terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Reinaldo Azevedo erra ao desconsiderar a economia na recuperação de Lula

Pesquisa do Datafolha mostra que a avaliação do governo Temer piorou muito e que houve um grande crescimento das intenções de voto em Lula e Marina Silva. O primeiro teria mais votos que os outros possíveis candidatos à presidência num segundo turno (embora com vantagens geralmente dentro da margem de erro da pesquisa) e só perderia para Marina. A explicação do jornalista Reinaldo Azevedo para tanto é que, como a "direita burra" investiu na desqualificação da atividade política, acusando todos os políticos de serem indistintamente corruptos, acabou beneficiando a esquerda. Em suas palavras:
Não existe vácuo na política. Se a ideia é reduzir o país a uma grande delegacia de polícia, todos se igualam. No ambiente de terra arrasada, quem tem mais estrutura e experiência acaba obtendo vantagem ou recuperando o terreno. Agora resta à direita burra torcer para que Lula esteja preso até 2018.
Quem sabe a polícia possa conter o perigo que ela própria está criando com a sua… burrice! (Cf.: DESASTRE: direita burra faz Lula recuperar prestígio eleitoral)

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Invasores e piqueteiros desejam uma universidade afinada com a "pedagogia progressista"

A invasão de edifícios na UFPR já terminou, mas os invasores usaram as redes sociais (segundo me foi relatado por alunos e professores que usam o Facebook) para prometer que as invasões e piquetes deste ano são só o começo. Mas o que eles querem? Simples: querem impor pela força um modelo de universidade que, afinado com as ideias de autores como Paulo Freire e Pedro Demo, se apoia em dois pilares: a ideologização e partidarização dos conteúdos das aulas, de um lado, e a institucionalização do pacto de mediocridade, de outro.

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Eugênio Bucci esbanja "bullshit" ao falar da reforma do ensino médio

Eugênio Bucci é, sem dúvida, o pior articulista que a revista Época publica atualmente. Ele tem a esperteza de reconhecer fragilidades nos argumentos da esquerda para ser visto como um autor moderado e lúcido, mas, logo em seguida, agride os fatos e usa de muita bullshit para manipular as emoções de seus leitores em favor dos esquerdistas. 

No texto Ainda sobre ocupar escolas (Época, n. 961, 14 nov. 2016, p. 24), ele chama os invasores de escolas de "adolescentes" e de "estudantes", muito embora grande parte deles, ou talvez até a maioria, seja formada por adultos que nem sequer cursam o ensino médio. Depois, afirma isto:
Essa meninada (sic) tem razão? É muito fácil dizer que não tem. Os argumentos que apresenta são pouco elaborados, desinformados, mal fundamentados.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Cabeça de aluno "grevista"

A vida dos professores que, assim como eu, não fazem concessões a alunos "grevistas" que montam piquetes para intimidar a maioria que quer ter aula está um inferno. Não conseguimos dar aula porque logo vem um pequeno bando com bumbos, apitos, cornetas e outros instrumentos para fazer algazarra e, assim, impedir que as aulas sejam dadas. 

Uso a palavra "grevista" entre aspas porque, na verdade, estudante nunca faz greve. Quem faz greve são trabalhadores que deixam de prestar um serviço como forma de pressionar seus patrões a cumprir acordos descumpridos e/ou para fazer exigências variadas. Mas alunos não prestam serviço algum. Pelo contrário, eles estão recebendo um serviço! Não assistir aula, portanto, não é greve, pois os únicos prejudicados com essa atitude são e só podem ser os alunos. Daí que nada é mais patético do que paralisações estudantis que exigem mudanças na política nacional, como se vê agora. Que instrumento de pressão é esse em que o único perdedor é quem usa o instrumento?

terça-feira, 8 de novembro de 2016

VIVA! Invasão na UFPR pode virar acampamento

Na manhã de hoje, uma assembleia de professores e funcionários do Departamento de Geografia da UFPR deliberou sobre o problema da invasão do edifício João José Bigarella. As duas votações me deixaram muito satisfeito. 

A primeira foi sobre enviar um comunicado formal à reitoria informando quantos professores são contra e quantos são a favor da desocupação (essa foi a palavra votada). Houve 17 votos a favor da desocupação e umas poucas abstenções. Portanto, ficou explícito que a maioria esmagadora dos professores e também dos funcionários deseja a desocupação do prédio e repudia o método utilizado pelos invasores - muito embora vários tenham se manifestado a favor da pauta reivindicatória do "movimento".

