sábado, 28 de setembro de 2013

Eu também odeio o Chris. Ou: da relatividade da pobreza

Quando falo aos meus alunos sobre a pobreza, costumo fazer a seguinte brincadeira: "vocês já viram a série Todo mundo odeia o Chris? Pois eu também odeio o Chris!". Começo a explicar o motivo dizendo que, como todos sabem, a história desse sitcom (que eu acho bem divertido, embora tenha visto poucos episódios) é fictícia, mas baseada na vida do ator Chris Rock, o qual também foi produtor executivo da série e narrador dos episódios. Acontece que boa parte das piadas tratam de quanto ele e sua família eram pobres: "a gente era tão pobre que dividia até o sono"; "a gente era tão pobre que isso e mais aquilo". Mas, quando eu observo o padrão de vida que os personagens levavam no período em que a série se passa, os anos 1982 a 1987, constato que, se ele era pobre, eu já fui miserável!

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Não pretendo fundar uma nova corrente de pensamento geográfico

Na última disciplina que ministrei junto ao Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE, um dos professores que participaram fez uma pergunta muitíssimo interessante. Ele comentou que, como eu estava fazendo uma série de refutações a autores e teses pertencentes à geografia crítica ou radical (já que a proposta da disciplina era justamente questionar os conteúdos da geografia escolar informados por essa corrente), qual seria então a nova escola de pensamento geográfico que eu teria a propor em substituição a esta? Minha resposta foi que eu não tinha o objetivo de substituir uma vertente de pensamento por outra e que nem achava possível fazer isso na geografia.

domingo, 22 de setembro de 2013

PT meteu a mão até na Pesquisa de Orçamentos Familiares

O aparelhamento do Estado pelos governos petistas manifesta-se não apenas na ocupação de milhares de cargos públicos por militantes do PT e sindicalistas pelegos, mas também pela contaminação das pesquisas realizadas por órgãos públicos com propaganda governamental. Um bom exemplo disso é a Pesquisa de Orçamentos Familiares - POF, do IBGE. A edição da pesquisa publicada em 2004, segundo ano do governo Lula, ainda manteve o perfil estritamente técnico que era a marca do Instituto até o final do governo FHC. A análise de resultados dessa pesquisa, com dados de estado nutricional para 2002-2003, comparados com os de pesquisas do mesmo gênero para os anos de 1975 e 1989, restringia-se a expor unicamente as conclusões derivadas da descrição dos fenômenos mensurados pelos instrumentos de pesquisa. Mas, pelas razões que já expliquei aqui, o governo Lula, inconformado com os resultados, decidiu meter a mão nas pesquisas sobre estado nutricional.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Crianças jogam fora merenda escolar saudável! É justo o Estado pagar por isso?

Na semana passada, tive o prazer de ministrar um curso para professores de geografia da rede pública do Paraná no âmbito do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE. Entre diversos questionamentos e perguntas interessantes feitas pelos professores, vou destacar agora uma revelação que desfaz a imagem popular a respeito dos alunos da rede pública e da pobreza brasileira. Ocorre que, durante uma discussão sobre a abordagem que os livros didáticos fazem dos temas da reforma agrária e da fome, os professores contaram que, nos colégios em que lecionam, existe um enorme desperdício de merenda escolar, especialmente depois de ter sido adotada a diretriz de fornecer alimentos menos calóricos!

sábado, 14 de setembro de 2013

PT vive de torturar estatísticas para fazer propaganda enganosa

Chegando ao poder em nível federal, o PT realizou um aparelhamento de Estado de proporções inéditas na história brasileira, tendo em vista que milhares de petistas e de aliados do partido em sindicatos ganharam cargos públicos. Como parte desse processo, as instituições de pesquisa começaram a atuar com um viés não republicano, na medida em que o teor técnico dos trabalhos produzidos começou a ser contaminado pelos interesses do partido no poder e de seus aliados ideológicos. 

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Slavoj Zizek e as versões do dogmatismo anticapitalista

Conforme explicado em outro post (aqui), Slavoj Žižek é um teórico socialista cuja obra resume os truques retóricos usados pela maioria dos autores radicais da atualidade, a saber: primeiro, propor revoluções que apontam para utopias de conteúdos indefinidos; segundo, usar malabarismos dialéticos que, de modo mais ou menos explícito, justificam eticamente qualquer ação violenta com teor anticapitalista ou antiliberal; terceiro, culpar o capitalismo por todos os males do mundo sem explicar direito as relações de causa e efeito que justificariam tais acusações. Agora, é o momento de situar a forma como Žižek aplica esses truques no contexto da crise da teoria social crítica - tradição de pensamento que engloba o marxismo e todas as demais formulações teóricas assumidamente interessadas em contestar a ordem capitalista em bases radicais.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Conservadores e revolucionários fazem sociedade há muito tempo, no Brasil

Fique de olho
A novela do "mensalão" já está em seus últimos capítulos, e as análises políticas sobre o escândalo destacaram, entre muitas outras coisas, o seguinte: que a falência do socialismo empurrou as alas revolucionárias do PT para um pragmatismo tão cínico que as levou a se acomodar e beneficiar de velhas práticas patrimonialistas e fisiológicas; e que o gosto com o qual decidiram tomar banho de lama era uma decorrência lógica da velha ética revolucionária, segundo a qual não se faz omelete sem quebrar ovos. 

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Slavoj Zizek é o socialista que resume os outros socialistas

O filósofo esloveno Slavoj Zizek é uma autêntica celebridade acadêmica internacional. Se me perguntarem a razão de tamanho sucesso, eu diria que está no fato de ele resumir, levando ao paroxismo, todas as características comuns à grande maioria dos intelectuais socialistas dos dias de hoje. Mas não que eu já tenha lido algum dos diversos livros dele. Não li e nem pretendo ler, por uma simples razão: quando leio alguma entrevista ou texto desse autor, ou ainda uma resenha qualquer de seus livros (tanto favoráveis quanto desfavoráveis), fica claro que os escritos dele só servem para exemplificar toda a teia de imposturas a que costumam se entregar os intelectuais "críticos" da atualidade.