sábado, 14 de setembro de 2013

PT vive de torturar estatísticas para fazer propaganda enganosa

Chegando ao poder em nível federal, o PT realizou um aparelhamento de Estado de proporções inéditas na história brasileira, tendo em vista que milhares de petistas e de aliados do partido em sindicatos ganharam cargos públicos. Como parte desse processo, as instituições de pesquisa começaram a atuar com um viés não republicano, na medida em que o teor técnico dos trabalhos produzidos começou a ser contaminado pelos interesses do partido no poder e de seus aliados ideológicos. 


Um bom exemplo disso é a Pesquisa de Orçamentos Familiares - POF. Em 2004, segundo ano do primeiro mandato de Lula, o IBGE divulgou os resultados da POF 2002-2003, o que acabou criando um constrangimento enorme para esse populista. É que os dados dessa pesquisa mostravam a inutilidade do Fome Zero, programa anunciado com grande estardalhaço em 2003 - embora nunca tenha chegado a sair do papel. Aquela edição da POF mostrou de forma inequívoca que a exposição à desnutrição já era baixíssima quando o programa foi lançado, pois atingia apenas 1,6% da população feminina adulta pertencente ao quinto mais pobre da população. Inconformado, Lula fez um discurso estúpido sobre o assunto, no qual afirmou que as pessoas pobres tinham vergonha de dizer aos pesquisadores do IBGE que passavam fome. E acrescentou que havia muita gente sofrendo de "fome gorda", que seria um excesso de peso provocado por uma dieta rica em carboidratos, mas pobre de vitaminas, sais minerais e/ou proteínas.

Assim como em relação a qualquer outro assunto, ele falou do que não sabia: a POF se baseia em medidas antropométricas, isto é, no uso de balanças e fitas métricas para tirar medidas dos pesquisados, as quais são usadas para calcular seus respectivos índices de massa corporal - IMC. Logo, não há como subestimar os casos de desnutrição, já que a POF não é uma pesquisa de opinião! Além disso, a POF também avalia a disponibilidade de comida dentro dos domicílios, anotando a quantidade e tipo de todos os alimentos comprados pelas famílias para consumo em casa durante o mês. Portanto, a POF é capaz de detectar a tal "fome gorda" se ela existir, mas os dados para 2002-2003 provaram que a alimentação dos mais pobres é variada e saudável! 

Foi assim que, revoltados com as barbaridades ditas por Lula, funcionários do IBGE fizeram um evento de caráter técnico, já na época, para explicar a metodologia da pesquisa e alertar que ele estava falando besteiras. Foi uma saudável e democrática reação de um corpo técnico competente à desqualificação que foi feita do seu trabalho, bem como uma correção pública das desinformações espalhadas por Lula.

Assim, a resposta menos ruim que o PT conseguiu arranjar para a POF 2002-2003 só veio em 2006, quando o IBGE divulgou os resultados de uma pesquisa de segurança alimentar feita de encomenda para justificar o marketing montado em torno do Fome Zero. Mas não vou explicar aqui todos os muitos problemas metodológicos dessa pesquisa, pois trata-se de uma exposição longa demais para um post. Ressalto apenas que o conteúdo enganoso da pesquisa já começa com o uso que faz do conceito de segurança alimentar, o qual se refere a problemas de saúde, ocasionados por alimentação inadequada, que os instrumentos da pesquisa não conseguem captar! Com efeito, as pesquisas de segurança alimentar não usam medidas antropométricas e nem levantamento direto do tipo e quantidade dos alimentos consumidos (os únicos dados que realmente permitem aferir se uma pessoa tem alimentação inadequada ou não), pois se baseiam em entrevistas nas quais as pessoas pesquisadas expressam opiniões subjetivas sobre a sua alimentação e de sua família - e, o que é pior, fazem isso por meio de um questionário que tende a superestimar a frequência das situações que a pesquisa conceitua como "passar fome" (Diniz Filho, 2013, p. 84-88).

O estudo sobre segurança alimentar foi ruim, mas serviu bem para enganar quem não leu a metodologia da pesquisa e, por isso, acreditou em noticiários televisivos que se baseavam nela (embora sem citar a fonte), para bradar que o Brasil tinha 14 milhões de pessoas passando fome. Sendo assim, os governos petistas bem que poderiam ter se dado por satisfeitos. Mas não! Mesmo assim, o PT ainda fez questão de contaminar a edição seguinte da POF, com dados para o período 2008-2009, com propaganda favorável às ações do governo e aos seus projetos. Trato desse tipo pernicioso de aparelhamento em outro post, que este aqui já vai longe.

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DINIZ FILHO, L. L. Por uma crítica da geografia crítica. Ponta Grossa: Editora da UEPG, 2013.

Um comentário:

  1. Nossa Diniz, meu coração não aguenta tanta emoção. Fico muito feliz em poder ter ajudado nossa nação!!!!!!!!!!! Um novo caminho começa para nós!

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