quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Vesentini perpetua bobagens e ganha dinheiro com CTRL C, CTRL V

Para demonstrar os efeitos nefastos da doutrinação ideológica no ensino médio, em meu último livro, analisei duas obras didáticas de José W. Vesentini, o responsável pela introdução das ideias da geografia crítica e radical nesse segmento do mercado editorial brasileiro (Diniz Filho, 2013). Usei as edições de 1996 e 1998 de Brasil: sociedade e espaço e também a edição de 2005 de Geografia: geografia geral e do Brasil para revelar como os livros que seguem a pauta da geocrítica distorcem completamente a realidade brasileira pelo mau uso que fazem das informações estatísticas e pelo modo como perpetuam explicações anacrônicas e simplistas sobre agricultura e alimentação no Brasil.

Pois bem. Decidi checar um livro mais recente, que é Geografia: o mundo em transição (Vesentini, 2013) para ver se teria havido alguma melhora nos últimos anos. Não que eu esperasse melhora, na verdade, mas, por desencargo de consciência, fui verificar. Resultado: nesse livro, Vesentini reproduz, com poucas alterações, passagens inteiras dos livros que eu avaliei, repetindo os mesmos conteúdos distorcidos e incorrendo nos mesmos erros!

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Nós não usamos a Avaaz. A Avaaz é que nos usa

Assim como inúmeras outras pessoas, já assinei umas poucas petições divulgadas por meio da Avaaz. Hoje, evito fazer isso, e por um motivo simples: ao invés de ser um canal para a livre manifestação de ideias e opiniões, a Avaaz é uma organização política de esquerda que censura petições das quais discorda e que usa os e-mails de todas as pessoas que algum dia já assinaram alguma petição no site para pedir dinheiro e também para dar ampla divulgação às petições que a organização considera mais relevantes.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

PT esconde números que provam que seus governos são lixo

Acabei de ler um artigo (obrigado pela indicação, Anselmo!) que mostra a crise instalada no Ipea pela censura à divulgação de informações que provam que, ao contrário do que alardeia a propaganda petista, a concentração de renda aumentou de 2006 a 2012. De fato, dois funcionários desse Instituto pediram exoneração por discordarem dessa censura absurda, que denota um profundo e autoritário aparelhamento do Estado.
 
Esse episódio prova que, até recentemente, os governos do PT não censuravam as instituições de pesquisa de forma escancarada, tal como acontece na Venezuela e na Argentina, porque a continuidade da política econômica de FHC num contexto internacional extremamente favorável tornava possível dar continuidade a alguns avanços iniciados com o Plano Real sem que o PT fizesse qualquer das reformas estruturais de que o Brasil necessita. Mas, à medida que os bons ventos da economia mundial pararam de soprar, e que novas pesquisas mais detalhadas provaram que os governos do PT não têm mérito nenhum, a única saída foi esconder os dados e desmontar os órgãos de pesquisa.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Números provam que PT é um lixo

Assim como em outras eleições, andam circulando pela internet textos segundo os quais as estatísticas econômicas e sociais provariam que os governos do PT foram melhores do que os anteriores e trouxeram um grande avanço para o país. Bem, como eu já escrevi, o PT vive de torturar estatísticas para fazer propaganda enganosa. E ainda aparelha os órgãos oficiais de pesquisa para embutir propaganda partidária em textos que deveriam ser técnicos. Assim, como pequeno antídoto contra esse tipo de propaganda mentirosa (na qual muitos professores acreditam) vou citar algumas informações sociais e econômicas, conforme segue:

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Aécio virou! Economia salvou Lula do mensalão. Já Dilma...

Votei em Aécio Neves para presidente e, graças à virada que ele deu, já tenho candidato para o segundo turno - eu pensava em votar em branco. Não vou especular sobre as causas dessa virada, pois uma análise consistente exigiria uma batelada de dados de pesquisas de opinião qualitativas sobre as visões do eleitorado a respeito dos três principais candidatos, algo de que não disponho. Jornalistas tarimbados, como Augusto Nunes e Ricardo Setti, não conseguem ir muito além de apontar elementos subjetivos que podem ter contribuído, como a segurança demonstrada por Aécio Neves, que não se deixou abater diante da onda Marina. 

E nem sei dizer quem poderia dispor de bons dados para uma análise mais profunda, tendo em vista que o Ibope e o Datafolha erraram feio, muito feio mesmo, nas pesquisas sobre a eleição presidencial e de diversos outros pleitos para governos estaduais e para o senado. Sendo assim, meu objetivo é fazer duas observações gerais com base em informações quantitativas mais seguras. 

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Ioschpe: Aécio tem melhor programa para educação

Gustavo Ioschpe é, sem sombra de dúvida, um dos melhores especialistas brasileiros em educação. E ele acabou de fazer uma análise objetiva e ponderada dos programas dos três principais candidatos à Presidência para essa área. 

Conforme ele ressalta logo no início no texto, avaliar os programas para a educação não implica fazer uma declaração de voto e nem uma análise global dos candidatos e de suas propostas de governo. E ele está certo nisso, é claro. Mas também é inegável que, sendo o aumento da qualidade da educação crucial para o desenvolvimento econômico e para consolidar o regime democrático, devemos dar uma importância bastante grande às propostas feitas pelos candidatos nessa área.

Sinteticamente, Ioschpe conclui que as melhores propostas são de Aécio Neves, que as de Dilma ficam em segundo lugar e que as piores de todas são as de Marina Silva. Quem desejar ler o artigo todo, que é um pouco extenso, só precisa clicar no link abaixo indicado. Na sequência, seleciono algumas passagens especialmente esclarecedoras.

Boa leitura!

sábado, 20 de setembro de 2014

Redução da desigualdade começou com FHC e foi revertida pelo PT

Fonte: Hoffman, 2006

O gráfico acima foi elaborado com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio - PNAD, e consta de um amplo estudo do Ipea sobre a desconcentração de renda no Brasil. O processo começou em 1995, um ano após a entrada em vigor do Plano Real, e se acelerou a partir de 2001. Com a chegada do PT ao poder, o processo teve continuidade no ano de 2003, mas acompanhado de aumento da pobreza: é que parte das pessoas que já tinha ultrapassado a linha de pobreza voltou a ser pobre, diminuindo a desigualdade entre a população de renda média baixa e a população mais pobre. Já no biênio 2004-2005, a pobreza voltou a cair com velocidade semelhante àquela dos anos 1994-1995, e a queda da desigualdade prosseguiu. Contudo, já naqueles anos se notava uma desaceleração desse processo, como aparece claramente em todas as curvas do gráfico.

