Uma das grandes tiradas do humorista Groucho Marx diz que "a política é a arte de buscar problemas, encontrá-los, fazer um diagnóstico falso e aplicar depois os remédios errados". Se repararmos bem, a ONU, nada mais do que uma "estatal mundial", na expressão do geógrafo Wanderley Messias da Costa, age exatamente dessa forma, mesmo quando se apoia em indicadores quantitativos.
Realmente, uma das mais explícitas tentativas da ONU e de governantes de vários países para fazer política marxista (marxismo de Groucho, mas talvez essa expressão sirva também para falar dos seguidores do velho Karl...) são os estudos para construir um índice de felicidade. Seguem trechos de uma boa matéria a respeito:
Realmente, uma das mais explícitas tentativas da ONU e de governantes de vários países para fazer política marxista (marxismo de Groucho, mas talvez essa expressão sirva também para falar dos seguidores do velho Karl...) são os estudos para construir um índice de felicidade. Seguem trechos de uma boa matéria a respeito:
A proposta de um índice global de felicidade será um dos temas da Rio+20, a conferência da ONU sobre desenvolvimento sustentável que ocorrerá em junho, no Rio de Janeiro. Será o auge de um movimento que tem ganhado força nos últimos anos. Em 2008, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, encomendou um estudo sobre formas de medir o bem-estar da população, como uma alternativa ao que chamou de "culto ao mercado e aos resultados econômicos positivos a qualquer custo". A equipe responsável pela pesquisa incluía dois ganhadores do Prêmio Nobel de Economia: o americano Joseph Stiglitz e o indiano Amartya Sen. O governo dos Estados Unidos também começou a elaborar seu próprio relatório de felicidade nacional, sob o aconselhamento de outro Nobel de Economia, Daniel Kahneman. No Brasil, os economistas Fabio Gallo e Wesley Mendes criaram o Núcleo de Estudos da Felicidade na Fundação Getulio Vargas e começaram as pesquisas para fazer um índice adaptado à realidade brasileira.É bom lembrar que as críticas de Sarkozy contra o suposto "culto ao mercado" e seu apelo à necessidade de considerar os custos do desempenho econômico são exatamente os mesmos argumentos que, desde antes, serviram de justificativa para a construção do Índice de Desenvolvimento Humano - IDH. Nesse sentido, devemos concluir que o IDH não cumpriu seu objetivo? Se considerarmos que o IDH dos países varia de acordo com a renda per capita, fica claro que, a rigor, o IDH é dispensável como medida da evolução da qualidade de vida ao longo do tempo. Ou será que o índice de felicidade se justificaria pela necessidade de uma medida de qualidade de vida que abranja mais dimensões além da saúde, educação e renda? Vejamos mais um pouco da matéria:
[...] Apesar da proliferação de pesquisas sobre a economia da felicidade, há uma corrente expressiva de economistas que consideram a construção de um índice de felicidade uma mera perfumaria acadêmica. Uma das limitações do índice é justamente sua almejada transformação em instrumento de planejamento de políticas públicas. Nenhum pesquisador conseguiu até agora dizer, com clareza, de que maneira um Estado pode melhorar a assistência à população ao saber que o nível de felicidade é 2 ou 8 numa escala de 0 a 10.
[...] "Os estudos sobre a felicidade não conseguem dizer o que deixa as pessoas felizes, mas mostram o que as deixa infelizes: desemprego, falta de oportunidades, doenças, incapacidade de educar os filhos. Para resolver a maioria desses problemas, as autoridades já têm mecanismos suficientes com os indicadores atuais", afirma o economista americano Justin Wolfers, da Universidade da Pensilvânia, autor de uma pesquisa que associa a felicidade diretamente a um melhor padrão de vida. "Basta querer e agir no ponto certo." Um índice de felicidade, pelo menos da maneira como as pesquisas vêm sendo conduzidas até agora, daria uma contribuição ínfima para a melhoria de serviços públicos, campo em que os governos têm capacidade de interferir diretamente na qualidade de vida de um cidadão – e indicadores socioeconômicos só justificam sua existência quando são úteis na formulação de políticas públicas (Cf.: A utopia dos índices de felicidade).
Comentei em textos recentes que o Estado moderno, desde o século XVIII, vem fazendo uso das ciências sociais para legitimar suas ações. A ciência econômica em formação à época ensinou que o Estado cumpre bem esse papel quando deixa os indivíduos livres para construir sua felicidade, entendida como a satisfação de desejos individuais, por sua própria conta. É uma lição bastante sábia, considerando a imprecisão e polissemia da palavra felicidade, bem como a variabilidade infinita dos desejos pessoais.
Nesse sentido, usar um conceito tão fugidio e subjetivo quanto o de felicidade para designar um objeto científico supostamente passível de ser examinado com indicadores quantitativos é um esforço marxista (em referência ao Groucho) para encontrar problemas, fazer diagnósticos forçosamente falsos e aplicar remédios errados ou inúteis para resolvê-los. Mas os economistas que ajudam governos e organizações políticas paquidérmicas como a ONU a legitimar a pretensa capacidade do Estado de fazer as pessoas felizes ganharão muitas verbas para pesquisa. E não lhes faltarão prêmios como o Nobel...
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