quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Prêmio Homem Sem Visão 2011

Já comentei o quanto gosto dos textos do jornalista Augusto Nunes. Além de escrever muito bem, informar com precisão e não ter papas na língua, ele ainda nos brinda com uma ironia deliciosa. Vale a pena conferir o texto que ele escreveu para comentar a entrega do troféu Homem Sem Visão 2011 para Márcio Thomaz Bastos. Abaixo, só uma pequena amostra do texto.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Um bode expiatório para os "aloprados"

A imprensa divulgou estes dias os desdobramentos das investigações referentes à "lista de Furnas", um documento falso elaborado por um estelionatário contratado por políticos do PT. O objetivo da fraude era acusar políticos adversários de usarem as mesmas práticas corruptas que o PT vinha usando, bem como servir para salvar Lula de um possível processo de impeachment que pudesse derivar das investigações sobre o "mensalão" (aqui). Lembrei-me imediatamente de um pequeno texto que escrevi por ocasião de um evento ocorrido na UFPR em 2010, o qual reproduzo abaixo:

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Quem mente é Marilena Chaui!

O colégio em que meu filho estuda escolhe seus livros didáticos entre aqueles mais radicalmente marxistas e com forte teor doutrinário. Exemplos disso são a cartilha de história de Mário Schmidt, já bastante criticada em textos jornalísticos, e o livro Filosofia - série novo ensino médio, de Marilena Chaui (Ática, 2009).

domingo, 11 de dezembro de 2011

Vesentini cometeu erro grosseiro ao tratar da fome

Os livros didáticos de geografia adoram falar sobre a "questão da fome", e as obras de Vesentini não fogem à regra. O problema é que, como já é sabido desde a publicação da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2002-2003 - POF, a desnutrição deixou de ser um problema nacional e de grandes dimensões há muitos anos (e o Fome Zero nada teve a ver com isso). 

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

A "máquina de moer ministros"

Uma característica de acadêmicos e jornalistas simpáticos ao PT é transformar o vício em virtude sempre que esse partido se encontra na berlinda por estelionato eleitoral ou problemas éticos. Eu estava agora mesmo lendo um artigo de Reinaldo Azevedo que comenta a sequência sem fim de escândalos que é o governo Dilma - em perfeita continuidade com o de Lula - e sorri ao ler esta citação de Gilberto Dimenstein:

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Retórica de Lopes de Souza não disfarça a banalidade das suas explicações

Os intelectuais de esquerda são movidos pela convicção de que o capitalismo responde pelos males do mundo, raciocínio ao qual certos volteios dialéticos conseguem, às vezes, dar um verniz de sofisticação, mas sem eliminarem seu teor determinista monocausal. Diante da criminalidade, essa tendência de pensamento costuma eximir os bandidos da responsabilidade por seus atos, já que a pobreza, a desigualdade e a "opressão capitalista" seriam as verdadeiras causas do problema.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Piauí revela que cubanos vivem "por la izquierda"

Não costumo reproduzir textos publicados em outros sites, mas vou usar este post para pinçar algumas informações relevantes da excelente matéria publicada sobre Cuba na revista Piauí, cujo título é La vida por la izquierda. Ele confirma coisas que já são bem sabidas e também destrói alguns mitos que políticos e professores brasileiros teimam em espalhar. De forma esquemática, o artigo informa, entre outras coisas, que: 


quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Camponesa explica (sem querer) que mercado é melhor do que fraternidade

Uma das críticas mais antigas e mais comuns à economia de mercado é que, ao estimular a competição econômica e a busca pela satisfação dos interesses individuais, esse sistema tende a fazer com que os valores morais e a solidariedade sejam postos de lado em nome de um autêntico "salve-se quem puder". Esse tipo de crítica romântica ao capitalismo é hoje muito presente nas ciências humanas, como se vê, por exemplo, no comentário do professor André ao post A palestra que não aconteceu. Críticas desse teor supõem a vida em comunidade como forma de organização social fundada em valores morais e sentimentos fraternos, mas as pessoas que as enunciam não costumam explicar se, nessa sociedade alternativa, a cooperação estaria assegurada pelo fato de que a ausência de propriedade privada devolveria o homem àquela condição de bondade inata suposta por Rousseau, ou se a vida em coletividade ofereceria incentivos (quais?) para que os indivíduos cooperassem entre si. 