E dali para frente? Muito ao contrário do que dizem os petistas, a concentração de renda voltou a crescer com o PT no poder! Uma pesquisa elaborada pelo Ipea demonstra que, entre 2006 e 2012, a fatia que os 5% mais ricos detinham na renda total do país passou de 40% para 44%. Essa pesquisa usou informações do imposto de renda, sendo, portanto, mais precisa do que os dados da PNAD. É que os dados da PNAD provém de informações transmitidas oralmente pela população aos pesquisadores, o que acaba gerando distorções por conta da subjetividade das respostas. O cruzamento das informações da Receita Federal e da PNAD mostra, aliás, que as pessoas de alta renda são as que mais distorcem as informações, subestimando os valores.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

PT não tem mérito nenhum. Ou: uma lição para Alexandre Schwartsman

Quando petistas querem criticar alguém, não importa quem seja, usam linguagem agressiva, negam que o alvo escolhido tenha qualquer mérito ou qualidade, falam como se fossem moralmente superiores (apesar de seu telhado de vidro já estar completamente espatifado...) e não hesitam um segundo em inventar todo tipo de mentira descarada. É uma postura coerente com o modo de pensar de marxistas e pós-modernistas: já que não existe neutralidade política na ciência, no ensino, no jornalismo, etc., então é justo mentir e caluniar em nome da causa socialista! 

De outro lado, os analistas que criticam o PT parecem se ver na obrigação de mostrar pontos elogiáveis no partido para provar que fazem análises objetivas, confiáveis, sem viés partidário. O resultado é que o PT acaba recebendo um tratamento indulgente, pois é julgado com critérios que não são aplicados aos seus adversários e ainda colhe elogios que não merece.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

CQD: Aécio poupou o governo e está em terceiro! Não foi só azar, não

Tempos atrás, joguei uns tomates num texto de Alberto Carlos Almeida que, com um governismo mal disfarçado, elogiava Aécio Neves por não fazer uma oposição firme ao governo Dilma. Conforme escrevi, "[...] no artigo O jeito Aécio de fazer oposição (Época, n. 720, 05 mar. 2012), Almeida realmente fez aquilo de que tem sido acusado, ou seja, largou mão do rigor para fazer pseudo-análises políticas cujas conclusões só servem para deixar o governo Dilma sair bem na foto. Ele diz que não faz sentido atacar um governo tão bem avaliado e chama aqueles que cobram uma postura mais oposicionista do tucano Aécio Neves de 'intelectuais', ou seja, uma minoria da elite. Depois, afirma que Aécio é um político mineiro muito sábio por ficar fazendo média com o governo a fim de ganhar votos, como se o objetivo de um político devesse ser apenas vencer eleições, e não contribuir para gerar mudanças político-ideológicas e de valores no médio e longo prazos".


Embora eu não possa dizer que tenho muita informação sobre a gestão de Aécio em Minas, o que já li a respeito me deixou com uma impressão positiva, na medida em que seu governo mostrou compromisso com a responsabilidade fiscal, a eficiência administrativa e os valores republicanos. E a estratégia de poupar o governo Dilma de críticas tinha uma lógica que o texto de Almeida, malandramente, escondeu. É que Almeida dava a entender que Dilma tinha boa avaliação por fazer um bom governo, quando a razão era bem outra. Dilma era bem avaliada porque, embora o boom econômico internacional dos anos 2003-2007 já tivesse terminado, os governos do PT ainda eram capazes de elevar a renda de pobres e remediados por meio de aumentos reais do salário mínimo e da expansão do Bolsa Família. Isso era possível graças ao corte de investimentos, à elevação da carga tributária e a um relaxamento cada vez maior da meta de superávit primário e do controle da inflação. Hipotecaram o futuro com populismo.

sábado, 30 de agosto de 2014

Dilma X Marina: se os pobres são racionais, mas desinformados, a elite é mal formada pela escola

Geraldo Samor escreveu um artigo primoroso sobre a influência da economia brasileira na eleição deste ano (Cf.: It's the economy, stupid!... Só falta explicar). No começo do artigo (anterior à morte de Campos), ele mostrava que o favoritismo de Dilma estava na grande dificuldade para as oposições comunicarem ao "homem médio" que o aumento de  renda ocorrido nos últimos anos se deveu a um boom econômico que já terminou e que as escolhas feitas pelo PT no poder comprometeram a renda futura de todos, a começar pela dos mais pobres. 

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Márcio Pochmann tapeia até quando diz uma verdade. Ou: reformas já!

Neste ano de 2014, quando os petistas que ocupam a prefeitura de São Paulo provaram do mesmo veneno que os pelegos da CUT usam contra os adversários políticos do PT (uma greve de motoristas imposta por meios violentos e com exigências salariais absurdas), vale a pena lembrar uma entrevista de Márcio Pochmann a propósito da estrutura de  impostos do Brasil, com destaque para o aumento do IPTU na capital paulista (ver aqui).

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Aumentar salário mínimo não diminui a miséria e nem a desigualdade

Na campanha presidencial em curso, assim como em todas as anteriores, vemos a cambada do PT a falar como se os seus adversários fossem contra a política de elevação do valor real do salário mínimo, a qual seria indispensável para reduzir a pobreza e a concentração de renda. Temos aí duas mentiras descaradas que se valem de duas estratégias diferentes para ludibriar os eleitores.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Por que o MST pariu o MTST: nada a ver com utopia

O Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto - MTST foi fundado em 1997, bem no meio da forte escalada de invasões de propriedades rurais promovida pelas organizações de "sem-terra" na segunda metade da década de 1990. O MTST possui organização e métodos em tudo similares aos do MST, sendo apontado como o "braço urbano" desta última organização: se o MST é uma indústria de invasões de propriedades rurais, o MTST é uma indústria de invasões de terrenos urbanos (aqui).

