Se Michel Temer levasse a sério combate à corrupção, eficiência administrativa e modernização da economia, jamais teria passado 13 anos apoiando e até participando dos governos do PT. E é sabido que o PMDB não passa de uma agremiação fisiológica e patrimonialista que apoia qualquer governo em troca de cargos e que, por isso mesmo, escolheu o PT como seu aliado preferencial, nas últimas quatro eleições.
De fato, o PT é um partido que investe no agigantamento do Estado, por razões tanto ideológicas quanto corporativistas e fisiológicas. O melhor negócio para o PMDB, apesar de o apetite petista por cargos e verbas ser tão grande quanto o peemedebista, era apoiar o PT. Só deixou de ser bom negócio quando as multidões tomaram as ruas para exigir "Fora, Dilma"...
Mas, se é assim, como se explica o apoio do PMDB a Collor e FHC, dois presidentes que fizeram a máquina estatal encolher com as privatizações? A resposta é simples: o modelo nacional-desenvolvimentista esgotou-se no final dos anos 70, resultando num período prolongado de inflação crescentemente fora de controle, ampliação da defasagem tecnológica da indústria nacional, sucateamento das infraestruturas e crescimento econômico pífio. Depois de uma década resistindo sem sucesso à necessidade de reformas modernizadoras, PMDB, PTB e o antigo PFL, entre outras forças fisiológicas, se viram forçadas a entregar os anéis para não perder os dedos. E tanto é assim que, no segundo mandato de FHC, quando ficou claro que a estabilidade econômica tinha vindo para ficar, esses partidos retiraram seu apoio às privatizações. Não é por acaso que essa política se encerrou em 1998, quando se deu a venda do sistema Telebrás, e não surpreende que a máquina estatal tenha voltado a crescer desse ano em diante.
Sendo assim, o que podemos esperar de um governo comandado por esse lixo de partido que é o PMDB, ao menos nas áreas econômica e administrativa? Bem, é certo que será menos ruim do que o governo Dilma, mas isso é o de menos: para tanto, basta uma política fiscal capaz de impedir a expansão da dívida pública e reconstruir a credibilidade da política de metas para recuperar a confiança do mercado.
Assim, além de recompor a política macroeconômica do período 1999-2008, o PMDB deverá avançar, em termos de reformas estruturais, conforme o tipo e intensidade das pressões políticas que incidirem sobre Temer. Vejamos alguns exemplos:
- Educação: foi anunciado que o governo Temer vai implementar uma política de bonificação para professores, o que é uma boa notícia. Como o PMDB é muito menos influenciado pelos sindicatos de professores do que o PT, há uma chance de essa medida sair.
- Reforma ministerial: o principal interesse de Temer era enfiar caciques e cupinchas do PMDB nos lugares deixados vagos pela saída da cambada petista, mas, como a gritaria foi grande, ele cortou dez ministérios, de muita má vontade!
- Combate à corrupção: mesmo sem fazer prejulgamentos, avalio que só haverá avanços nessa área se houver grandes manifestações de rua pedindo a saída do Renan e de ministros que sejam investigados pela Lava Jato (caso de Romero Jucá) ou que não estejam conseguindo se explicar direito diante de suspeitas levantadas por investigações. Infelizmente, acho que vai ser difícil manter a população mobilizada no mesmo grau agora que Dilma caiu.
- Privatização: Temer deve tocar as parcerias público-privadas com mais velocidade e eficiência do que o PT porque é urgente estimular os investimentos privados para sairmos da depressão econômica e também porque o PMDB está muito menos preso a ideologias esquerdistas. Isso significa que o PMDB não vai repetir o erro de Dilma, a qual tentou restringir as margens de lucro das empresas parceiras e, assim, fez com que estas se desinteressassem de investir. Agora, privatizar a Petrobras, Eletrobras e demais antros de corrupção e de empreguismo, nem pensar. Enquanto isso, Romero Jucá pretende escolher o presidente da Vale do Rio Doce, empresa que já foi privatizada nos anos 90...
Conclusão
O governo Temer tende a ser bem menos ruim do que o governo Dilma e um pouco menos ruim do que o governo Lula. A menos que as pressões políticas em favor de reformas modernizadoras e de medidas de combate à corrupção sejam mais intensas do que têm sido até agora. Então, se os governos de Lula foram a "Era da Mediocridade", como diz o jornalista Augusto Nunes, o governo Temer tende a ser menos medíocre, e olhe lá!
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