Acho que nunca fiquei tanto tempo sem publicar post novo. É que os últimos dias foram corridos, entre outras razões, pelos preparativos finais para a publicação do livro Por uma crítica da geografia crítica, pela Editora da UEPG. Essa obra complementa os trabalhos que publiquei sobre a geocrítica desde 2001, conforme eu explico resumidamente no texto que acabei de preparar para a contra capa. Assim, decidi compartilhá-lo com os leitores deste blog, conforme segue:
Ruy Moreira afirma e insiste que a
geografia crítica nunca existiu como corrente de pensamento. Por sua vez, Ana
Fani assegura que a geocrítica existe, mas lamenta que, depois das conquistas
teóricas dos anos 70 e 80, entrou em refluxo. Enquanto isso, geógrafos de
projeção, como Rogério Haesbaert e Marcelo Lopes de Souza, recusam o rótulo de
geocríticos e afirmam não ter a preocupação de classificar seus trabalhos em
qualquer corrente. Mas estão todos errados. A geocrítica não só existiu como está
mais forte do que nunca, sendo hegemônica na geografia brasileira atual. Tanto
que Haesbaert e Souza reproduzem os pressupostos da geocrítica em seus
trabalhos e, mesmo assim, não se assumem como geocríticos e nem são vistos
desse modo por seus pares. O motivo disso é que, hoje, as teses da geocrítica são
vistas como verdades tão óbvias que culpar o capitalismo e a democracia
representativa pela violência urbana, pela pobreza, por problemas ecológicos ou
de qualquer outro tipo é o mesmo que dizer “Cabral chegou ao Brasil em 1500”.
Nesse contexto, a missão deste livro é demonstrar a hegemonia da geocrítica no
cenário contemporâneo e analisar criticamente seus pressupostos
teórico-metodológicos e políticos, manifestos na pesquisa acadêmica, nas
propostas de planejamento e também no ensino. Trata-se, pois, de um convite a
refletir sobre o que foi e o que é essa tendência da geografia que se fez
dominante ao ponto de tornar-se quase invisível.
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