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Invasores de prédio da UFPR inventam nova modalidade de usurpação do espaço público

Quem disse que geografia não serve para nada? Alunos da UFPR acabaram de inventar um novo tipo de invasão de propriedade pública e de usurpação de prerrogativas do Estado (no caso, da universidade). Vejamos a cópia do e-mail que o "movimento" mandou aos professores.
Mensagem às professoras e aos professores do curso de Geografia. 
Bom, como já deve ser do conhecimento de vocês, nós, estudantes da Geografia, decidimos ontem em Assembleia ocupar o prédio Prof. João José Bigarella como forma de protesto aos diversos desmandos dos nossos governantes que ameaçam nossos direitos. 
A carta em anexo - de leitura obrigatória - foca principalmente na questão educacional, mas também estamos atentos a outras questões que representam um verdadeiro retrocesso, como a extinção da Mineropar, o PLS 654/2015 que modifica as regras de licenciamento ambiental, a reforma da previdência social, a flexibilização da legislação trabalhista (acordos coletivos que se sobreponham a leis trabalhistas), a PEC 215 que passa para o Legislativo a competência para demarcação das terras indígenas, a extinção do MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário) e o PL 6583/2013 que busca instituir o Estatuto da Família. 
Como o governo federal ilegítimo não está disposto ao diálogo não nos restou outra alternativa.
A escolha do Bigarella em detrimento do prédio do CT deu-se para evitar o esvaziamento da mobilização. Caso ocupássemos o CT, estudantes deixariam de vir para a UFPR e não acompanhariam a mobilização. Em breve lançaremos um calendário de atividades e contamos com o apoio e participação de vocês. Por hora, passaremos em sala todos os períodos que tenham atividades e os convocaremos a participar. Acreditamos no potencial educativo desta mobilização e vocês também fazem parte deste processo. 
Caso queiram ingressar no prédio ocupado ou já tenham alguma atividade programada no mesmo, informamos que ele não está fechado, inclusive para estudantes da pós. Contudo, solicitamos que entrem em contato com antecedência (através do email: ocupageoufpr@gmail.com) e exponham as razões para a entrada, a qual será analisada e deliberada pelas(os) estudantes que estarão na ocupação.  
Lembramos que esta luta não é só nossa, mas de vocês também, que certamente serão afetados pelas medidas acima citadas.

“Quem não se movimenta não sente as amarras que o prendem” Rosa Luxemburgo

sábado, 29 de outubro de 2016

Ocupação pacífica de reitoria é igual a assalto sem reação da vítima




Eu estava no prédio da Reitoria da UFPR na última quinta-feira, dia 27.10.16, no período da tarde. Sou membro da Comissão Permanente de Pessoal Docente - CPPD, e fui até lá para preencher e assinar documentos referentes aos processos de progressão funcional dos quais sou relator. Quando foi por volta de 15:30, fomos informados de que alunos iriam invadir e ocupar o prédio às 17:00 horas, mas que devíamos sair alguns minutos antes para "evitar confusão". E assim foi feito.

Com certeza, os Centros e Diretórios Acadêmicos alardearam pela internet que houve uma "ocupação pacífica" da reitoria. Mas sabem como eu me senti quando escutei que teria de sair do edifício para "evitar confusão"? Exatamente como eu me senti nas vezes em que fui assaltado e entreguei dinheiro aos bandidos para não correr o risco de ser agredido.

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Ascensão e queda do PT provam que não vivemos numa "sociedade pós-verdade"

No texto anterior, comentei o conceito de "profunditude", que serve para identificar e desmascarar aqueles discursos que começam fisgando o leitor com a enunciação de uma verdade banal para depois enganá-lo ao extrair dali uma conclusão que, embora aparentemente profunda, é de uma falsidade completa. O escritor e jornalista científico Carlos Orsi, que explica esse conceito, comenta também outro que lhe é bem próximo: o conceito de "bullshit", formalizado pelo filósofo Harry Frankfurt. Com base nesse autor, Orsi define "bullshit" da seguinte forma:
[...] afirmação que é indiferente à verdade - algo que se diz para produzir uma reação emocional ou um comportamento desejado no ouvinte, sem que o emissor se importe se o que está dizendo corresponde ou não aos fatos. A bullshit pode até ser verdade, mas quem a emprega não está nem aí para isso: o que se deseja é que o alvo vote em alguém, compre alguma coisa, indigne-se com isto ou aquilo ou abrace uma causa (Cf.: Profunditudes e o mundo pós-verdade - itálico no original).