Para os marxistas e outros teóricos críticos que pesquisam o agro ou o planejamento urbano, organizações desse tipo são evidências de que a instituição da propriedade privada estaria sendo posta em xeque por "movimentos sociais" que, no campo e na cidade, expressam necessidades objetivas e subjetivas da população às quais o Estado não consegue responder adequadamente dentro da ordem capitalista (Diniz Filho, 2013). Mas a verdade é bem outra. 

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Comparar guerra com competição econômica é bobagem fácil e conveniente

Ontem, o canal Curta! reexibiu, pela enésima vez, o documentário Encontro com Milton Santos ou o mundo global visto do lado de cá, de Silvio Tendler. Honestamente, quem vê esse documentário nem precisa se dar ao trabalho de ler os livros que Milton Santos escreveu sobre globalização, os quais são tão superficiais quanto o documentário. Tais livros se resumem a repetir frases feitas contra a economia de mercado, não apresentando qualquer argumento lógico ou evidência empírica para sustentar suas críticas. 

Exemplo claro disso é quando Santos afirma que "a competitividade é um outro nome para a guerra, desta vez uma guerra planetária, conduzida, na prática, pelas multinacionais, as chancelarias, a burocracia internacional, e com o apoio, às vezes ostensivo, de intelectuais de dentro e de fora das universidades" (Santos, 1994, p. 35).

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Santander: PT vai transformando o Brasil na Argentina

Ao analisar a possibilidade de o governo brasileiro reproduzir as políticas econômicas aplicadas nas gestões do casal Kirchner, o economista Fabio Giambiagi chamou a atenção para três questões cruciais. A primeira delas é que o "modelo argentino" era inaplicável no Brasil, em vista das enormes diferenças entre os dois países quanto ao grau de endividamento externo e à conformação de seus sistemas financeiros, entre outras. A segunda é que, ao contrário do que podia parecer, as políticas que garantiram o bom crescimento econômico da Argentina após a moratória de 2001 não foram tão heterodoxas quanto pareciam à primeira vista - a Argentina chegou a ter superávit nominal nas contas públicas, enquanto o Brasil amargava um déficit igual a 3% do PIB. E a terceira questão a considerar é política: na Argentina, as instituições conferem mais poder ao Executivo e a sociedade é mais tolerante com atitudes autoritárias do que no Brasil (Giambiagi, 2007).

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Cultura estatista é fator de atraso para o Brasil

O livro O mistério do capital, de Hernando De Soto (2001), é leitura obrigatória para qualquer um que quiser conhecer uma explicação científica para as diferenças de desenvolvimento entre países alternativa às teorias e ideologias imperialistas que infestam a política latino-americana. Esse autor afirma, com base numa extensa pesquisa histórica, que a chave do desenvolvimento está em um país consolidar as instituições que são fundamentais para estimular indivíduos e empresas a investir capital, sendo a mais importante dessas instituições o direito de propriedade. É necessário haver um sistema integrado formal de representação da propriedade, ou seja, um conjunto padronizado de leis e instituições que asseguram o direito de propriedade e que tornam os possuidores de imóveis urbanos e rurais responsáveis pelo uso que dão a esses bens. Adicionalmente, é preciso que as leis que regulamentam a operação de empresas privadas sejam simples e que os procedimentos burocráticos envolvidos na abertura e fechamento de empresas, no pagamento de impostos, na obtenção de alvarás de funcionamento, entre outros, sejam ágeis e baratos.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Festa da Tomatina: 300 posts!

La Tomatina: a guerra de tomates da Espanha
Já faz alguns anos que mantenho este blog. O número de leitores não é grande, o que está dentro das minhas expectativas iniciais. Afinal, este é um blog que só fala de questões afeitas direta ou indiretamente ao meu trabalho. Nesse sentido, comecei o blog apenas para dispor de um meio de divulgar informações e argumentos que seja mais rápido e flexível do que a publicação de trabalhos acadêmicos.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

O Brasil na globalização: crítica a Milton Santos

Recentemente, tive o prazer de orientar uma dissertação que reavaliou criticamente as ideias de Milton Santos sobre a globalização. Depois, eu e o orientando, Fernando Antonio Salomão Loch, escrevemos um artigo que acabou de ser publicado (Cf.: LOCH, F. A. S.; DINIZ FILHO, L. L. O Brasil na globalização: crítica à perspectiva de Milton Santos. Revista Geografar, v. 9, n. 1, p. 65-99, jun. 2014). Sendo assim, aqui vai um pequeno resumo. 

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Roberto Romano: até astrologia pode ser ciência institucionalizada

Ao analisar o parecer que deu origem ao movimento de intelectuais de esquerda para aparelhar a Capes, eu comentei que a avaliação sumária feita pelo(a) parecerista de que o marxismo não é científico acaba sendo fragilizada pelo fato de que o marxismo já está institucionalizado. Como eu não queria me estender demais naquele texto, deixei de acrescentar que a fragilidade mencionada não está na falta de boas razões para sustentar a avaliação, mas no simples argumento de autoridade. 

De fato, dizer que o método dialético é científico por causa da presença de professores e pesquisadores marxistas em universidades do mundo todo é um argumento válido do ponto de vista institucional, mas, em termos científicos, não quer dizer muita coisa. Afinal, seguindo-se essa linha de raciocínio, basta que a astrologia seja institucionalizada nas universidades para que sua cientificidade seja inatacável, não é mesmo?

Karl Popper já demonstrou que é perfeitamente razoável argumentar que o marxismo se aproxima mais da astrologia e dos mitos do que da ciência. E o filósofo Roberto Romano nos mostra que dinheiro público já está sendo desperdiçado em "pesquisas" astrológicas, como se lê no texto abaixo. Em breve, os astrólogos vão copiar a tática de aparelhamento dos marxistas: vão pressionar de modo que a Capes selecione astrólogos para dar parecer sobre projetos de "pesquisas" astrológicas...

Boa leitura!