sábado, 26 de novembro de 2011

Violência e ideologia nas escolas: tudo a ver

Faz algum tempo, estive na escola do meu filho para assistir a uma palestra sobre violência, a qual foi realizada porque alguns alunos da escola foram investigados e/ou advertidos pelos seguintes comportamentos inapropriados: a) andaram fazendo gozações com uma funcionária do colégio no Twitter; b) alguns alunos levaram bebida alcoólica para o colégio, e mais de uma vez; c) acharam uma faca escondida no banheiro.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O determinismo ambiental está vivo e a esquerda apoia!

Já cansei de ler que o determinismo ambiental é uma ideologia criada pelas "classes dominantes" europeias para justificar o colonialismo e que foi aproveitada pelos nazistas para legitimar o expansionismo alemão. Não que isso seja falso, mas o problema é que esse discurso é tão unilateral que acaba distorcendo a verdade, pois a tese de que as condições ambientais determinam em larga medida os processos históricos era muito bem aceita pelos teóricos ligados à esquerda política durante o século XIX e primeira metade do século XX. 

sábado, 19 de novembro de 2011

Diplomatizzando publicou o artigo sobre a palestra que não aconteceu. Ou: flagraram nossa “estupidez acadêmica”

No post A palestra que não aconteceu, comentei que o artigo com o conteúdo da fala que proferi durante o XIX Enga foi excluído da coletânea que deveria ser publicada com os trabalhos desse evento. Mais tarde, publiquei no site Escola Sem Partido um texto bem mais curto, intitulado Difamação contra o agronegócio vai continuar, usando uma pequena parte do conteúdo daquele trabalho. Depois de mais algum tempo, visitei o blog Diplomatizzando, do cientista social e diplomata Paulo Roberto de Almeida, e descobri que ele havia publicado esse segundo texto e também parte do primeiro, assim como o link para as pessoas que desejassem baixá-lo (aquela versão tinha 30 páginas, afinal). 


quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Os "dois Brasis" em versão racialista

Acabei de ler uma matéria na Veja Online intitulada IBGE mostra a persistência de dois 'Brasis', a qual comenta as mais recentes informações divulgadas a respeito do Censo Demográfico 2010. Em outros tempos, os jornalistas dariam maior destaque às diferenças de renda observadas entre estados e entre regiões, mas, nesta era em que o politicamente correto tem ditado a pauta dos debates públicos, são as diferenças supostamente raciais que ganharam maior relevo. Vejamos algumas afirmações feitas na matéria com base nos dados:

domingo, 13 de novembro de 2011

Marcelo Lopes de Souza é como qualquer militante primitivo de esquerda

Na palestra Da “arqueologia” à “genealogia”: balanço e perspectivas dos vínculos entre a geografia e o pensamento libertário, Marcelo Lopes de Souza (2009) passou mais de uma hora a repetir chavões da geografia crítica (embora diga que não pertence a tal linha de pensamento). Sempre preocupado em se mostrar um intelectual sofisticado e politicamente progressista, definiu o tal "pensamento libertário" como uma tradição intelectual que se propõem a fazer a crítica tanto do capitalismo quanto do socialismo burocrático, abrangendo autores como Foucault e Castoriadis, entre muitos outros. 

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O "manifesto" de uma geógrafa viúva da revolução

Uma afirmação de Milton Santos que se tornou emblemática durante a consolidação da geocrítica como corrente hegemônica da geografia era a de que essa ciência estava “viúva do espaço”. Contudo, os avanços sociais logrados sob o capitalismo (jamais reconhecidos por Santos e outros geocríticos) colocaram em xeque as visões que eles construíram acerca do espaço e das relações entre Estado, mercado e sociedade. Para piorar, o desastre socialista deixou os geocríticos viúvos da revolução, o que levou a maioria deles a substituir a tese da centralidade operária pelo discurso politicamente correto em favor das minorias sociológicas.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