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

"Profunditude" nos debates intelectuais e políticos brasileiros

O jornalista e escritor Carlos Orsi, que trabalha com divulgação científica, publicou um texto interessante sobre o conceito de "profunditude" e  a aplicação deste na análise de fenômenos políticos recentes. Vejamos uma passagem do texto:
"Profunditude" é minha tradução pessoal para o neologismo da língua inglesa deepity, usado pelo filósofo Daniel Dennett para se referir a frases e expressões que têm dois sentidos: um verdadeiro e banal e outro supostamente profundo, mas falso. Resumindo, a profunditute só é verdadeira na medida em que diz algo trivial ao ponto da irrelevância; quando se tenta ler algo de relevante nela, torna-se falsa. Parece complicado? Talvez alguns exemplos ajudem: pense, por exemplo, naquela velha pérola da autoajuda, encruzilhada da espiritualidade prêt-à-porter com a Lei da Atração, "pensamentos são coisas materiais".
Na medida em que pensamentos são mudanças eletroquímicas que ocorrem no cérebro, trata-se de uma afirmação perfeitamente verdadeira: afinal, processos eletroquímicos são eventos do mundo material. Nesse nível, a afirmação é a mera constatação de uma banalidade. Mas, claro, quem usa a frase não está, na maioria das vezes - perdão -, pensando nesse sentido: o que a pessoa quer dizer é que pensamentos, por si sós, são capazes de causar mudanças no mundo externo ao corpo de quem pensa. Afinal, coisas que transformam o mundo, como meteoros, vulcões e tsunamis, são materiais. Se o pensamento também é, abracadabra! Nesse nível, não-banal, a afirmação é escandalosamente falsa (Cf.: Profunditudes e o mundo pós-verdade - itálicos no original).

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Questão chave sobre 2018 não é o PSDB, mas o PMDB

O resultado das urnas nas eleições municipais mostra que os grandes derrotados foram Lula e o PT, enquanto Alckmin e o PSDB saíram vitoriosos. Então, o jornalismo político já avalia que o governador paulista tem grande chance de ser o candidato do PSDB em 2018 e especula se os tucanos vão conseguir superar suas brigas internas para se unir em torno dessa candidatura. Eu, porém, prefiro refletir como seria um eventual governo tucano que começasse em 2018 e, nesse caso, não há dúvida de que a grande questão é saber com que objetivo o PMDB poderia apoiar a candidatura e o governo de um tucano, seja ele quem for.

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

"Aquarius": no cinema ou no planejamento, esquerdistas são sempre maus perdedores

O título do capítulo 2 do meu livro Por uma crítica da geografia crítica, publicado em 2013, é o seguinte: "a impotência das teorias críticas no domínio prático e a lógica dos maus perdedores". A segunda metade desse capítulo, em que são analisadas propostas de planejamento urbano e regional, faz uma revisão bibliográfica que pode ser resumida assim:

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Caso Cunha: geógrafos petistas pensam que todo mundo é igual a eles

Assinei uma petição online em favor do impeachment de Dilma Rousseff e outra pela cassação de Eduardo Cunha - ambas pelo Change.org, já que eu não prestigio a Avaaz de maneira alguma. Do mesmo modo, entendo que Michel Temer deveria ter seu mandato cassado, na medida em que, como a chapa pela qual ele se elegeu vice-presidente era única, o dinheiro do petrolão, se entrou nas contas de campanha de Dilma, beneficiou também a candidatura dele. São todos posicionamentos coerentes com a defesa da democracia, do Estado de Direito e da ética na política.

Bem diferente é o caso dos geógrafos petistas - expressão que é quase um pleonasmo... -, já que a grande maioria deles não se preocupa em defender princípios e nem em ser coerente com as teses que expõe em seus trabalhos acadêmicos. Realmente, a maior parte dos geógrafos e professores que se dizem "críticos" não tem autocrítica e, por isso, defende cegamente um partido que cometeu estelionato eleitoral e em cujos governos funcionaram os maiores "esquemas" de corrupção da história do Brasil!

terça-feira, 12 de julho de 2016

Viva os transgênicos! Abaixo o Greenpeace!