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Karl Popper: a diferença entre Einstein, Marx e Freud

Ao contrário do que os marxistas berram (ver aqui), a cientificidade do método e das teorias marxistas é questionável à luz de argumentos epistemológicos perfeitamente racionais, de modo que contestar a capacidade dos pesquisadores marxistas produzirem ciência nada tem a ver com opinião subjetiva e, muito menos, com perseguição ideológica. Para provar isso, vou reproduzir algumas passagens de um texto de Karl R. Popper, um dos maiores filósofos do século XX, no qual se apresentam razões para concluir que nem a teoria marxista da história e nem as teorias da psicanálise são científicas.

O texto se baseia numa conferência realizada pelo autor em Cambridge, no ano de 1953, durante um curso sobre a filosofia inglesa da época. Tomei por base uma tradução do texto feita pela Editora da UnB (*), mas fiz algumas alterações ao cotejar essa edição em português com o texto original. Os itálicos abaixo são todos de Popper.

Boa leitura!

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Caso Capes: a hipocrisia dos pesquisadores marxistas

Recentemente, pesquisadores marxistas e de outras vertentes da teoria social crítica começaram um movimento político de revolta motivado pela resposta negativa da Capes a uma solicitação de recursos para um projeto coletivo de pesquisa intitulado "Crise do Capital e Fundo Público: implicações para o trabalho, os direitos e as políticas sociais". O pedido de financiamento foi negado sob a justificativa de que havia muitos projetos bons requisitando recursos e também a de que os proponentes desse projeto já tinham sido beneficiados pouco tempo antes com recursos do mesmo edital da Capes. Todavia, como o parecer sobre o projeto de pesquisa atribuiu-lhe uma nota baixa alegando que o "método marxista histórico-dialético [...] não garante os requisitos necessários para que se alcance os objetivos do método científico", marxistas e outros teóricos socialistas dos quatro cantos do Brasil se mobilizaram com o objetivo de pressionar a Capes a rever seus critérios e procedimentos (ver aqui).

Eu li o referido parecer, e o considero de má qualidade. Além de muito mal escrito, o parecer faz afirmações categóricas no espaço de duas linhas, sem detalhar o conteúdo do projeto em apreço para justificá-las. No entanto, a reação dos marxistas ao parecer - especialmente considerando que não foi a avaliação feita sobre a falta de cientificidade do marxismo que motivou a recusa da Capes - denota a hipocrisia típica de intelectuais e militantes marxistas: quando eles não detém o controle de determinada instituição, exigem pluralismo democrático, isenção e se dizem politicamente perseguidos; mas, quando estão no controle, declaram que neutralidade política não existe e, assim, não dão voz ao contraditório. 

sábado, 7 de junho de 2014

Professores usam a ciência como ideologia corporativista

"Desconfio por princípio de todo idealista que lucra com seu ideal".
Millôr Fernandes

O predomínio da teoria social crítica nas ciências sociais brasileiras e na educação se deve, em grande parte, ou até principalmente, à doutrinação teórica e ideológica praticada nos três níveis de ensino. Professores doutrinam por terem sido igualmente doutrinados, e há muitos que fazem isso com boa fé: pensam que as teorias que incutem na cabeça dos alunos são expressões inequívocas da verdade e do bem, de modo que mesmo que achassem necessário ensinar outras perspectivas não saberiam fazer isso sem distorcê-las, já que só conhecem as ideias críticas. 

sábado, 31 de maio de 2014

Esculhambamos a Wikipédia. Ou: Imparcialidade já!

No tempo em que Jô Soares ainda comandava programas humorísticos na TV, um de seus personagens era um mafioso italiano que, desacorçoado quando seus comparsas lhe davam notícias sobre golpes que fracassavam porque os capangas tinham ido pular carnaval, entre outras coisas do gênero, soltava o seguinte bordão: "eu bem que avisei; não manda a máfia pro Brasil que esculhamba a máfia".

Num certo sentido, foi o que aconteceu com a Wikipédia. Se o Avaaz é, assumidamente, um movimento político que exclui as petições contrárias às ideologias dos integrantes e financiadores da organização (sejam lá quem for...), a Wikipédia nasceu para ser um canal de divulgação de conhecimentos pautado pelo princípio da imparcialidade. Todavia, a Wikipédia lusófona se tornou alvo da estratégia petista de aparelhamento da internet, na medida em que certos colaboradores da "enciclopédia livre" usam a regra de escrever artigos referenciados em fontes fiáveis para reproduzir mentiras e até difamar adversários do partido.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Não dou dinheiro para o Avaaz de jeito nenhum!

Recebi um e-mail de Ricken Patel, do Avaaz.org, com o título "Estão Perseguindo Nossa Equipe". O e-mail começava relatando alguns casos de espionagem, ameaças de morte e de intimidação policial - esta ocorrida no Egito - que atingiram integrantes da organização. Mais adiante, vinha um pedido de doação de dinheiro, e já com os links para os interessados fazerem as doações. Os valores sugeridos iam de R$ 5,00 a R$ 72,00, mas existe opção para doar qualquer valor que se queira. Bem profissionais, não?

O e-mail alega que é necessário triplicar os sistemas de segurança do Avaaz e promete que as doações só serão processadas se o valor arrecadado for "o suficiente para financiar integralmente um plano de segurança para proteger nossa equipe". Só que não há qualquer estimativa de quanto seria esse valor, já que se trata apenas de "um plano de segurança" qualquer, não de um plano que tenha sido especificado na mensagem! Se arrecadarem R$ 1 milhão, podem implementar um plano de segurança nesse valor; se arrecadarem R$ 100 milhões, eles usam o dinheiro para pagar um plano cem vezes melhor... É, acho que os doadores já podem ir dando tchauzinho para o dinheiro no mesmo instante em que clicarem num daqueles links.

