terça-feira, 24 de maio de 2016

Agricultor familiar prefere plantar fumo a fornecer verdura para a merenda escolar

Uma das muitas aberrações do Brasil atual é o discurso de que a agricultura "camponesa" não age movida pelo interesse em obter lucros, mas sim pelo objetivo de reproduzir seu modo de vida, o qual se adaptaria ao capitalismo de forma "contraditória". Em função disso, haveria uma "lógica da produção camponesa" que, contrariamente à "lógica do agronegócio", estaria orientada para a produção de alimentos saudáveis de forma ambientalmente sustentável e destinados ao consumo no mercado interno.

Mas como os "pesquisadores" que estudam o agro com esses parâmetros explicam o fato de que a maior parte da produção de tabaco é realizada pela agricultura familiar? Bem, ou eles simplesmente omitem esse fato - tal e qual acontece nas tabelas do suplemento especial do Censo Agropecuário 2006 sobre agricultura familiar -, ou então sugerem que o produtor familiar muitas vezes planta fumo por falta de opção. Noutros termos, justificam suas explicações apriorísticas com uma racionalização ad hoc segundo a qual muitos "camponeses" se vêm forçados a assimilar a "lógica capitalista", ao menos parcialmente, como estratégia para resistir no meio rural.

sábado, 14 de maio de 2016

O que esperar do governo Temer: de volta à Era da Mediocridade

Se Michel Temer levasse a sério combate à corrupção, eficiência administrativa e modernização da economia, jamais teria passado 13 anos apoiando e até participando dos governos do PT. E é sabido que o PMDB não passa de uma agremiação fisiológica e patrimonialista que apoia qualquer governo em troca de cargos e que, por isso mesmo, escolheu o PT como seu aliado preferencial, nas últimas quatro eleições. 

De fato, o PT é um partido que investe no agigantamento do Estado, por razões tanto ideológicas quanto corporativistas e fisiológicas. O melhor negócio para o PMDB, apesar de o apetite petista por cargos e verbas ser tão grande quanto o peemedebista, era apoiar o PT. Só deixou de ser bom negócio quando as multidões tomaram as ruas para exigir "Fora, Dilma"...

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Professores acham que propaganda do PT é conteúdo escolar

Mais uma vez, uma professora de geografia manda e-mail para o Escola Sem Partido - ESP, e o coordenador do site, Miguel Nagib, me encaminhou cópia para que eu analisasse. Ela diz o seguinte:
Sou professora de geografia e uma aluna fez um trabalho de pesquisa sobre o desenvolvimento do Brasil nos últimos anos. Esses são os dados. Após uma leitura cheguei a conclusão que os alunos não são tão "tapados" como vocês pensam e poderiam deixar de lado essa frescura de escola sem partido, e trabalharem em coisas mais produtivas para o Brasil. Como professora de geografia sou muito técnica não caio em historinhas mal contadas, porque entendo que quando se conta uma história se leva em conta as nossas percepções etc, os números falam mais alto e não pude deixar de comentar, dentro do conteúdo de geografia o período da ditadura, o governo Sarney, Itamar, FHC e o governo Lula. E agora o que fazer? Não posso ser chamada de partidária por levar aos alunos a realidade, e dentro desse trabalho eles fizeram uma pesquisa com os pais e avós e foi surpreendente o resultado dessa pesquisa, o governo Lula foi disparado o melhor.
Quando vi os dados reproduzidos pela professora na sequência do seu e-mail, não pude deixar de rir. É que, em 05.10.06, um aluno do curso de pós-graduação em geografia da UFPR, e que também trabalhava como professor de geografia do ensino médio, mandou para a lista de e-mails do curso uma mensagem com o título "FATOS, NÚMEROS E FONTES". O texto apresentava uma série de dados estatísticos que visavam provar que, em 4 anos, Lula havia realizado mais do que FHC em 8 anos. Assim, o motivo da minha risada foi constatar que, no "trabalho de pesquisa" feito pela aluna da professora, os dados foram selecionados e organizados da mesma forma que naquela propaganda viral petista de quase dez anos atrás!