CQD: Não existe "movimento estudantil" no Brasil atual

Em entrevista ao jornal Gazeta do Povo, afirmei que as entidades representativas do dito "movimento estudantil" carecem de representatividade e que, desde meados dos anos 1980, atuam de forma politicamente subordinada a partidos e grupelhos de esquerda. Publiquei até dois posts detalhando essa avaliação aqui no Tomatadas, como se pode ver acessando o marcador Universidade.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Professores da FFLCH-USP querem que o campus seja território de corporações

A Congregação da FFLCH-USP, no pronunciamento público em que faz média com o bando que invadiu o prédio da administração dessa faculdade, revela o modo de pensar autoritário e politicamente manhoso de nossa intelectualidade. Já comentei o pacifismo hipócrita do pronunciamento no post anterior, então vou destacar uma passagem que, obliquamente, mostra o pendor autoritário dos seus autores.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

As ciências humanas da USP: hipocrisia e atração pela delinquência

Tenho simpatia pela proposta de regulamentar o uso das drogas consideradas "leves", como a maconha. Ainda assim, repudio fortemente qualquer obstrução do trabalho policial de fazer cumprir as leis em vigor, as quais são muito claras na criminalização do porte de drogas. Se as leis atuais forem ruins, devem ser mudadas pelas vias constitucionais, não pela ação de traficantes que, aliados a militantes esquerdistas sem rumo e sem escrúpulos, afrontam a democracia e o estado de direito!

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

A palestra que não aconteceu

Em fevereiro de 2009, apresentei uma palestra durante a mesa redonda Capitalismo e agricultura, que fazia parte do XIX Encontro Nacional de Geografia Agrária – Enga. A pedido da organização do evento, elaborei um artigo detalhando o conteúdo da palestra, o qual deveria ser publicado numa coletânea com os artigos apresentados nas mesas redondas desse Encontro.

A palestra fazia refutações diretas e pesadas contra os mitos que povoam a geografia agrária brasileira, especialmente a suposição de que há necessidade de fazer uma "reforma agrária ampla e massiva" para resolver o problema da desnutrição (que praticamente já deixou de existir, mesmo sem essa política) e a falsa dicotomia agronegócio versus campesinato. Daí minha surpresa ao pensar que o artigo seria publicado na coletânea, sobretudo considerando que a editora com a qual estava sendo acertada a publicação era a Expressão Popular.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Rogério Haesbaert não admite, mas é um geógrafo crítico

Uma vez que a geografia crítica se tornou hegemônica, ninguém mais quer se assumir como um geógrafo crítico. Isso soa paradoxal, mas faz todo sentido. Se as teses fundamentais da geocrítica são aceitas por todos como verdades evidentes por si mesmas, que originalidade ou sofisticação pode haver no pensamento de um autor que se diz crítico ou radical? Por isso, é raro encontrar, além de uma Ana Fani Alessandri Carlos, quem continue a agitar a bandeira da geocrítica hoje em dia. 

Assim, falar em hegemonia da geocrítica significa dizer que mesmo autores que nunca se propuseram a desenvolver essa perspectiva reproduzem seus pressupostos essenciais. É o caso de Rogério Haesbaert. Ele trabalha quase exclusivamente com teóricos radicais, que incluem, além de Marx e Engels, uma gama de marxistas, pós-modernistas e ecléticos, tais como Milton Santos, David Harvey, Marcelo Lopes de Souza, Carlos Walter Porto Gonçalves, José de Souza Martins, Gilles Deleuze, Félix Gattari, Michel Foucault, Giorgio Agamben e Boaventura de Souza Santos (Haesbaert, 2006; 2004).

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Atraso e falta de ética científica não são exclusividades da geografia

O número mais recente da revista Estudos avançados, da USP, é a prova de que o atraso ideológico e os problemas éticos derivados da mistura de pesquisa científica com engajamento político não são males apenas da geografia, mas de toda a ciência social brasileira. Como relatam Leandro Narloch e Duda Teixeira, a edição 72 dessa revista traz o "Dossiê Cuba", uma coletânea de 15 "artigos sem nenhuma intenção científica e peças de propaganda escritas por pessoas ligadas ao governo cubano". 

sábado, 22 de outubro de 2011

Contra os idiotas, fatos e também o bom e velho mau humor

Estou lendo o livro A volta do idiota (Lexikon, 2007), que complementa o Manual do perfeito idiota latino-americano, publicado dez anos antes. Ambos foram escritos por Plinio A. Mendoza, Carlos A. Montaner e Álvaro V. Llosa, os quais desmontam as ideologias populistas e socialistas que fazem tanto sucesso aqui na América Latina, para desgraça da região. As armas de suas críticas são: conhecimento histórico, estatísticas socioeconômicas e, por fim, mau humor de qualidade (conforme já comentei noutro post). 

