A revista Galileu faz proselitismo ideológico disfarçado de divulgação científica - com direito até à divulgação de manipulações estatísticas produzidas pelo governo Dilma. Quando fiquei sabendo que a publicação iria fazer uma matéria sobre Paulo Freire, logo previ que esta seria enviesada. Não deu outra!
A matéria ocupa seis páginas e, embora afirme que o legado de Freire é "defendido por uns e odiado por outros" (sic), não deu praticamente nenhum espaço para as críticas ao método que ele supostamente inventou. Num dado momento, reproduz brevemente a crítica jurídica de Miguel Nagib, coordenador do Escola Sem Partido, de que a aplicação de algumas ideias freirianas "viola a liberdade dos alunos e a neutralidade política e ideológica do Estado" (citado por Souza, 2017, p. 49). Depois, a matéria afirma que, em 2016, o verbete sobre Paulo Freire na Wikipedia foi "alterado com informações incorretas", mas não explica o que haveria de incorreto nas críticas que o texto fez às ideias do autor. Ao invés de discutir as críticas, limitou-se a informar que as edições no verbete foram feitas, segundo a Serpro, "em um órgão público federal cujo nome não pode ser divulgado por questões contratuais" (Souza, 2017, p. 50).