Já fui abordado na rua, umas três vezes, por militantes do Greenpeace doidos para me arrancar doações de dinheiro. Eu podia responder que estou com pouca grana (o que nem seria mentira), mas prefiro cortar logo a conversa dizendo a verdade: não tenho simpatia pelo Greenpeace.

Mas como alguém pode não simpatizar com uma organização que defende tão belas causas? Simples: repudio organizações que tentam me enganar com mentiras descaradas e que, ao defender causas inegavelmente belas, propõem "soluções" que, quando aplicadas, geram efeitos contrários aos prometidos.

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Bolsonaro, Wyllys e a miséria da política brasileira

Recentemente, comentei que Jair Bolsonaro possui ideias afinadas com as do fascismo italiano, afirmação essa embasada numa pesquisa organizada por Leandro Narloch. Esse é um ponto em que o, digamos, "pensamento" de Bolsonaro se aproxima ao das esquerdas, tendo em vista que, segundo a mesma pesquisa, PCdoB e PT são os dois partidos cujos deputados mais se identificam com as ideias de Mussolini.

Bem, um comentário publicado sobre essa postagem afirma o seguinte, entre outras coisas:
Eu gostaria conhecer as respostas do Bolsonaro a cada uma das questões do Leandro, pois nem todas elas refletem idéias exclusivas do fascismo (as questões 1 e 5, por ex.). No caso do Bolsonaro deve-se considerar ainda a sua formação militar, baseada nos princípios da hierarquia, disciplina e ordem, sob a influência do positivismo, dos jovens turcos, da missão francesa e, mais recente, dos EUA. Além do mais, indivíduos podem mudar de idéias ao longo do tempo: anarquistas podem virar liberais, liberais viram conservadores, etc.

quinta-feira, 9 de junho de 2016

A classe operária vai a Donald Trump!

Donald Trump e Jair Bolsonaro são duas caricaturas vivas de tudo o que pode haver de mais populista, oportunista e ridículo na política. E a ascensão eleitoral de ambos (muito maior no caso de Trump, na verdade) chama atenção para alguns fenômenos bastante irônicos. Neste post, vou tratar apenas do bufão norte-americano, deixando o fascistoide tupiniquim para o próximo.

O caso de Trump é interessante porque, embora a intelligentsia esquerdista aponte a xenofobia como um dos elementos definidores do pensamento conservador e suponha que este é uma expressão dos preconceitos das classes abastadas, o eleitorado de Trump mostra uma realidade muito diferente. De fato, embora Trump tenha cerca de 23% das intenções de voto no segmento mais rico da população, sua força eleitoral reside principalmente no grupo formado por homens brancos casados, sem diploma universitário, pertencentes à classe média e que trabalham no setor industrial (talvez não seja demais lembrar que, nos países desenvolvidos, mais do que no mundo em desenvolvimento, trabalhadores industriais integram a classe média).

terça-feira, 24 de maio de 2016

Agricultor familiar prefere plantar fumo a fornecer verdura para a merenda escolar

Uma das muitas aberrações do Brasil atual é o discurso de que a agricultura "camponesa" não age movida pelo interesse em obter lucros, mas sim pelo objetivo de reproduzir seu modo de vida, o qual se adaptaria ao capitalismo de forma "contraditória". Em função disso, haveria uma "lógica da produção camponesa" que, contrariamente à "lógica do agronegócio", estaria orientada para a produção de alimentos saudáveis de forma ambientalmente sustentável e destinados ao consumo no mercado interno.

Mas como os "pesquisadores" que estudam o agro com esses parâmetros explicam o fato de que a maior parte da produção de tabaco é realizada pela agricultura familiar? Bem, ou eles simplesmente omitem esse fato - tal e qual acontece nas tabelas do suplemento especial do Censo Agropecuário 2006 sobre agricultura familiar -, ou então sugerem que o produtor familiar muitas vezes planta fumo por falta de opção. Noutros termos, justificam suas explicações apriorísticas com uma racionalização ad hoc segundo a qual muitos "camponeses" se vêm forçados a assimilar a "lógica capitalista", ao menos parcialmente, como estratégia para resistir no meio rural.

sábado, 14 de maio de 2016

O que esperar do governo Temer: de volta à Era da Mediocridade

Se Michel Temer levasse a sério combate à corrupção, eficiência administrativa e modernização da economia, jamais teria passado 13 anos apoiando e até participando dos governos do PT. E é sabido que o PMDB não passa de uma agremiação fisiológica e patrimonialista que apoia qualquer governo em troca de cargos e que, por isso mesmo, escolheu o PT como seu aliado preferencial, nas últimas quatro eleições. 