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

A China responde a Celso Furtado

É óbvio que o consumo de recursos naturais cresce à medida que a renda per capita em um país se eleva. Mas sempre é bom lembrar que, de acordo com o estudo que serviu de base para o famoso documento Os limites do crescimento, do Clube de Roma, essa relação entre as duas variáveis não é constante. Uma vez atingido um alto patamar de renda per capita, o consumo de recursos naturais por habitante já não cresce tão depressa, tendendo a estabilizar-se a proporção. 

sábado, 15 de outubro de 2011

O segundo erro dos "melancias"

Adaptar as contestações românticas à economia de mercado ao debate ambiental é um equívoco que os “melancias” complementam com outro, cuja ascendência remonta à teoria econômica de Marx. 

Esse autor encampou e manteve as críticas do romantismo à “sociedade burguesa”, mas isso não quer dizer que tenha parado por aí. Após elaborar sua teoria econômica, sobretudo em O Capital, Marx tinha em mãos argumentos bem mais sofisticados, e apresentados como científicos, para atacar o capitalismo. E uma das conclusões fundamentais dessa teoria é que a produção capitalista obedeceria a uma lógica de extração de mais-valia e de acumulação de capital como um fim em si mesmo. O caminho usado pelos intelectuais e ativistas de esquerda para adaptar essa tese à problemática ambiental é, assim, bastante simples e direto: sob o capitalismo, o crescimento econômico contínuo torna-se um objetivo em si, o que esbarra na finitude dos recursos do planeta e beneficia apenas uma minoria da população mundial. 

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

E Vesentini divulga esse primeiro erro

Basicamente, o ensino fundamental e o médio têm por objetivos transmitir os valores da cidadania, apresentar uma breve introdução a algumas teorias explicativas de fenômenos naturais e sociais e, por fim, desenvolver as habilidades cognitivas necessárias para que os alunos reflitam criticamente sobre essas explicações. Todavia, muito do que vai escrito nos livros didáticos são apenas ideologias políticas apresentadas aos alunos como se fossem verdades evidentes por si mesmas. 

domingo, 9 de outubro de 2011

O primeiro erro dos "melancias"

Como se sabe, “melancias” é o apelido jocoso daqueles que usam a questão ambiental como arma de luta ideológica contra o capitalismo, já que eles são verdes por fora, mas vermelhos por dentro. E eles bem que merecem o apelido, pois seus discursos apenas adaptam as velhas críticas éticas e morais contra a economia de mercado aos problemas de meio ambiente. 

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A crítica das esquerdas ao consumismo também é demagogia

Uma das ideias mais empregadas para culpar o capitalismo pela dita "crise ambiental" é que as grandes empresas estimulam o consumismo, ideologia que obriga ao uso de quantidades crescentes de recursos naturais para a produção de coisas desnecessárias. Mas, como eu expliquei no post anterior, essa tese passa ao largo da incapacidade de decidir como deveria ser definido o equilíbrio entre poder de consumo, uso de recursos naturais e realização pessoal numa sociedade pós-capitalista. O melhor exemplo disso está num trecho de uma entrevista que Milton Santos concedeu à revista Caros Amigos, conforme segue: 

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O ambientalismo dos geógrafos é demagogia esquerdista

Um dos mantras que não param de ser repetidos pelos intelectuais e professores brasileiros é o de que o capitalismo é, em si mesmo, antiecológico. Na geografia, vemos isso nos escritos de Ana Fani Alessandri Carlos, Marcelo Lopes de Souza, José W. Vesentini, e de tantos outros autores. Ideia sempre repetida com a ligeireza de quem pensa estar enunciando uma verdade tão evidente que não precisa ser comprovada. 

