domingo, 15 de março de 2015

Impeachment: relação entre teoria e prática faz dos intelectuais hipócritas


Marx e seus seguidores proclamam: "a verdade da teoria é a prática social". A maioria dos intelectuais brasileiros, ao menos na área das ciências humanas e sociais, concorda com Marx e é aliada do PT. O resultado disso, especialmente num contexto de inegável malogro das teorias de esquerda, é que os intelectuais agem de forma tão hipócrita quanto o partido e os "movimentos sociais" que eles apoiam.

Realmente, nossos doutores em economia, filosofia, geografia, sociologia, etc., foram a favor do impeachment de Collor (e ele mereceu mesmo perder o cargo), mas não pelos motivos certos. Intelectuais petistas não se preocupam com a corrupção ou com decoro do cargo. Tanto que, agora, usam a imprensa e as redes sociais para defender Dilma, mesmo com o tsunami de lama que vem devastando as estatais brasileiras desde a chegada de Lula ao poder e mesmo com todas as evidências de que  Lula e Dilma, no mínimo, sabiam de tudo e nada fizeram. 

Então, já que não posso escrever muito, dedico a imagem acima a Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo, Marilena Chauí, Emir Sader e tantos outros que, no afã de integrar suas teorias fracassadas com uma prática política transformadora, não conseguem fazer mais do que reproduzir a hipocrisia desses militantes de partidos e de "movimentos sociais" de esquerda que julgam a ética dos governantes conforme as conveniências de sua causa... e de seus bolsos. 

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2 comentários:

  1. Diniz, ao que me parece há uma diferença crucial aqui. No caso do Collor, tinha que ter impeachment mesmo (ainda que eles tenham pedido pelas razões erradas como você ressaltou, ou ainda que, juridicamente falando, segundo diversos juristas, não foi legalmente legítimo aquele impeachment – isso ainda pretendo compreender) e, no caso do FHC, salvo engano, não estava colocada de fato e efetivamente a possibilidade do impeachment, o "fora FHC" era mais uma palavra de ordem, um lema. Assim como eram os "fora Lula" "fora PT" ou "fora Dilma" que abundavam por aí até o início deste ano, quando a possibilidade, nesse momento bastante infundada ao que parece, de impeachment não estava de fato colocada. Até então não me lembro de ninguém chamar essas pessoas de golpistas por gritarem fora isso ou fora aquilo. Agora, na conjuntura atual houve mudanças e há grupos efetivos e crescentes pedindo absurdos como intervenção militar e incoerências como impeachment sem base legal. Portanto, no contexto atual, quem diz "fora Dilma, PT, etc" não está apenas bradando um lema, uma palavra de ordem de sentido simbólico e não efetivo, mas sim está se juntando e fazendo eco àqueles que pedem um impeachment anti-democrático e, em última instância, golpe militar (sem eufemismo) pois estes também saem fortalecidos com pedidos de tal ordem. Dessa maneira, acabam, querendo ou não, fazendo coro aos golpistas, ainda que não necessariamente o sejam (supondo que nem todos que gritam “fora...” de fato estejam propondo uma saída que nesse momento seria golpe). Então o que muda é o contexto, pedir “Fora Dilma” em um contexto onde não está colocada a possibilidade golpista de impeachment ou intervenção é uma coisa, já gritar essas mesmas palavras de ordem num contexto em que elas favorecem grupos golpistas é outra coisa. A propósito, não estou defendendo a inocência do governo, considero legítimo e positivo o dia 15 de Março de 2015 no sentido de expressar a insatisfação da população com o atual governo e seu (da insatisfação da população) caráter gregário, não elitista, ao contrário do que querem nos imputar os petistas hipócritas (desculpe o pleonasmo), mas não no sentido de dar força a grupos extremistas e espalhar desinformação e ignorância política em prol de ter mais apoio (veja-se a página revoltados on-line que é tão mentirosa como qualquer blog petista fajuto). A propósito 2, um amigo do facebook, ao ser questionado por espalhar uma frase mentirosa pelo revoltados on line em que Eduardo Cunha se dizia propenso a abrir o processo de impeachment, a justificou dizendo que é legítimo utilizar-se de artifícios para convencer a massa a tomar uma opção saudável a todos, apesar de isso “soar maquiavélico”, ao que eu respondi soar é desonesto, isso sim, apenas ressalto ser esse tipo de tática infelizmente muito crescente em todos os movimentos políticos de nosso triste país, sejam à direita ou à esquerda. A manifestação do dia 15, infelizmente, e apesar de toda sua legitimidade e até mesmo eu diria necessidade, também se enquadra nisso.