De fato, o PT é um partido que investe no agigantamento do Estado, por razões tanto ideológicas quanto corporativistas e fisiológicas. O melhor negócio para o PMDB, apesar de o apetite petista por cargos e verbas ser tão grande quanto o peemedebista, era apoiar o PT. Só deixou de ser bom negócio quando as multidões tomaram as ruas para exigir "Fora, Dilma"...

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Professores acham que propaganda do PT é conteúdo escolar

Mais uma vez, uma professora de geografia manda e-mail para o Escola Sem Partido - ESP, e o coordenador do site, Miguel Nagib, me encaminhou cópia para que eu analisasse. Ela diz o seguinte:
Sou professora de geografia e uma aluna fez um trabalho de pesquisa sobre o desenvolvimento do Brasil nos últimos anos. Esses são os dados. Após uma leitura cheguei a conclusão que os alunos não são tão "tapados" como vocês pensam e poderiam deixar de lado essa frescura de escola sem partido, e trabalharem em coisas mais produtivas para o Brasil. Como professora de geografia sou muito técnica não caio em historinhas mal contadas, porque entendo que quando se conta uma história se leva em conta as nossas percepções etc, os números falam mais alto e não pude deixar de comentar, dentro do conteúdo de geografia o período da ditadura, o governo Sarney, Itamar, FHC e o governo Lula. E agora o que fazer? Não posso ser chamada de partidária por levar aos alunos a realidade, e dentro desse trabalho eles fizeram uma pesquisa com os pais e avós e foi surpreendente o resultado dessa pesquisa, o governo Lula foi disparado o melhor.
Quando vi os dados reproduzidos pela professora na sequência do seu e-mail, não pude deixar de rir. É que, em 05.10.06, um aluno do curso de pós-graduação em geografia da UFPR, e que também trabalhava como professor de geografia do ensino médio, mandou para a lista de e-mails do curso uma mensagem com o título "FATOS, NÚMEROS E FONTES". O texto apresentava uma série de dados estatísticos que visavam provar que, em 4 anos, Lula havia realizado mais do que FHC em 8 anos. Assim, o motivo da minha risada foi constatar que, no "trabalho de pesquisa" feito pela aluna da professora, os dados foram selecionados e organizados da mesma forma que naquela propaganda viral petista de quase dez anos atrás!

terça-feira, 26 de abril de 2016

Bolsonaro é um fascistoide falastrão. PT é um partido que põe em prática ideias fascistoides

“Eu acho que tem que ficar cercado em torno do prédio dele e sair na porrada, Rui”.

Jaques Wagner, chefe do gabinete pessoal de Dilma Rousseff, numa conversa com Rui Falcão interceptada em 10 de março pela Polícia Federal, recomendando ao presidente do PT que, caso fosse decretada a prisão preventiva de Lula, comunicasse aos milicianos que os homens da lei deveriam ser respeitosamente tratados a socos e pontapés. Augusto Nunes, acesso em 19 mar. 2016.

Do Guia politicamente incorreto da história do mundo, de Leandro Narloch, li apenas o capítulo que trata do fascismo. O mais interessante nesse capítulo é que ele apresenta o resultado de uma pesquisa que foi organizada pelo autor para averiguar quais partidos brasileiros teriam maior afinidade com o pensamento fascista.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Fato: menos filhos por mulher reduziu a pobreza e a desigualdade

Os economistas já debateram bastante as causas da queda da desigualdade de renda medida pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, queda essa que começou na segunda metade dos anos 1990 e durou até aproximadamente 2012. A maioria aponta os programas de transferência de renda, instituídos de 2001 em diante, como um dos fatores responsáveis pela desconcentração. Mas mesmo os defensores mais enfáticos dessas políticas estimam que elas responderam por cerca de um terço da queda da desigualdade ocorrida nos anos de 2001 a 2005 (quando esta foi particularmente rápida), posto que os outros dois terços são explicáveis por mudanças demográficas e no mercado de trabalho (Diniz Filho, 2013).