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Marcelo Lopes de Souza: a banalidade da geografia

Poucos geógrafos atuais são tão festejados quanto Marcelo Lopes de Souza. E poucos são tão simplificadores quanto ele. Ao discutir a violência nas grandes cidades brasileiras e as contribuições do planejamento urbano para combatê-la, esse autor começa dizendo, corretamente, que não existe uma causa única para a criminalidade, pois mesmo a pobreza não opera de forma determinista, conforme demonstra a conhecida comparação entre Brasil e Índia. Pouco adiante, porém, reproduz as concepções da geocrítica sobre a lógica do capitalismo, desqualifica a democracia representativa e, ato contínuo, afirma a necessidade de realizar uma utopia radical: 

domingo, 25 de setembro de 2011

Gomes só não deu nome aos bois

Em um ótimo artigo, Paulo César da Costa Gomes (2009) afirma o seguinte: “a ideia de uma ordem espacial pode substituir a quimérica busca pelo domínio de um objeto específico e ao mesmo tempo significar a superação das causalidades simplistas, a tentação do fácil consenso banal e das respostas a priori, características que têm sido bastante nocivas à afirmação de um campo de análise efetivamente relevante para a geografia”.

sábado, 24 de setembro de 2011

Ainda sobre as organizações que não mudam

Para encerrar o post anterior, cabe avaliar mais três comentários publicados por estudantes no site do jornal Gazeta do Povo, em que foi publicada uma matéria que questiona a legitimidade das organizações estudantis. Os comentários dos alunos seguem em itálico.

"Qualquer posição, ação, tem conteúdo ideológico e político. Ou seja, o fato de querer (des)ideologizar, despolitizar, já por si só uma doutrina e uma ideologia. Que a meu ver, é uma ferramenta de desmobilização, ataque ideológico sobre qualquer tentativa de se organizar concretamente coletivamente, visando ações, independente de que pauta esteja sendo reivindicada. Reclamações sobre se entidades, partidos, representam ou não, surgem exatamente desta ideologia e doutrina, de despolitização!".

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Um "movimento" que nunca muda


Como era de esperar, muitos estudantes publicaram comentários na página da internet em que saiu a matéria do jornal Gazeta do Povo sobre a falta de legitimidade do tal “movimento estudantil”. Vários desses comentários mostram que o “movimento” continua parado no mesmo lugar em que estava na segunda metade dos anos 1980, quando eu participei da política universitária. Durante um ano, fiz parte da diretoria do centro acadêmico, na FFLCH-USP. Participei de diversas reuniões, assembleias e discussões informais, mas o saldo dessa experiência foram três conclusões que me levaram a abandonar a militância para sempre. Vejamos:

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Entrevista sobre a doutrinação ideológica no ensino

O site No Mundo e nos Livros acabou de publicar um artigo que fala da educação em casa como alternativa ao problema da doutrinação ideológica nas escolas. O artigo traz uma entrevista com a equipe do site Escola Sem Partido na qual o coordenador desse site, Miguel Nagib, atua como mediador, enquanto eu respondo às perguntas. Vamos a elas, então.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A "revolução das aparências" nas universidades


O jornalista José Maria e Silva publicou recentemente um ótimo artigo: Ensino superior: a revolução das aparências

O texto se fundamenta em análises estatísticas e conclui: "ao contrário do que insinua o ufanismo verde-amarelo das universidades com o governo Lula, nenhum dado sobre educação no Brasil indica que há um fosso entre o ensino superior dos tucanos e o dos petistas". E ainda faz uma crítica excelente à falta de insenção dos jornalistas, dos pesquisadores das universidades e até dos órgãos técnicos do Estado. Um antídoto contra a ideia nefasta de que "tudo é ideologia".