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    1. Quando lemos o documento "Denúncia por Crimes de Responsabilidade Contra o Sr. Presidente da República, Fernando Affonso Collor de Mello", que serviu de base para a votação que derrubou ele, fica claro que já existem razões mais do que suficientes para, no mínimo, abrir investigação contra Dilma Rousseff. O documento citado está no link abaixo:

      http://imagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/DCD03SET1992SUP.pdf

      Então, se o PT apoiou o impeachment de Collor e agora fala em "golpe", temos aí nada mais nada menos que a enésima demonstração de hipocrisia suja típica de políticos e simpatizantes do PT. Já existem motivos de sobra para investigar Dilma do mesmo modo que Collor foi investigado: quebra de sigilos fiscal, telefônico e bancário. E, se confirmada alguma das mil denúncias já arroladas oficialmente, abrir processo de impeachment com as mesmas alegações de motivos feitas em 92, conforme o documento acima citado.

      Além disso, cumpre dizer que o "Fora FHC" não foi simplesmente "um lema, uma palavra de ordem de sentido simbólico e não efetivo", conforme você escreve, leitor. Quando veio a crise econômica de janeiro de 1999, Tarso Genro apareceu na televisão pedindo a renúncia de FHC por suposta incapacidade para continuar governando. Nessa época, conforme frase que eu reproduzi na barra lateral do blog, José Dirceu e outros políticos petistas defendiam abertamente que FHC deveria renunciar ou então ser submetido a processo de impeachment, posto que a crise estaria tornando o país ingovernável!

      Portanto, quando as milícias facistóides do PT, CUT, MST, UNE e outros "movimentos sociais" bradavam "Fora FHC" nas ruas, era no intuito de convencer a opinião pública de que o país estava ingovernável mesmo para forçar FHC a renunciar ou o Congresso a abrir processo de impeachment.

      Então, se nunca chegou-se a abrir processo de impeachment contra FHC, foi porque não havia denúncia de corrupção à época que justificasse isso e também porque a conversa de ingovernabilidade era uma mentira que não colou. O "Fora FHC" foi uma tentativa de golpe, sem sobra de dúvida, mas, como ninguém comprou a ideia de ingovernabilidade, os hipócritas ficaram só no grito.

      E dizer que existe um movimento crescente e significativo de pessoas pedindo intervenção militar é falso. São grupos absolutamente minoritários e inexpressivos. Ademais, conforme pesquisa publicada no livro "A Cabeça do Brasileiro" (já comentado neste blog) as pessoas que tendem a ser mais tolerantes com a corrupção e mais favoráveis à censura à imprensa são as pessoas de baixa escolaridade. Justamente o grupo que elegeu Dilma e que menos tem comparecido às ruas para protestar contra o governo!

      Portanto, se quisermos defender a democracia e o Estado de Direito, o brado que deve ecoar mais alto nas passeatas é este: "Fora, Dilma". Nenhum grupo golpista vai se beneficiar disso, pois, na hipótese de as investigações serem feitas, e provarem os mal-feitos, o novo presidente será Michel Temer, do mesmo modo que o presidente empossado depois da queda de Collor foi o Itamar Franco.

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