Bem, um pequeno problema com esses estudos, dos quais eu já tratei aqui e aqui, é que eles são trabalhos técnicos e, portanto, escritos em linguagem pouco acessível e com conclusões carregadas de nuances e estimativas. Daí a vantagem do Guia politicamente incorreto da economia brasileira, de Leandro Narloch, como fonte de divulgação de informações. Além de tratar do assunto em linguagem jornalística, esse livro, fiel ao objetivo de desmontar os discursos e propostas de gente que se julga bem intencionada por dar as costas à racionalidade econômica, enfatiza a importância da queda da natalidade e da fecundidade na redução da pobreza, da desigualdade e do desemprego. 

terça-feira, 5 de abril de 2016

Boicote de professores hipócritas à imprensa só pode melhorar o jornalismo

Recentemente, alguns pesquisadores se negaram a dar entrevista ao jornal O Globo sob a alegação de que as Organizações Globo fazem um jornalismo parcial, enviesado, mentiroso, e assim por diante. Seguindo a mesma linha de acusação, um grupo de professores e intelectuais organizou uma petição para que a comunidade acadêmica se recuse a dar entrevistas à Veja e a usar conteúdos dessa revista como fontes, a fim de não “conferir credibilidade intelectual a uma publicação que abandonou as práticas jornalísticas do contraditório e da investigação profunda e imparcial”.

Ora, a atitude desses professores e pesquisadores é triplamente hipócrita. Primeiramente, porque os professores que acusam a imprensa de parcialidade não se preocupam nem um pouco em ser imparciais e em dar voz ao contraditório quando lecionam, e ainda justificam essa prática de doutrinar os alunos repetindo os mantras "educar é um ato político" e "neutralidade não existe". Em segundo lugar, e mais grave ainda, a mesma universidade que organiza "grupos de pesquisa" para fazer patrulhamento ideológico da imprensa disfarçado de pesquisas científicas se recusa a pesquisar o problema da doutrinação teórica e ideológica no interior da própria universidade (Diniz Filho, 2013). Por fim, é público e notório que há várias décadas que pesquisadores universitários marxistas, socialistas e, na maioria das vezes, petistas, ocupam espaço na grande imprensa para publicar tudo aquilo que bem entendem. 

terça-feira, 29 de março de 2016

Sobre o "Guia Politicamente Incorreto da Economia Brasileira"

Dos vários Guias publicados pelo jornalista Leandro Narloch, eu já li o da história do Brasil, o da história da América Latina (escrito em parceria com Duda Teixeira) e o Guia politicamente incorreto da economia brasileira (Leya, 2015).

O primeiro e o segundo têm como alvo o nacionalismo, tanto de direita, quanto de esquerda - daí a merecida lambada que o autor dá em Gilberto Freyre. Mas é claro que, como o ensino brasileiro de história é, na atualidade, amplamente dominado pelo esquerdismo, o autor lança muito mais contestações contra os mitos e falsos heróis fabricados pela historiografia de viés marxista. Por isso mesmo, os Guias que tratam de história são leituras obrigatórias para todos os não historiadores interessados em entender os conflitos políticos do presente, pois não há como ter um entendimento equilibrado e adequado desses conflitos sem destruir o véu de mentiras ensinadas na escola. 

Já quanto ao Guia politicamente incorreto da economia brasileira, creio que esse livro é o mais útil e importante dos três, mas, ao contrário do que acontece com os outros, há opções de leitura até melhores sobre esse tema.

segunda-feira, 21 de março de 2016

Professores universitários ajudaram a destruir o Brasil, mas não me venham acusá-los com mentiras



Em 23 de julho de 2014, a Empiricus Research publicou o vídeo "O  Fim do Brasil". Para fúria dos petistas, afirmava que o Brasil tal como o conhecíamos nasceu em 1994, pois foi com o Plano Real que iniciamos uma era de estabilidade macroeconômica destruída pela gestão Dilma. E não há como negar que os professores universitários ajudaram nessa destruição.