OBS.: Publicado originalmente em 22 de agosto de 2011 no site Geografia em Debate

domingo, 18 de setembro de 2011

Comentário de um aluno sobre o dito "movimento estudantil"

Concedi uma entrevista ao jornal Gazeta do Povo para tratar da partidarização da política estudantil, algo que vem sendo muito discutido neste momento em que o DCE decretou greve dos estudantes (sic!). Um aluno me mandou um e-mail sobre a entrevista e me autorizou a publicá-lo aqui, desde que eu não citasse o seu nome. As razões do anonimato ficam claras ao final do comentário que ele fez, conforme segue.

sábado, 17 de setembro de 2011

O "movimento estudantil" e a censura

Quando eu era calouro da FFLCH-USP, o filme Je vous salue Marie (1984), de Jean-Luc Godard, havia sido proibido no Brasil (com apoio da igreja, por sinal; Dom Hélder Câmara até defendeu enfaticamente a proibição ao debater o assunto com jornalistas na TV). Mas um grupo de alunos veteranos levou os calouros para assistir à fita na sala de vídeo da faculdade, e uns jornalistas fizeram uma pequena matéria a respeito que saiu publicada no Estadão.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Augusto Nunes de ótimo mau humor

Em 1990, o jornalista Ruy Castro publicou um livro delicioso e de muito sucesso, intitulado O melhor do mau humor. Trata-se de uma "antologia de citações venenosas" que criticam tudo e todos com ironia e elegância. E, como ele próprio avisa na introdução, o mau humor a que se refere o livro costuma ser confundido com rabugice, pois serve para expressar "aquele justo sentimento de indignação que se apossa de nós quando alguém nos pisa nos calos emocionais ou intelectuais".

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Ruy Moreira complementa Schopenhauer


O filósofo alemão Arthur Schopenhauer escreveu um livro (que não chegou a ser concluído) intitulado ironicamente The art of being right (A arte de ter razão). O título desse livro em português é muito engraçado: Como vencer um debate sem precisar ter razão. Mas o objetivo do livro não é ser uma peça de humor, já que põe a ironia à serviço de uma análise rigorosa de certas estratégias de argumentação que, em vez de serem usadas para chegar à "verdade" sobre o assunto em discussão, visam apenas conduzir o debatedor à vitória. Assim, à arte de argumentar com o objetivo de vencer por qualquer meio, lícito ou não, Schopenhauer deu o nome de "dialética erística", e a obra lista 38 estratagemas dialéticos desse tipo.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Bônus para professores melhora qualidade do ensino


Como visto em posts anteriores, os sindicatos de professores possuem grande parcela de culpa pelos problemas da educação brasileira. Com vistas a demonstrar os truques retóricos que essas entidades usam para defender interesses corporativistas prejudiciais à educação, nada melhor do que confrontar dois textos que defendem pontos de vista opostos sobre a política de bonificações que vem sendo aplicada no sistema de ensino do estado de São Paulo.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

A culpa da nossa direita


Leslie Bethell, no ensaio Brasil: o legado dos 500 anos e o futuro, publicado em 2000, expõe uma análise da história brasileira cheia de ideias bastante comuns na nossa academia e nos meios jornalísticos. Dentre elas, vale destacar a seguinte: “em uma democracia, é responsabilidade dos partidos políticos de esquerda e centro-esquerda assegurar o apoio da maioria do eleitorado aos programas de mudança social ou, pelo menos, forçar os partidos de direita e centro-direita a darem pelo menos alguma atenção ao atendimento das necessidades econômicas e sociais básicas da massa da população, dispondo-se a considerar algumas políticas sociais compensatórias, redistributivas, ainda que seja apenas para driblar demandas por mudanças mais radicais” (Bethell, 2000, p. 493).

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Estamos mal de currículo?


Durante a última reforma curricular realizada no Departamento de Geografia da UFPR, em 2007, redigi uma proposta de reformulação cujo pressuposto fundamental era o de que o novo currículo deveria ser pensado com o fim de elevar a empregabilidade dos alunos. A maioria dos professores que se manifestou a respeito, porém, disse que o mercado de trabalho, embora importante, não é essencial na elaboração de um currículo (ver aqui).

