta para se opor à minha crítica? Nenhum! O que o Coletivo ou Grupo de Pesquisa escreveu foi isto:
[...] fomos informados pela profª. Mônica Ribeiro da Silva que o prof. Luís Lopes Diniz Filho, docente do curso de Geografia, que estava entre o público presente na ciranda, fez uma postagem no seu blog no qual fazia ataques pessoais à professora. A postagem ocorreu no dia 14 de março (ver no endereço do Blog Tomatadas: http://tomatadas.blogspot.com.br/) e foi publicado em outro blog de forma mais ofensiva ainda no dia 21 do mesmo mês (ver no endereço do Blog Vista Direita: http://www.vistadireita.com.br/blog/professoradoutrinadora-da-ufpr-e-pega-no-pulo/).
Ora, já que eles ignoraram o que eu escrevi e fizeram eco à acusação da professora de que eu teria agido de forma ofensiva, por meio de ataques pessoais, o mínimo de honestidade intelectual que se poderia esperar do Coletivo era que reproduzisse as passagens do meu texto que conteriam as supostas ofensas e ataques, não é mesmo? Mas a honestidade passou longe da tal Carta! Em vez de provarem a acusação que fizeram, prosseguiram dizendo isto:
[...] em nossa avaliação, as ações realizadas pelo prof. Diniz Filho não contribuem para o bom, amplo e livre debate e fortalecimento da democracia institucional. Pelo contrário, prejudica a todos, inclusive a ele mesmo e ao próprio Departamento e Curso onde trabalha, na medida em que outros profissionais convidados pela casa podem declinar convites para palestras e debates, pois podem
ter receio de sofrerem ataques pessoais deste tipo. Como o que sofreu a profª. Mônica, com uma exposição pessoal e unilateral nas redes sociais, onde uma única versão é colocada a público, após um debate público.
A passagem acima é mentirosa, hipócrita e incompatível com o espírito do debate acadêmico.

Mentirosa porque eu não fiz nenhum ataque pessoal, o que fica provado pelo fato de o próprio grupo não haver citado qual foi o ataque. Mentem sobre ataques e ofensas que não existiram para desqualificarem minhas ideias, e a mim como debatedor, sem argumentar. E a carta mente também quando afirma que eu expus a professora e de forma unilateral. Na verdade, eu expus as ideias da professora sobre o ESP, isso sim. E, justamente por eu haver reproduzido as ideias que ela expressou durante o debate público em questão, é falsa a acusação de que eu fui unilateral. Eu dei voz à professora, sim - até porque, como eu conseguiria apontar uma incoerência no discurso dela sem antes reproduzir o que ela disse?

Portanto, a professora Mônica e o ENCONTTRA poderiam fazer uma crítica séria e construtiva se demonstrassem que eu reproduzi incorretamente as falas feitas pela professora no debate. No entanto, nem ela, nem o ENCONTTRA apresentaram qualquer reparo ao que eu escrevi sobre isso! Não houve unilateralismo da minha parte e nem distorção.

E a Carta é hipócrita porque condena o unilateralismo, mas, ora vejam, o "debate-ação" (sic) sobre a reforma do ensino médio organizado pelo ENCONTTRA foi claramente unilateral! Eu apontei isso logo no começo do meu post, ao escrever: "como é de praxe nos eventos de Geografia, os três debatedores convidados tinham as mesmas opiniões sobre o tema, informadas por teorias e ideologias de esquerda radicais. Então, só houve debate durante a sessão de perguntas que se seguiu às exposições porque eu participei do evento, visto que, a julgar pelas perguntas não dirigidas a mim, ninguém discordou de nada!".

ENCONTTRA é contra o livre debate de ideias

Finalmente, a carta demonstra que o ENCONTTRA não suporta a crítica acadêmica e o debate de ideias. E digo isso por uma razão muito simples: não há nada mais natural e mais salutar num debate acadêmico do que indicar as fontes consultadas, e isso nada tem a ver com exposição pessoal de um autor. Afinal, se a fonte é um artigo científico, um livro ou uma fala proferida num evento, não há como citar a fonte sem dizer quem é o autor, ora essa! É por isso que, quando algum acadêmico critica meus escritos publicamente, ao invés de me fingir de vítima, eu redijo uma resposta.

Prova inequívoca disso é que a professora Ana Fani Alessandri Carlos fez críticas pesadas a um artigo meu durante uma conferência que ela proferiu num evento internacional (chegou a dizer que eu desconheço o assunto), críticas essas que foram reproduzidas em sites e também em revista especializada. E o que eu fiz? Escrevi uma resposta, a qual saiu publicada no primeiro capítulo do livro Por uma crítica da geografia crítica.

Isso, sim, é fazer um debate acadêmico e democrático de ideias. Então, se algum professor disser que não vem dar palestra no Departamento onde eu trabalho por ter medo de ser criticado no meu blog, fica claro que esse professor, ou tem receio de não saber que argumentos usar para contrapor aos meus, ou é alguém avesso ao debate de ideias, alguém que quer falar sem ser contestado.

Mais imposturas na Carta

Perto do fim, a Carta diz: "é fundamental que debatamos amplamente no nosso Curso
esse tipo de postura antiética".

Ora, se o ENCONTTRA achasse fundamental debater o assunto, bastaria que o professor Jorge Ramon Montenegro, que é coordenador do Grupo de Pesquisa com esse nome, e que era Vice-Coordenador do Curso de Geografia da UFPR na época da publicação da Carta (hoje ele é Coordenador) propusesse isso como tema de pauta de uma de nossas reuniões de Colegiado. Se acaso ele não o fez, é porque o ENCONTTRA não quer debater coisa nenhuma. Ao contrário, querem que eu seja chamado de antiético na internet sem saber que estou sendo acusado disso e sem me dar, portanto, a chance de contra-argumentar.

O ENCONTTRA usa de mentira e difamação para intimidar vozes discordantes dentro da  universidade e, ao mesmo, se vale dessas mesmas mentiras e difamações para fazer vitimismo e dizer-se democrático. E não vou nem comentar agora a posição do ENCONTTRA sobre as invasões de escolas e de universidades ocorridas em 2016.

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