Afinal, quantos reitores de universidade assinaram manifestos em apoio às candidaturas de Lula e Dilma nas últimas décadas, violando o princípio da neutralidade ideológica, política e partidária que se impõem a administradores de órgãos estatais? E o pior é que tais manifestos nada mais eram do que peças de propaganda eleitoral mentirosa! 

terça-feira, 15 de março de 2016

Impeachment - Oposição não merece capitalizar a indignação manifesta nas ruas

No dia 13 de março, realizou-se a maior manifestação de rua da história do Brasil: o "Fora, Dilma". O noticiário divulgou que vários políticos discursaram e foram aplaudidos durante as manifestações, mas que Alckmin e Aécio Neves decidiram não subir no palanque depois de serem "hostilizados" e chamados de "oportunistas" por manifestantes.

Bem, anda havendo muito exagero e até mentira no que foi noticiado sobre hostilidade (ver os vídeos aqui), mas isso não muda o fato de que pesquisas de intenção de voto recentes indicam que os partidos de oposição não parecem estar se beneficiando muito da impopularidade de Dilma, Lula e do PT, visto que a rejeição aos possíveis candidatos oposicionistas é alta.

segunda-feira, 7 de março de 2016

Impeachment - Brasilianista fala besteiras e esbanja preconceito ao tratar da crise atual

O historiador britânico e brasilianista Kenneth Maxwell deu uma entrevista na qual expõe um modo de pensar que, embora superior ao da maioria dos intelectuais de esquerda tupiniquins, reforça várias informações erradas e preconceitos que servem de munição para os defensores do lulopetismo (aqui).

A superioridade do seu ponto de vista está no fato de ele não minimizar a gravidade da situação, pois afirma: "o Brasil vive sua pior crise econômica em meio século".  E ele também reconhece que "a imagem internacional do Brasil não poderia estar pior", por conta da combinação de escândalos, desempenho econômico péssimo, surto de zika, crise na saúde pública e atraso nas obras para as olimpíadas. Além disso, é bastante lúcido ao dizer que:
[...] é o modelo de intervenção excessiva do Estado e a relação promíscua entre o governo e as grandes construtoras, e entre estas e as corporações estatais – e, possivelmente também os bancos estatais – que ofereceu um pote de mel para os políticos, todos prontos para obter vantagens pessoais e políticas.
Contudo, não há como não jogar uns tomates nas mistificações que ele reverberou, como, por exemplo:
O PT não inventou a corrupção no Brasil, mas obviamente foi corrompido pelo exercício do poder.

terça-feira, 1 de março de 2016

Impeachment - Professores usam sala de aula para defender governo indefensável

O coordenador do site Escola Sem Partido, Miguel Nagib, encaminhou-me cópia de um e-mail que lhe foi enviado por uma professora, conforme segue:
Sou professora de geografia e em sala de aula não tenho tendência ideológica, basta colocar para os alunos os dados do IBGE e eles percebem que os oito anos do governo LULA foram os melhores para o país após a ditadura. melhora na quaidade de vida, moradias populares, a frota de carros aumentou 72%nos últimos doze anos, etc.
Em uma aula uma aluna me disse que o seu pai teria votado na Dilma e agora queria que ela saisse, eu pedi para que ela perguntasse para ele como era no governo sarney e FHC, resumindo ele voltou atrás.
Em primeiro lugar, discordo da interpretação que a professora faz dos dados do IBGE, conforme já expliquei no livro Não culpem o capitalismo . E acrescento outras evidências apresentadas neste blog, como pode ser lido, por exemplo, nos textos abaixo:

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Linchadores não são vítimas

A Veja publicou esses dias uma matéria de André Petry sobre o linchamento de Fabiane Maria de Jesus, que foi confundida com um retrato falado, divulgado nas redes sociais, de uma suposta sequestradora de menores que faria rituais de "magia negra"... Depois de esmiuçar a propagação dessa boataria irresponsável nas redes, além de descrever as torturas a que a vítima foi submetida antes de morrer, chega a hora do artigo ensaiar uma explicação para o grave problema dos linchamentos:

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

CQD: Pesquisador "critico" da reforma agrária assume que age como criacionista


Um dos ensaios do livro Não culpe o capitalismo comenta que os autointitulados "pesquisadores militantes" são como os criacionistas: ao invés de tomarem a observação empírica como ponto de partida para explicar os fenômenos sociais, começam com uma explicação pronta e selecionam os conceitos, dados e evidências que possam servir para comprová-la. Bem, num texto recente sobre a política de reforma agrária, Bernardo Mançano Fernandes, que assume explicitamente adotar uma perspectiva teórica anticapitalista, diz o seguinte:
[...] cientistas interpretam as realidades, procuram explicá-las e convencer outros a aplicar esses pensamentos. Para tanto, selecionam um conjunto de referências constituintes, como elementos, componentes, variáveis, recursos, indicadores, dados, informações etc., de acordo com suas perspectivas e suas histórias, definindo politicamente os  resultados que querem demonstrar (Fernandes, 2013, p. 198).