terça-feira, 20 de maio de 2014

Locavore: produção local de alimentos é questionável até em termos ambientais

Uma agropecuária baseada na policultura e voltada para o atendimento de mercados locais é antieconômica porque reduz a produtividade média da terra e, por conseguinte, aumenta os custos de produção, diminui a oferta de alimentos e pressiona os preços ao consumidor para cima. E essas perdas são muito maiores do que a redução dos custos de transporte esperada com a implantação desse modelo, conforme demonstrei noutro post (ver aqui). Nesse sentido, as políticas que privilegiam o fornecimento local na compra de comida para merenda escolar, como é o caso do nosso Programa Nacional de Alimentação Escolar (IBGE, 2010, localização 77), são prejudiciais para a economia e também um desperdício de dinheiro público, pois estimulam produções familiares de baixa eficiência e ainda encarecem a merenda.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Paulo Freire: pobreza intelectual, dogmatismo e amor assassino

Quando o jornalista José Maria e Silva publicou uma crítica contundente ao mal chamado "Método Paulo Freire", na Gazeta do Povo, esse jornal publicou também textos de freirianos para apresentar o famoso "outro lado da questão" - muito embora os freirianos não proponham apresentar visões de mundo diferentes aos seus alunos, conforme se vê pela leitura de Pedagogia do oprimido (Freire, 1987). 

Mas o que chama a atenção nessas respostas é que os seguidores de Freire, na verdade, não respondem! Primeiro, eles usam o argumento de autoridade, dizendo que Freire é o patrono da educação brasileira e que trabalhou nesta e naquela instituição de prestígio. Depois, repetem a velha cantilena de que o método de ensino que leva o nome dele teria tido resultados impressionantes, ignorando o fato de os críticos desse método, como Silva, alegarem que os resultados efetivos ficaram muito aquém da propaganda. Por fim, citam uma ou duas passagens da obra de Freire sobre a educação ser um "ato político" e sobre a importância de tornar o estudante "sujeito de si mesmo". E param por aí! Em nenhum momento eles procuram formular uma resposta específica para as críticas elaboradas contra o, vá lá, "pensamento" de Paulo Freire. Repetem a velha fórmula de propaganda do tal método como se esta já contivesse resposta para qualquer crítica, e está feito. 

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Vale a pena ler "O que é Método Paulo Freire"

Embora muito se fale sobre o dito "Método Paulo Freire" de ensino, a opinião pública sabe bem pouco sobre no que isso consiste. Em grande parte, tal situação se dá pelo fato de que Paulo Freire e os propagandistas desse método não se preocuparam muito em explicá-lo, restringindo-se quase o tempo todo à denúncia da dita "educação bancária" e à repetição do mantra "educar é um ato político". 

Nesse contexto, não deixa de ser proveitoso ler o livrinho O que é método Paulo Freire, de Carlos Rodrigues Brandão. O autor é um discípulo de Freire que participou das primeiras experiências de aplicação desse método, em 1961, no interior do Nordeste. A proposta do livro é explicar tais experiências passo a passo, tendo em vista que "[...] em alguns livros de Paulo Freire e de outros educadores, são poucas as páginas sobre o método e, não raro, elas estão escondidas em algum 'anexo'" (Brandão, 1984, p. 14). Na seção final do livro, o autor explicita que, em realidade, as reflexões metodológicas ocupam um lugar pequeno na obra freiriana: "quem voltar aos livros que Paulo Freire escreveu vai notar que, de propósito, falei muito do que ele fala pouco e pouco do que ele fala muito" (Idem, p. 111).

sábado, 3 de maio de 2014

Adonai Sant'Anna: "A Noção Sindical de Universidade de Qualidade"

A última edição do Informativo que a Associação dos Professores da UFPR deixou no meu escaninho conseguiu a proeza de ser ruim até em relação à média das edições dessa publicação. Tão ruim que, mal acabei de ler, meu cérebro já começou a pensar numas tomatadas para lançar contra essa publicação aqui no blog. Mas Adonai Sant'Anna, professor do Departamento de Matemática da UFPR, acabou de publicar um texto em seu blog que é exemplar como tomatada contra essa "nefasta associação", conforme ele escreve. O texto completo pode ser lido aqui, e eu recomendo fortemente essa leitura. Abaixo, cito alguns parágrafos particularmente felizes:

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Geografia econômica corrige populismo e reivindicações interesseiras disfarçadas de "humanismo"

O modelo de von Thünen
Ponto central: o mercado urbano de alimentos
1. (branco) Frutas, hortaliças, leite e outros produtos de consumo diário
2. Produção de lenha
3. Produção de grãos
4. Criação de gado
Alguns conhecimentos básicos de geografia econômica são muito úteis para escantear argumentos baseados em raciocínios simplistas, os quais costumam disfarçar reivindicações particularistas sob o manto de uma alegada preocupação com o bem comum. É o que se vê nos parágrafos abaixo, publicados por um licenciado em geografia, que é também agricultor ecológico, na área de comentários deste blog:

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Sempre tentam interditar o debate sobre a geografia crítica

Nos últimos anos, eu tenho apontado as maneiras pelas quais os geógrafos contemporâneos evitam admitir a hegemonia da geocrítica e contornam a necessidade de debater aprofundadamente o que foi e o que é essa corrente do pensamento geográfico (Diniz Filho, 2002; 2013). Recentemente, um comentário publicado neste blog exibiu uma forma nova de interditar esse debate, conforme segue:

terça-feira, 8 de abril de 2014

Miguel Nagib: "Os fascistas de esquerda e o professor sem noção"


O coordenador do site Escola Sem Partido - ESP, Miguel Nagib, publicou um artigo na Gazeta do Povo que trata do recente episódio de invasão de uma sala de aula da Faculdade de Direito da USP por alunos que, conforme vídeo no Youtube, fizeram ele "calar a boca" aos berros. O artigo demonstra de forma irretorquível a má-fé desses professores doutrinadores e estudantes de esquerda que acusam o ESP de tentar substituir uma doutrinação ideológica esquerdista por uma doutrinação de direita. Já na abertura do artigo, a coerência da sua posição mostra-se cristalina.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

No que certos industriais se parecem com certos "camponeses"

Ao acusar o protecionismo industrial como uma das "vacas sagradas" que impedem a economia brasileira de crescer mais rapidamente, Fabio Giambiagi e Marcelo Nonnenberg recorrem à seguinte citação do escritor H. L. Mencken, frasista famoso pelo sarcasmo: "quando se ouve um homem falar do seu amor por seu país, podem saber que ele espera ser pago por isso". E eles acrescentam: "a frase vem sempre à memória quando se ouvem as queixas contra a presença 'excessiva' de produtos importados no mercado" (2007, p. 176).

