Estive em São Paulo neste final de semana para participar da festa de aniversário do meu sobrinho, e verifiquei pessoalmente o estrago que baderneiros com motivações ideológicas e/ou partidárias de esquerda deixaram em agências bancárias da Avenida Paulista. Tudo indica que, agora, a estratégia da esquerda radical e/ou diretamente aliada ao PT é arranjar desculpas para mobilizações que tenham potencial para desgastar a imagem do governador tucano sem prejudicar Dilma e Haddad, tal como ocorreu nas arruaças de junho. Com efeito, o motivo alegado para a mobilização da última sexta, que acabou outra vez em vandalismo, é que se tratava de um ato político de solidariedade aos protestos contra o governador do Rio de Janeiro (ver aqui).
Bingo! Geraldo Alckmin é desgastado justamente na área da segurança pública, aquela em que os tucanos paulistas têm resultados excelentes para exibir - queda vertiginosa dos índices que medem criminalidade -, e sem que qualquer cobrança de combate à corrupção e de melhoria da qualidade de políticas públicas caia no colo das gestões municipal e federal.
Como de hábito, um noticiário da TV disse que se tratava apenas de meia dúzia de "infiltrados" num "movimento" que seria democrático! Ao conversar com meus parentes e amigos a respeito, vi que, embora estivessem contra os baderneiros ideológicos, como já era de esperar, reclamavam do governador por não conter a situação. Até que ponto foi uma opinião restrita às pessoas com quem conversei ou uma visão compartilhada com milhares de eleitores, só as pesquisas podem dizer, mas é certo que algum efeito de desgaste foi alcançado com essa estratégia. Os editorialistas de certos noticiários televisivos parecem não se tocar que os tais "infiltrados" agiram em coerência com o autoritarismo de esquerda e de forma muito conveniente para os interesses dos adversários políticos do PSDB, posto que, dada a desculpa esfarrapada que arranjaram para ir às ruas de São Paulo, qualquer ato de vandalismo só poderia prejudicar o governador tucano, e ninguém mais.
Ah, mas aí vão dizer que o vandalismo foi promovido por grupos anarquistas repudiados pelo grosso dos manifestantes, e esses anarquistas não são aliados do PT e nem de qualquer outro governo. Sobre isso, deve-se lembrar que: a) o anarquismo é uma corrente de esquerda, o que só confirma o teor ideológico da violência a que se tem assistido desde junho - especialmente considerando que, já no século XIX, certas vertentes anarquistas usavam estratégias de ação direta (i. e., terrorismo) e até flertavam com o crime comum; b) os ativistas que inventaram de protestar na Avenida Paulista contra o governador do Rio de Janeiro (!) sabiam muito bem que os anarquistas tupiniquins já haviam barbarizado nas manifestações anteriores e sabiam também que a polícia está sendo contida por causa da repercussão negativa de sua ação naqueles episódios; c) logo, os organizadores dessa manifestação de apoio podiam prever facilmente que os anarquistas iriam aproveitar essa nova chance de promover depredações; d) a suposição de que teriam sido apenas anarquistas que fizeram vandalismo ideológico desvia a atenção do fato de que, como a mobilização foi convocada com base numa desculpa para lá de esfarrapada, qualquer violência que viesse a acontecer seria benéfica para os partidos adversários do PSDB.
Estou fazendo teoria conspiratória? Não, estou tirando conclusões lógicas com base em três conjuntos de fatos que não precisam da própria teoria para estarem interligados, a saber: o perfil ideológico das mobilizações que, desde junho, vêm provocando violência no país; os efeitos devastadores que aquelas primeiras ondas de arruaça, centradas na proposta de redução das tarifas de transporte, entre outras demandas, tiveram sobre os índices de aprovação das gestões de Dilma e Haddad; por fim, a alegação de motivos divulgada para a marcha da última sexta-feira, a qual livra a cara destes últimos e coloca Alckmin às voltas com o problema de conter a violência ideológica que, mais uma vez, deu as caras.
Devemos cobrar que a polícia detenha os vândalos no ato, como fez o Estadão diante da baderna da última sexta (ver aqui). Mas sem esquecer que tal cobrança não ataca a raiz do problema, visto que, se a polícia está acuada, é por causa da tolerância de amplos setores da sociedade com os desmandos da nossa esquerda, ou até na legitimação da violência ideologicamente motivada, como no caso dos professores "críticos". É isso o que tenho feito neste blog.
EM TEMPO - Pesquisa CNI/Ibope mostra que o partido mais beneficiado com a derrocada da popularidade do governador do Rio, Sérgio Cabral, é o PT, na medida em que isso fortaleceu a candidatura de Lindberg Farias. É o que relata Fabio Campana.
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