sábado, 3 de agosto de 2013

Acreditar no Movimento Passe Livre é roubada!

Já critiquei muito o MPL por conta dos seus discursos e estratégias políticas de tipo chantagista, próprias das forças de esquerda mais autoritárias e violentas, como MST e seus congêneres radicais, o anarquismo bakuninista e os movimentos revolucionários que redundaram nas ditaduras comunistas. Agora, vou pôr em destaque um ótimo texto para demonstrar, com base em informações técnicas, que o MPL usa também a tática leninista e nazista de mentir de forma repetida e descarada até que a mentira se torne verdade.

De fato, os pós-adolescentes do MPL podiam ter a honestidade de dizer que defendem o subsídio integral para as passagens por acharem que esse seria o primeiro passo para uma economia totalmente estatizada, nos moldes do socialismo. Mas não! Eles preferem disfarçar essa bandeira com o uso da expressão "Direito à Cidade" - muito cara aos geógrafos, por sinal (Diniz Filho, 2013) - e ainda dão a entender que, se todos pagássemos pelo transporte público integralmente com o dinheiro dos impostos, não pela compra de passagens, os custos seriam menores e o sistema mais "justo". É o que acontece toda vez que a passagem de ônibus sobe, pois, independentemente de qual foi o valor do aumento, essa turma vai às ruas segurando cartolinas com dizeres do tipo "é um roubo" ou "tantos Reais de aumento é um roubo", ou ainda, "Tantos Reais já é roubo".


Todavia, estimativas elaboradas pelo geógrafo Fernando R. F. Lima com base nos dados da Companhia de Urbanização de Curitiba - URBS, revelam que o principal fator a encarecer as tarifas de ônibus não são os lucros das empresas e nem os impostos, mas sim o número de pessoas que não pagam para andar de ônibus ou que só pagam meia tarifa!

Os dados que embasam essa avaliação constam do texto Estimativa dos Custos de Transporte em Curitiba. Abaixo, reproduzo o parágrafo que detalha a conclusão mencionada acima:
[...] removendo a gratuidade da conta, que inclui as passagens gratuitas dadas a doentes, idosos, operadores do sistema, carteiros e policiais, além da meia passagem a estudantes, a passagem de ônibus passaria a custar R$ 1,49, ou R$ 1,35 com o subsídio. No sistema de ônibus de Curitiba, apenas 50% dos usuários do transporte pagam a passagem, pode conferir aqui. Isso significa que os usuários pagantes pagam o dobro do que deveriam para manter as gratuidades do sistema.
As tarifas são encarecidas principalmente por haver muitos usuários de ônibus que não pagam passagem ou que pagam só a metade! O problema do Brasil, assim como do conjunto da América Latina, não está nas supostas "perversidades do capital" denunciadas por organizações como o MPL e pelos professores dos seus militantes na universidade, mas sim no paternalismo estatal, que vive a criar distorções e injustiças com subsídios que beneficiam uma parte da sociedade em detrimento da outra. Afinal, "não existe almoço grátis"!

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DINIZ FILHO, L. L. Por uma crítica da geografia crítica. Ponta Grossa (PR): Editora da UEPG, 2013.

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2 comentários:

  1. Aqui no Rio, a situação é semelhante. Para 3,5 milhões de passageiros transportados, temos 780 mil gratuidades. A conta resulta em 22% de não-pagantes, que precisam ser compensados de alguma forma. Não entro no mérito da necessidade das gratuidades ou nas formas de compensação (subsídio direto, cruzado, redução de impostos), mas é fato que alguém arcará com tal despesa.

    Além desse fato, a discussão do "R$ 2,95 são um roubo" já nasce enviesada. É obrigação do poder público prever e autorizar o reajuste das tarifas de qualquer natureza, até para garantir a rentabilidade da operação e tornar possíveis futuros investimentos. Congelar o aumento pode ser benéfico em um primeiro momento, mas ele terá de ser realizado posteriormente. O que falta é uma atuação do poder público para garantir um mínimo de qualidade ao serviço prestado pelas empresas de ônibus.

    Em relação ao Movimento Passe Livre, ele representa um outro problema sério do Brasil: a paixão por soluções mágicas. Pensar na tarifa nula é muito bonito, mas como a idéia se aplica a uma metrópole brasileira? Quem pagará por isso? Quanto será necessário? A sociedade aceitará o ônus proposto? Sem tais respostas, toda a discussão produz muito calor e pouca luz.

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    1. Obrigado pelo seu comentário e pelas informaões sobre o Rio.

      De fato, esse tipo de solução mágica prospera em países como o Brasil por conta da concepção (muito disseminada, especialmente entre a população de baixa escolaridade) de que o Estado é o responsável por produzir e distribuir riquezas, além de fazer "justiça social" - seja lá o que isso significa. Mas o resultado é que o Estado distribui direitos que oneram parte da sociedade em benefício da outra, gasta horrores com subsídios e, mesmo assim, sempre aparecem grupelhos que exigem mais subsídio ainda...

      Tudo isso só serve para acumular distorções! Situação lamentável.

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