quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Entrevista sobre a doutrinação ideológica no ensino

O site No Mundo e nos Livros acabou de publicar um artigo que fala da educação em casa como alternativa ao problema da doutrinação ideológica nas escolas. O artigo traz uma entrevista com a equipe do site Escola Sem Partido na qual o coordenador desse site, Miguel Nagib, atua como mediador, enquanto eu respondo às perguntas. Vamos a elas, então.


1. Existe doutrinação ideológica no Brasil atualmente?

Sim. A doutrinação teórica e ideológica de esquerda começou a pautar os conteúdos escolares de ensino médio e fundamental já no final dos anos 1960, ainda que de forma incipiente. Nos anos 1980, as teorias, ideologias e valores de esquerda já estavam bastante disseminados nesses níveis de ensino e também nos cursos de ciências humanas e sociais das universidades. Assim, foi já na primeira metade dessa década que o viés doutrinador começou a pautar os livros didáticos, além de servirem de base para a redefinição da política educacional do governo do estado de São Paulo na gestão Franco Montoro (1983-1987). Nos anos 1990, os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN já mostravam a influência das perspectivas teóricas e ideológicas anticapitalistas na definição dos métodos e conteúdos escolares no país todo. Dessa década em diante, portanto, a doutrinação de esquerda já se mostra uma prática hegemônica e oficializada no sistema brasileiro de ensino, ditando os conteúdos dos programas oficiais de ensino, dos livros didáticos e das aulas.

Nas universidades o quadro é o mesmo, especialmente nos cursos de pedagogia, licenciatura e de ciências humanas e sociais.

2. Quais casos de doutrinação ideológica mais chamaram a atenção da equipe do Escola sem Partido?

É difícil dizer, pois são inúmeros e chamam atenção por motivos diferentes. Podemos citar alguns e o motivo pelo qual merecem atenção especial.

Os conteúdos de livros didáticos como os de Mário Schmidt, Marilena Chaui e José William Vesentini, entre muitos outros. Esses livros explicam a realidade de forma unilateralmente pautada por teorias, valores e ideologias de esquerda, além de conterem informações falsas e distorcidas que procuram fazer a realidade se encaixar nas críticas marxistas e de outras correntes de esquerda à sociedade capitalista, à democracia representativa e aos valores ocidentais. O caso chama atenção porque esses livros são distribuídos anualmente à milhões de crianças e adolescentes no país inteiro, inclusive às custas do Estado.

Os muitos casos de questões de vestibular que forçam os alunos a assimilar e reproduzir visões esquerdistas para terem chances de entrar para a universidade. Questões desse tipo também contribuem para que os conteúdos do ensino médio sejam ditados por teorias afinadas com a esquerda política e as ideologias anticapitalistas.

O caso do professor "Carlão", que dá aulas de história em um cursinho. Além de transmitir informações completamente falsas sobre a economia e a política externa norte-americanas, faz apologia explícita do terrorismo em sala de aula, e sempre em tom de brincadeira e deboche. O caso chamou atenção tanto pelo baixo nível do conteúdo e linguagem utilizados pelo professor como também pela gravidade moral das brincadeiras com as quais ele elogiou os atentados de 11 de setembro. Além disso, é preciso destacar que o conteúdo das aulas desse professor é coerente com o que está escrito nos livros didáticos de ensino médio e fundamental, de sorte que o professor "Carlão" está longe de ser um exemplo isolado.

O caso das Escolas Itinerantes do MST. Trata-se de um problema grave porque dinheiro público está sendo usado para financiar escolas que visam transformar as crianças e adolescentes em militantes de uma determinada organização política e, o que é pior, uma organização com características paramilitares, conforme já denunciou Gilberto Thums, procurador do Ministério Público Estadual.

Uma tese de doutorado em educação que, ao tratar do problema da ação de uma gangue numa escola da periferia, minimiza a gravidade dos crimes cometidos pelos membros da gangue com o argumento implícito de que as ações violentas são apenas expressões inconscientes de rebeldia contra um sistema social e econômico injusto. A instituição escolar é criticada nessa pesquisa por exercer violência simbólica contra os alunos, ao passo que a violência de fato praticada pela gangue acaba sendo, em última instância, justificada. O caso chama atenção por demonstrar que as ideologias que estão sendo transmitidas de forma doutrinadora pelo sistema de ensino não apenas distorcem os conteúdos escolares como também contribuem para desarmar a escola frente à indisciplina, desrespeito e até ações violentas praticadas por alunos, pois os professores estão sendo formados com essa visão de que o uso da autoridade é sempre uma repressão de comportamentos que são socialmente explicáveis e, em certo sentido, justificáveis.

3 - De que ou onde parte essa doutrinação e quem são os afetados por ela?

Como visto, as práticas e conteúdos doutrinadores são amplamente disseminados, pois estão presentes nas salas de aula, nos livros didáticos, nas provas de vestibular, nos cursos de formação de professores e nas políticas oficiais de ensino, em nível federal e estadual. Os afetados por essas práticas são os alunos de ensino fundamental, médio e superior, que não têm a chance de conhecer interpretações alternativas sobre os problemas sociais e econômicos e ainda formam uma visão de mundo baseada em informações factuais falsas.

Vale acrescentar que a doutrinação acaba afetando negativamente a qualidade do regime democrático, por dois motivos: primeiro, porque a democracia representativa é desqualificada pelas teorias e ideologias que estão sendo transmitidas aos alunos; segundo, porque os valores afinados com a esquerda política são apresentados pelos professores como os únicos ética e moralmente defensáveis, ao passo que valores identificados com a "direita" são demonizados, e esse maniqueísmo acaba impedindo a aceitação democrática das diferenças.

Um comentário:

  1. Os alunos estão sendo bombardeados pelas teorias marxistas-leninistas, cuja finalidade nada mais é do que "lutar contra o sistema" nem que pra isso seja necessário o uso da violência, vide exemplo do prof. da UFRJ Mauro Iasi.
    Os estudantes estão sendo transformados em militantes fanáticos de ideologia esquerdista, onde eles (os alunos) são transformados em vítimas sociais de um sistema cruel e impiedoso.
    É mais fácil criar essa ideia de luta de classes do que elevar a qualidade educacional do país para poder inseri-las no "sistema".
    É muito mais fácil manter o povo na ignorância do que educá-los, pois quanto mais alienado o povo for, mais fácil de ser manipulado!

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