De fato, o discurso nacionalista não serve apenas a certas críticas de esquerda e de direita contra o livre comércio, mas também, e talvez até principalmente, aos interesses de grandes industriais que preferem se abrigar da concorrência internacional a correr o risco de competir abertamente. A Fiesp é o melhor exemplo de como grandes industriais podem ser os primeiros a se posicionar a favor do protecionismo e de outras formas de intervenção estatal na economia em nome do "interesse do país" em ter uma "indústria forte".

quarta-feira, 2 de abril de 2014

A inutilidade da "visão holística de natureza"

O sucesso da dita "visão holística" de natureza em certos meios acadêmicos e políticos influenciados por autores como Fritjof Capra deriva de três elementos discursivos principais: o uso de chavões fáceis de entender para "explicar" a relação homem/natureza; o apelo ao catastrofismo para induzir o público a aceitar qualquer tipo de proposta de "salvação do planeta"; e acusações muitas vezes hipócritas contra a "lógica do lucro" e as grandes empresas.

Este blog tem colhido exemplos bem evidentes desses vícios retóricos na área de comentários dos posts. Um desses comentários diz textualmente isto:

quinta-feira, 27 de março de 2014

Sobre racismo e determinismo ambiental no pensamento de esquerda

No post O determinismo ambiental está vivo, e a esquerda apoia, eu mostro como a revista História Viva fez uso das teorias do historiador Ian Morris para sustentar a tese de que a ascensão do chamado "Ocidente" nada tem a ver com as instituições econômicas e políticas liberais, nem com qualquer fator cultural ou político, pois seria apenas fruto dos caprichos da geografia. Demonstrei ainda que o determinismo ambiental esteve presente em muitas elaborações teóricas marxistas, como em O Capital e nas teorias de Caio Prado Júnior sobre a distinção entre colônias de povoamento e colônias de exploração. Recentemente, mandaram um comentário a esse texto que diz o seguinte:

terça-feira, 18 de março de 2014

Márcio Pochmann e o erro de falar em nome de 4 milhões de agricultores familiares

Fonte: Buainain; Di Sabbato; Guanziroli, 2004

Márcio Pochmann é um péssimo analista da realidade brasileira e foi o pior presidente que o IPEA já teve. Como é economista de formação, caracteriza-se por torturar os números até que eles pareçam dar razão a dogmas de esquerda. Um pequeno exemplo disso está numa passagem de entrevista que foi citada na área de comentários deste blog, qual seja: "40 mil produtores agrícolas, que controlam 50% das áreas agricultáveis elegem de 120 a 140 deputados, enquanto de 4 a 6 milhões de famílias que praticam a economia familiar são representados por de 12 a 13 deputados" (Márcio Pochmann).

Não sei quais critérios ele usou para determinar quem representa um grupo e quem representa o outro. Provavelmente, ele raciocina que os deputados apoiados pelos movimentos de "luta pela terra" são aqueles que representam os milhões de agricultores familiares brasileiros. Só que nenhuma ideia poderia ser mais falsa do que essa.

sábado, 15 de março de 2014

Militante do PSOL também pode ser petralha. E como!

Um petralha que se apresenta como Anônimo da Silva mandou um comentário pra cá que serve como exemplo perfeito para desnudar a forma como a esquerda autoritária usa a internet para fazer campanha mentirosa e hipócrita em favor de suas causas políticas. Vamos a ele:

terça-feira, 11 de março de 2014

"Tudo dominado": STF já é uma "correia de transmissão do Executivo Federal"

Fiquemos de Olho
O historiador Marco Antonio Villa acabou de publicar um artigo sobre o "mensalão" que é primoroso ao unir clareza, concisão e conteúdo informativo. Intitulado O PT ganhou no tapetão, o texto mostra, passo a passo, como o governo federal lidou com o maior escândalo de corrupção da história do Brasil. Até 2012, os governos petistas acreditaram que a Ação Penal 470 não iria nem entrar na pauta do STF e que qualquer pena eventual acabaria prescrevendo. O trabalho dos ministros Ayres Britto, Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa foi fundamental para que o julgamento se realizasse em 2013. E, contrariando as expectativas, 25 réus foram condenados por diversos crimes! Então, o governo decidiu se mexer para alterar o resultado por meio de uma estratégia que incluía "a nomeação de ministros que, seguramente, votariam pela absolvição do crime de formação de quadrilha". E Villa prossegue:

sexta-feira, 7 de março de 2014

Oito verdades incômodas sobre economia de mercado, agricultura e ecologia

Ao responder a um comentário que atacava a agricultura patronal e o uso de agrotóxicos, dei-me conta de que os esclarecimentos que fiz mereciam um destaque maior aqui no blog, pois batem de frente com uma série de ideias tão contraditórias e equivocadas quanto difundidas na academia e nos meios de comunicação. Vejamos: 

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Um Bill Gates é melhor do que um Milton Santos

"Todo poder humano é uma mistura de paciência e de tempo. As criaturas poderosas querem – e velam [...]. Daí vem, talvez, a prodigiosa curiosidade que despertam os avarentos habilmente postos em cena. Cada indivíduo está ligado por um fio àquelas personagens que ofendem a todos os sentimentos humanos, resumindo-os todos. Onde está o homem sem desejo, e que desejo social se resolverá sem dinheiro?".
Honoré de Balzac, Eugene Grandet.

Milton Santos era daqueles intelectuais esquerdistas que manifestavam desprezo pelo consumismo, pela burguesia, pelas pessoas que batalham visando só pagar as contas ou acumular dinheiro, além de basear seus trabalhos acadêmicos no pressuposto de que competitividade e solidariedade são opostos. Durante uma aula que tive com ele na pós-graduação, a turma foi brindada com o seguinte comentário do professor: "o intelectual não precisa de dinheiro" (breve pausa expressiva) "porque o intelectual tem prestígio!". 