Entretanto, o problema da empregabilidade dos alunos voltou à baila em reuniões departamentais recentes que trataram do concurso a ser aberto para contratação de um professor para a vaga da Innês, que está se aposentando. A questão foi abordada em pelo menos dois momentos:

domingo, 11 de setembro de 2011

História mal contada da América em livro de geografia

Recentemente, o jornalista Leandro Narloch publicou o seu novo Guia politicamente incorreto da história da América Latina, o qual ainda não tive tempo de ler. Mas já foi divulgado que esse livro, assim como o Guia anterior, visa desfazer as monstruosas distorções que os livros de história vêm transmitindo nas últimas décadas. Nesse sentido, cabe-me acrescentar que os livros de geografia não ficam atrás em termos de distorção ideologizada da história brasileira e latino-americana.

sábado, 10 de setembro de 2011

Quem precisa citar fontes?

O geógrafo Herivelto Soares da Costa me enviou por email um comentário que complementa o que eu escrevi no post A retórica rasteira de Milton Santos. Eu havia comentado com ele que, quando Santos percebeu que qualquer coisa que ele dissesse ou escrevesse seria acatado pelos geógrafos e intelectuais críticos sem questionamentos, aproveitou-se disso para fazer retórica anticapitalista sem ter que se dar ao trabalho de apresentar evidências empíricas para provar suas afirmações. Herivelto complementou essa avaliação ao lembrar que Santos chegou a dispensar-se até de apresentar evidências documentais, conforme segue:

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Sobre o nazi-petismo


No post "A Última do Nazi-Petismo(?)" eu comparei certa propaganda viral que circula na internet, e que tem conteúdos idênticos aos discursos do PT, com as estratégias de propaganda que os nazistas usavam. A identidade está no fato de que o PT, assim como recomendava Joseph Goebbels, mente repetidamente para transformar a mentira em verdade. Certa vez eu escrevi isso numa discussão em lista de e-mail e o meu interlocutor (um geógrafo petista, como são quase todos os geógrafos) se sentiu ofendido. Mas a comparação é perfeitamente justa. Se alguém ainda tiver alguma dúvida disso, basta acompanhar o chamado "escândalo do dossiê dos aloprados".

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

"Marx devia ser brasileiro"

Faz pouco tempo, eu estava conversando com uma estudante alemã que assistia às minhas aulas de Geografia do Brasil e ela fez um comentário muito interessante e pertinente. Ela disse que, nas universidades da Alemanha, Marx é estudado como um clássico das ciências sociais, um clássico entre outros. Todavia, aqui no Brasil, nas várias disciplinas que ela cursou em departamentos diferentes, praticamente só dava MARX (a exceção era justamente a minha disciplina). Daí o comentário irônico que ela fez: "eu acho que Marx devia ser brasileiro".

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Gogol e os petistas sem nariz

O escritor russo Nikolai Gogol é autor de um conto fantástico muito original e divertido, intitulado O nariz. Há mais de um enredo no conto, mas o que interessa aqui é a história de um burocrata russo com o pomposo cargo de "oficial de colegiatura" que, numa dada manhã, acorda completamente sem nariz! Ele então sai à procura do dito cujo, pois ficar apenas com um espaço liso no lugar do nariz era uma indignidade. Num dado momento, ele afirma: "qualquer vendedora de laranjas descascadas na ponte Voskresênski pode ficar ali sentada sem nariz, mas um rosto que aspira ao cargo de governador [...]".

domingo, 4 de setembro de 2011

O peleguismo dos nossos sindicatos

O geógrafo Lucivânio Jatobá enviou-me cópia de uma mensagem de e-mail que trata do peleguismo dos sindicatos de professores universitários. Realmente, não há comparação entre a combatividade desses sindicatos antes da Era Lula e sua complacência com os governos petistas. Mas vamos às explicações dele.

sábado, 3 de setembro de 2011

A retórica rasteira de Milton Santos


Quando Milton Santos dizia que a pobreza estava aumentando, muitos intelectuais acreditavam sem nem se incomodarem com o fato de ele não citar estatísticas para corroborar tal diagnóstico. Nas raras ocasiões em que era questionado, Santos contava com essa falta de senso crítico de intelectuais ávidos pela comprovação de suas ideologias anticapitalistas para descartar as críticas com uma retórica rasteira e contraditória

De fato, num debate em que o urbanista Jordi Borja contestou a afirmação feita por Santos de que a pobreza estaria aumentando, este se justificou da seguinte forma:

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

A mitificação de Milton Santos

Poucos intelectuais brasileiros foram tão mitificados quanto Milton Santos, e não só pelos geógrafos. Certa feita, abri o Estadão e dei risada ao ler o seguinte: "Ele entra para a história intelectual do País não só por antever as perversidades da globalização e os fenômenos mundiais da urbanização, mas por ter revolucionado a geografia, ao entendê-la como uma ciência humana e não natural" (Pires, 2007, p. D9).