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Vilas Rurais como alternativa ao fracasso da reforma agrária

Acabou de sair um artigo na Revista da Anpege que desafina o coro dos pesquisadores do agro que, movidos por uma mistura de agrarismo ingênuo com marxismo, teimam em acreditar que a reforma agrária é a solução para os problemas sociais no campo brasileiro.

O objeto da pesquisa é o Programa Vilas Rurais, instituído no âmbito do Programa Paraná 12 Meses, um amplo programa de desenvolvimento rural que vigorou entre 1997 e 2006, fruto de uma parceria entre o governo do estado do Paraná e o Banco Mundial. O Vilas Rurais visava combater a pobreza no campo e o êxodo rural mediante a distribuição de pequenos lotes de terra (em média, meio hectare) para famílias pobres que vivem na área rural ou nas periferias de pequenos municípios. Daí porque o principal público alvo do programa eram as famílias de trabalhadores volantes ou "boias frias". O diagnóstico que lhe servia de base é o de que, no contexto do "novo rural", as ocupações rurais não agrícolas e urbanas oferecem oportunidades de geração de renda superiores à agricultura, de modo que a pluriatividade constitui a melhor estratégia de sobrevivência para as famílias rurais (Zafalon, 2015).

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

O Estado amplia as desigualdades regionais, ao contrário do livre comércio

Uma ideia repetida à exaustão pela maioria dos especialistas brasileiros em economia regional - e até por alguns economistas de outras áreas - é a de que o livre mercado não promove automaticamente a redução das desigualdades regionais de renda e a localização ótima de recursos. Sendo assim, qualquer movimento de desconcentração econômica induzido pelo mercado será insuficiente para gerar uma diminuição significativa das desigualdades regionais, fazendo-se necessário que o Estado implemente políticas regionais explícitas para chegar a tal resultado (Diniz Filho, 2005).

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Desenvolvimentismo é desastroso e casa bem com corrupção nas estatais

Num artigo publicado na Revista Cepal, o economista Ricardo Bielschowsky aponta as três principais contribuições de Celso Furtado ao pensamento econômico estruturalista e procura mostrar como as teorias deste último continuam atuais. Não vou fazer um resumo do texto, mas apenas jogar tomate em uma afirmação do autor sobre as privatizações que revela como a esquerda desenvolvimentista não fica atrás da socialista quando se trata de defender o indefensável. Vejamos:
[...] antes das privatizações as empresas estatais investiam com menos preocupações com a rentabilidade e com menor aversão a riscos e incertezas. Isto leva a pensar que as privatizações reduzem a propensão a investir na economia, ainda que eventualmente possam aumentar a eficiência microeconômica dos investimentos (Bielschowsky, s.d., p. 189).

domingo, 10 de janeiro de 2016

A eterna insistência desenvolvimentista

Os intelectuais socialistas são conhecidos por insistir na defesa de um modelo de economia que fracassou completa e miseravelmente. Mas os desenvolvimentistas, de direita ou de esquerda, não ficam atrás quando se trata de defender ideias que já foram postas em prática com resultados negativos. Exemplo disso é o texto Condicionantes da inovação tecnológica na Argentina e no Brasil (Gonçalves; Lemos; De Negri, 2007). Ao analisar os problemas de atraso tecnológico na indústria desses países, os autores dizem:

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Socialismo, campesinato e sabedoria oriental: a soma de todos os males

Três coisas que a maioria dos intelectuais "críticos" adora fazer são: malhar o ocidente, malhar o capitalismo e idealizar o "campesinato". Pois vou apresentar mais um relato da jornalista Xinran, extraído da obra As boas mulheres da China: vozes ocultas (Companhia das Letras, 2003), para demonstrar como a China comunista provou que combinar socialismo, campesinato e a milenar "sabedoria oriental" resulta no cúmulo de tudo o que há de pior na face da Terra!