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Shopping centers são alternativa para a má qualidade dos espaços urbanos no Brasil

O psicanalista Contardo Calligaris escreveu um texto sobre os "rolezinhos" que, embora baseado em opiniões pessoais dele e de pessoas que ele conhece, acaba revelando muito sobre a importância que os shopping centers assumiram no Brasil como espaços de lazer e de socialização. Ele afirma que, na Europa e EUA, os shoppings não são tão importantes como lugares de compras quanto são aqui e nem são vistos pelas pessoas como lugares para dar um rolê. Nesses países, as pessoas fazem compras em lojas e dão rolê nas ruas ou praças, em espaços abertos. Especificamente sobre os EUA, ele diz:
Em Manhattan também há lojas de departamentos (Saks, Lord and Taylor, Bergdorf, Barneys, Bloomingdale's, Macy's etc.), mas não são lugares para rolê - eventualmente, para expedições quase militares em dia de liquidações anuais. O único shopping center de Manhattan é o Manhattan Mall, do qual, aliás, os nova-iorquinos tendem a fugir.
Nas áreas suburbanas e rurais dos EUA, os shopping centers se parecem com os do Brasil. Mesmo assim, foi no Brasil que eu aprendi que dar rolês em shopping é um programa (ver aqui).

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Black Bloc prova o fracasso da escola brasileira

No livro Por uma crítica da geografia crítica (Editora da UEPG, 2013), eu apresento os resultados de uma pesquisa realizada com alunos do último ano do ensino médio, os quais responderam a um questionário com perguntas sobre geografia geral. A qualidade das redações dos alunos era baixíssima, pois revelava uma série de erros de ortografia e gramática, desconhecimento do significado de palavras bastante comuns (como "dependente" e "independente"), além de uma gigantesca dificuldade para expor ideias com clareza. Por outro lado, era nítido que as respostas dos alunos eram informadas pelas teorias e ideologias de esquerda veiculadas pelos livros didáticos, como os de José W. Vesentini. Daí a conclusão: a escola brasileira vem sendo capaz de formar consensos ideológicos de esquerda entre os alunos, mas fracassa completamente na sua principal função, que é a de desenvolver competências.

Só para exemplificar, aqui estão duas respostas que procuravam justificar a ideia de que os países subdesenvolvidos são explorados:

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Comentários exemplares. Ou: Um petralha deu as caras por aqui

A quantidade de comentários que mandam para cá aumentou um bocado nos últimos tempos. Mas a qualidade de certos comentários é tão baixa que, sem querer, seus autores acabam confirmando as tomatadas virtuais que eu disparo aqui no blog. Vou destacar neste post apenas um comentário particularmente ilustrativo.
Veja só o que a Vale faz com a vida das pessoas (http://www.xxxxxxxxxxxxxxxx.com.br). Isso o PSDB, a Veja e o cartel da mídia golpista não falam, muito menos você nas suas aulas doutrinárias.
Conforme eu escrevi no post Não contem com este blog para fazer propaganda de tipo nazista, os internautas se aproveitam da informalidade dos blogs para martelar interpretações equivocadas usando meia dúzia de frases feitas, visto que dar resposta é muito mais demorado que comentar e, assim, os autores de blogs dificilmente têm tempo para responder a todos os comentários que recebem – especialmente quando se trata de um blog com mais de meio milhão de acessos, como é o caso de Diplomatizzando. Em respeito ao espírito do debate de ideias, os autores publicam esse tipo de comentário, mas acabam não tendo tempo de expor sua discordância.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Visão de natureza de Fritjof Capra não justifica propostas de sustentabilidade ambiental

Uma das muitas explicações banais que são repetidas o tempo todo por geógrafos e cientistas sociais é a de que a chamada "crise ambiental" tem origem numa visão dicotômica da relação sociedade/natureza, visão essa cujas origens estariam ligadas à moral judaico-cristã e à racionalidade cartesiana. Essa visão estabeleceria que a natureza é apenas um recurso a ser utilizado pelo homem, o qual, no esforço de "dominá-la", geraria desperdício de recursos naturais e uma série de impactos ambientais insustentáveis no médio e longo prazos. A alternativa, portanto, começaria por adotar uma perspectiva holística da relação sociedade/natureza, que seria própria das "filosofias orientais" e de certas descobertas da ciência moderna, como as da física quântica, que supostamente confirmariam essa perspectiva. A partir daí, seria possível constituir sistemas econômicos e técnico-científicos sustentáveis, já que baseados na concepção de que a natureza é, ao invés de um recurso para o homem, um sistema complexo  do qual o homem faz parte.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Sucesso da política paulista de segurança mascara o fracasso nacional nessa área

Elaborei o gráfico abaixo para mostrar o profundo contraste entre o sucesso da política de segurança pública paulista, expresso na vertiginosa queda das taxas de homicídio em São Paulo, e a estabilização dessas taxas no conjunto do país:



terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Agronegócio e Shopping Centers na visão anacrônica da esquerda

Dois momentos interligados dentro dos processos de hegemonização das visões da esquerda intelectual e política no Brasil são: a) a construção de teorias que qualificam uma mudança conjuntural ou uma fase dentro de um processo mais longo como se fosse um elemento permanente dentro da "lógica do capitalismo", especialmente em sua forma "periférica"; b) a repetição dessas explicações apressadas década após década, sedimentando-as no senso comum mesmo quando as transformações da economia e da sociedade já provaram seu completo desacerto. Dois segmentos de atividade particularmente vitimados por esse congelamento de visões anacrônicas são o agronegócio e os shopping centers.

sábado, 25 de janeiro de 2014

"O Aleph" trai o vínculo entre a geocrítica e a geografia tradicional

O livro Geografias pós-modernas, de Edward Soja (1993), começa com uma citação do conto fantástico O Aleph, a qual descreve um ponto no espaço onde todos os lugares estão contidos e se fazem visíveis de todos os ângulos ao mesmo tempo. É uma bonita maneira de começar um livro, pois esse conto é a mais famosa e, sem dúvida alguma, uma das mais ricas e imaginativas criações de Jorge Luis Borges. Vou reproduzir as mesmas passagens citadas por Soja, mas usando o meu próprio exemplar traduzido do livro de Borges:

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

"Rolezinhos": Reynaldo Rocha mostra estilo nazista do lulopetismo

O jornalista Reynaldo Rocha publicou um artigo sobre os "rolezinhos" que eu assinaria em baixo, por três motivos:
  • Ele escreve que "Gilberto Carvalho é o Joseph Goebbles do lulopetismo", já que idênticos no uso da mentira como arma essencial da política partidária.
  • Mostra, embora sem explicitar a comparação, que a "análise sociológica" de Carvalho sobre os "rolezinhos" é tão ridícula e preconceituosa quanto aquela construída por intelectuais petistas como Maria Rita Kehl.
  • Por fim, ele demonstra que, como já não faz sentido querer dividir a sociedade entre os que compram e os que não compram em shoppings, resta à esquerda mentir sobre discriminação racial em estabelecimentos onde isso nunca existiu para simular um confronto entre "nós" e "eles". E investir em falsas oposições também é tipicamente nazi-fascista, acrescento eu.

domingo, 19 de janeiro de 2014

"Rolezinhos" provam sociologicamente que os shoppings são inclusivos, algo que a geografia também demonstra

É possível distinguir três fases dentro da trajetória de expansão dos shopping centers, no Brasil: a primeira, que vai de 1966 a 1970, é uma fase de instalação e experiência; a segunda é aquela em que ocorre a consolidação desse tipo de estabelecimento no país (embora seu número tenha continuado pouco expressivo) e se estende de 1971 a 1979; a última fase é a da expansão com desconcentração espacial do número de shopping centers, a qual começa em 1980 e prossegue nas décadas seguintes (Gil, 2003; Araújo; Bessa; Diniz Filho, 1992, p. 135). Fenômeno semelhante ocorre com os supermercados brasileiros, cuja implantação se dá nos anos 1950, mas que ainda se distribuíam de forma muito concentrada até meados dos anos 1970, difundindo-se espacialmente nas décadas seguintes (Diniz Filho, 1995).

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Gasto social crescente derruba as teses da esquerda intelectual e política

Em trabalhos de Maria da Conceição Tavares, de Milton Santos, de Marcelo Lopes de Souza e de outros intelectuais de esquerda, repete-se o mantra de que a pobreza e a desigualdade brasileiras têm origem em desequilíbrios ou contradições estruturais do capitalismo periférico ou semi-periférico, bem como na resistência das "elites" insensíveis a mudar esse modelo econômico de um modo tal que permitisse aplicar mais recursos em política social. Uma prova de que esse diagnóstico estaria correto - embora nem todos eles se preocupem em provar o que dizem... - seria a péssima qualidade dos nossos serviços públicos em contraste com os gastos do Estado com o pagamento dos juros das dívidas externa e interna, já que estes restringiriam o potencial de investimento e de gasto social do Estado brasileiro. 

sábado, 11 de janeiro de 2014

Pior lixo do History Channel não foi alvo de South Park

Em 2011, a série de animação South Park - que eu aprecio muitíssimo - fez uma gozação merecida com o History Channel. Os garotos da série precisavam fazer um trabalho escolar sobre o Dia de Ação de Graças e, por sugestão do Cartman (só podia ser dele!), viram um documentário desse canal. O programa afirmava ter havido alienígenas presentes no almoço em que teria sido selada a paz entre colonizadores e nativos, posto que, não havendo registros históricos de que se preparassem perus com recheio antes dessa ocasião, tal tecnologia só podia ter vindo do espaço... Como disse o Kyle, "isso não é história"!

O mais triste, porém, é constatar que os piores programas do History Channel não são aquelas brincadeiras sobre alienígenas do passado, e sim os documentários da série Humanidade: a história de todos nós. Tecnicamente, essa série é fantástica. E a maioria dos episódios parece estar baseada em informações históricas fidedignas e que permitem traçar relações muito interessantes entre acontecimentos da história. Contudo, os episódios da série que tratam da colonização das Américas são um lixo mistificador tão grotesco que os roteiros conseguem ser piores do que os escritos de Eduardo Galeano!

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Quando o PT confirmou que foi bom vender a Vale do Rio Doce

Há décadas que professores de ensino médio e fundamental transformam a agenda política do PT e os discursos político-eleitorais desse partido em conteúdo didático ministrado nas salas de aula - e o mesmo acontece com autores de livros didáticos, tais como José W. Vesentini. Não bastasse isso, esses professores usam uma visão de ideologia inspirada no marxismo para desqualificar a imprensa independente, de tal sorte que publicações como Veja, O Estado de São Paulo e qualquer outro jornal, revista ou site que publique notícias inconvenientes para o partido - como as referentes ao "mensalão", por exemplo - são automaticamente acusadas de "direitistas" e de mentirosas pelos professores (Diniz Filho, 2013).

Se já é antiético e antirrepublicano transformar propaganda partidária em conteúdo escolar, muito pior ainda é constatar que a propaganda petista se constitui de mentiras que não só afrontam os fatos como ainda contradizem a prática política do próprio PT. Um bom exemplo disso são as políticas de privatização de empresas estatais e de concessão de serviços públicos à iniciativa privada. Sabendo das mentiras que os professores contam para os alunos sobre esse tema no ensino médio, eu apresento uma visão alternativa nas minhas aulas de Geografia do Brasil. A transferência do controle acionário da Companhia Vale do Rio Doce - CVRD, ocorrida em 1997, é um dos casos que eu cito.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Vem livro novo por aí!

Publiquei muito pouco por aqui no último mês devido a lesões musculares que me obrigaram a reduzir o tempo que passo diante do micro, mas administrei meu tempo de modo a continuar trabalhando no blog.
 
Ocorre que eu e mais dois geógrafos que remam contra a maré, Anselmo Heidrich e Fernando Raphael Ferro de Lima, estamos organizando uma coletânea de nossos textos com vistas a publica-los em livro ainda neste ano. Assim, selecionei diversos textos do blog, fundi vários deles em artigos maiores, acrescentei alguns dados e bibliografia e também mudei o estilo da redação - blogs são mais informais do que livros.