domingo, 29 de abril de 2012

Literatura e ciência no meio do feriadão

Um escritor que aprecio bastante é Italo Calvino, do qual já li vários livros. É óbvio que não vou jogar tomates nele! Apenas me veio à lembrança uma passagem de seu livro As cidades invisíveis (Companhia das Letras, 1990) que eu pensei em usar como epígrafe da minha tese de doutorado. Mudei de ideia apenas por ter achado que essa passagem, embora bem curta para um conto, era longa demais para uma epígrafe.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Reflexões sobre a Suécia à luz das relações entre ética e capitalismo

O economista Albert Hirschman (1986) elaborou um estudo muito interessante sobre as diferentes concepções teóricas e ideológicas dos efeitos sociológicos do funcionamento do mercado. Uma ideia fundamental sobre esses efeitos é aquela que Hirschman denominou "tese do suave comércio", defendida por autores como Adam Smith e Montesquieu. Segundo essa tese, uma vez que a economia de mercado é individualista e contratualista, seu bom funcionamento depende da confiabilidade dos agentes econômicos. Mas o próprio mercado oferece incentivos para que os indivíduos sejam fidedignos, pois as oportunidades de negócios tendem a ficar cada vez mais restringidas para os desonestos, dando-se o inverso com os indivíduos e empresas que realmente cumprem os contratos. Nesse sentido, uma das grandes virtudes da economia de mercado é que ela produz os próprios valores morais que lhe servem de sustentação.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Quilombolas de hoje são os novos zumbis

Os geógrafos Bertha Becker e Claudio Egler já escreveram trabalhos bem interessantes. Gosto sobretudo da tese de doutorado de Egler, que foi uma das referências fundamentais para a elaboração do meu próprio doutorado. Mas, ainda que esses autores nunca tenham se identificado com as bandeiras da geocrítica, é certo que, vez por outra, valem-se de teorias radicais que acabam conduzindo a conclusões que, como se diz, geram mais calor do que luz. 

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Desenvolvimento desigual e combinado, mas não como os marxistas pensam

Um dos procedimentos retóricos mais usados pelos autores anticapitalistas é sacar do bolso uma longa lista de mazelas econômicas, sociais, políticas e militares e qualificá-las todas como produtos do capitalismo, sem levar em conta as reinvenções desse sistema ao longo dos séculos e nem as diversas formas assumidas pelo capitalismo nos dias atuais. Em um ou dois parágrafos, o sujeito cita do genocídio de povos ameríndios, passando pelo regime do apartheid, até as taxas de desemprego vigentes em muitos países desenvolvidos e o aquecimento global. Assim, quem não concordar com eles tem que se dar ao trabalho de escrever muito mais para desmontar cada uma das sentenças que, com a maior ligeireza, atribuem relações de causa e efeito entre a "lógica do capitalismo" e tudo o que aconteceu de ruim no planeta nos últimos 500 anos. 

terça-feira, 17 de abril de 2012

PT colhe as invasões que plantou com impunidade e regou com dinheiro público

O post anterior veio bem a calhar, já que publicado quase às vésperas da recente onda de invasões de prédios públicos por militantes do MST, em mais um "abril vermelho". Conforme demonstrado naquele post (ver aqui), a MP anti-invasão quebrou a espinha do MST em maio de 2000, fazendo despencar o número anual de invasões de terra. Quem deu sobrevida a essa prática de esbulho possessório (expressão jurídica que define a ação de tomar um imóvel por métodos violentos) foi o PT, que deixou de aplicar a lei. Depois de uma escalada de violência, veio um acomodamento dos interesses do partido e dessa organização, a partir de 2005.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

As muitas formas do capitalismo (concluindo minha resposta)

Concluo neste post a resposta que escrevi ao comentário enviado por Angelo Menegatti a este blog (ver aqui). Vou me concentrar na passagem em que ele afirma que ser velho é defender o capitalismo, já que as ideias que sustentam tal sistema "são as mesmas de 500 anos atrás".

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Concentração fundiária e violência no campo. Os fatos e a lógica

Os geógrafos rurais, reproduzindo os discursos dos movimentos de "luta pela terra", costumam afirmar que a concentração fundiária é a causa da violência no campo. Por conseguinte, inferem que as invasões de terra são inversamente proporcionais aos investimentos realizados no assentamento de famílias em projetos de reforma agrária. Para averiguar as conclusões a que essas ideias nos conduzem quando se observam as estatísticas de violência no campo, elaborei o gráfico abaixo. A fonte são os Relatórios da Ouvidoria Agrária, disponíveis no site do Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Dois anônimos, um assumido, e o padrão esquerdista

Recebi outros três comentários que merecem um post. O primeiro, porque foge à regra, e os outros porque, bem ao contrário, estão perfeitamente de acordo com o padrão das intervenções de esquerdistas em sites de notícias e blogs. Comecemos pelo comentário, de um Anônimo, que foge ao padrão (ainda bem).