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

A última do nazi-petismo(?)


Recebi uma mensagem, enviada para outros 229 endereços de e-mail (!), com o conteúdo abaixo:

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Subject: FHC
Date: Wed, XX Apr 2011
Beltrano,
Para guardar e mostrar para seus alunos de História.
Abços.
Fulano de Tal
XX (XX) 9999-9999
CRECI – XXXXXX
Compromisso com a Verdade
Caso queira cancelar o e-mail - Informe-nos! Obs. Esta mensagem constitui informação privilegiada e confidencial, legalmente resguardada por segredos profissional, nos termos do art. 7º, inc. II, e ss. da Lei nº 8.906/94, referindo exclusivamente ao relacionamento pessoal entre remetente e o destinatário, sendo vedada a utilização, divulgação ou reprodução do seu conteúdo.
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terça-feira, 30 de agosto de 2011

MST só se mostra por inteiro a portas fechadas


Já tive oportunidade de discutir com alguns professores sobre o forte teor de doutrinação ideológica praticado nas escolas do MST. São todos unânimes em dizer que isso não é verdade, que não há doutrinação nenhuma, mas usam argumentos contraditórios. Começam dizendo que não há doutrinação, mas, se pressionados, alegam que o agronegócio é que doutrina, deixando assim sugerido que, se os outros fazem errado, não sobra alternativa além de fazer o mesmo. (Eu só gostaria de saber como e com quem o agronegócio faz doutrinação, já que os professores e livros didáticos são quase todos adversários desse setor empresarial).

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

A culpa dos sindicatos de professores

Conforme comentei no post anterior, os sindicatos de professores são parte dos problemas da educação brasileira, não das soluções. Eles não mobilizam de fato os recursos econômicos e humanos de que dispõem para combaterem o problema da indisciplina nas escolas, o qual é extremamente prejudicial para a qualidade do ensino e para as condições de trabalho dos professores.

domingo, 28 de agosto de 2011

Tenho pena dos professores


A educação básica não precisa de computador, não precisa de grandes teorias pedagógicas. Nenhum país de primeiro mundo tem nos primeiros quatro anos, que são os mais críticos, nada além de um quadro-negro, giz, um bom professor que saiba ensinar, um livro didático que seja utilizado todos os dias em aula e disciplina rígida em sala. CLAUDIO DE MOURA CASTRO. Entrevista. Revista E, n. 108, maio 2006.

sábado, 27 de agosto de 2011

Finalizando a crítica a Elias Saliba


No post anterior, argumentei que a crítica do historiador Elias T. Saliba ao Guia politicamente incorreto da história do Brasil é desonesta, entre outros motivos, por sugerir que o livro alimenta “teorias conspiratórias” quando, na verdade, é a historiografia criticada por essa obra que procede assim. Não vou retomar esse assunto, mas vale a pena indicar um texto recente de Leandro Narloch que comprova o que escrevi naquele post: Quem disse que sou contra Zumbi?

Agora, vou apontar uma segunda crítica, ainda mais desonesta que a primeira, feita por Saliba ao livro: “[...] uma fonte bastante citada por Narloch é um autor muito conhecido que atende pelo nome de 'www'. A internet – ela mesma – se transformou numa fonte histórica, o que é bom: o problema é que a maioria dos sites faz um trabalho muito ruim no sentido de documentar suas informações”.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Historiador reage mal ao livro de Narloch


Recentemente, o historiador Elias Thomé Saliba (2011), do Departamento de História da USP, deu uma entrevista na qual comenta, entre outros livros, o Guia politicamente incorreto da história do Brasil (Leya, 2009), do jornalista Leandro Narloch. Nunca li nada desse historiador, mas a impressão que tirei da entrevista não foi boa, devido à desonestidade intelectual de algumas afirmações. E dizem que a primeira impressão é a que fica.