sábado, 31 de maio de 2014

Esculhambamos a Wikipédia. Ou: Imparcialidade já!

No tempo em que Jô Soares ainda comandava programas humorísticos na TV, um de seus personagens era um mafioso italiano que, desacorçoado quando seus comparsas lhe davam notícias sobre golpes que fracassavam porque os capangas tinham ido pular carnaval, entre outras coisas do gênero, soltava o seguinte bordão: "eu bem que avisei; não manda a máfia pro Brasil que esculhamba a máfia".

Num certo sentido, foi o que aconteceu com a Wikipédia. Se o Avaaz é, assumidamente, um movimento político que exclui as petições contrárias às ideologias dos integrantes e financiadores da organização (sejam lá quem for...), a Wikipédia nasceu para ser um canal de divulgação de conhecimentos pautado pelo princípio da imparcialidade. Todavia, a Wikipédia lusófona se tornou alvo da estratégia petista de aparelhamento da internet, na medida em que certos colaboradores da "enciclopédia livre" usam a regra de escrever artigos referenciados em fontes fiáveis para reproduzir mentiras e até difamar adversários do partido.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Não dou dinheiro para o Avaaz de jeito nenhum!

Recebi um e-mail de Ricken Patel, do Avaaz.org, com o título "Estão Perseguindo Nossa Equipe". O e-mail começava relatando alguns casos de espionagem, ameaças de morte e de intimidação policial - esta ocorrida no Egito - que atingiram integrantes da organização. Mais adiante, vinha um pedido de doação de dinheiro, e já com os links para os interessados fazerem as doações. Os valores sugeridos iam de R$ 5,00 a R$ 72,00, mas existe opção para doar qualquer valor que se queira. Bem profissionais, não?

O e-mail alega que é necessário triplicar os sistemas de segurança do Avaaz e promete que as doações só serão processadas se o valor arrecadado for "o suficiente para financiar integralmente um plano de segurança para proteger nossa equipe". Só que não há qualquer estimativa de quanto seria esse valor, já que se trata apenas de "um plano de segurança" qualquer, não de um plano que tenha sido especificado na mensagem! Se arrecadarem R$ 1 milhão, podem implementar um plano de segurança nesse valor; se arrecadarem R$ 100 milhões, eles usam o dinheiro para pagar um plano cem vezes melhor... É, acho que os doadores já podem ir dando tchauzinho para o dinheiro no mesmo instante em que clicarem num daqueles links.

terça-feira, 20 de maio de 2014

Locavore: produção local de alimentos é questionável até em termos ambientais

Uma agropecuária baseada na policultura e voltada para o atendimento de mercados locais é antieconômica porque reduz a produtividade média da terra e, por conseguinte, aumenta os custos de produção, diminui a oferta de alimentos e pressiona os preços ao consumidor para cima. E essas perdas são muito maiores do que a redução dos custos de transporte esperada com a implantação desse modelo, conforme demonstrei noutro post (ver aqui). Nesse sentido, as políticas que privilegiam o fornecimento local na compra de comida para merenda escolar, como é o caso do nosso Programa Nacional de Alimentação Escolar (IBGE, 2010, localização 77), são prejudiciais para a economia e também um desperdício de dinheiro público, pois estimulam produções familiares de baixa eficiência e ainda encarecem a merenda.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Paulo Freire: pobreza intelectual, dogmatismo e amor assassino

Quando o jornalista José Maria e Silva publicou uma crítica contundente ao mal chamado "Método Paulo Freire", na Gazeta do Povo, esse jornal publicou também textos de freirianos para apresentar o famoso "outro lado da questão" - muito embora os freirianos não proponham apresentar visões de mundo diferentes aos seus alunos, conforme se vê pela leitura de Pedagogia do oprimido (Freire, 1987). 

Mas o que chama a atenção nessas respostas é que os seguidores de Freire, na verdade, não respondem! Primeiro, eles usam o argumento de autoridade, dizendo que Freire é o patrono da educação brasileira e que trabalhou nesta e naquela instituição de prestígio. Depois, repetem a velha cantilena de que o método de ensino que leva o nome dele teria tido resultados impressionantes, ignorando o fato de os críticos desse método, como Silva, alegarem que os resultados efetivos ficaram muito aquém da propaganda. Por fim, citam uma ou duas passagens da obra de Freire sobre a educação ser um "ato político" e sobre a importância de tornar o estudante "sujeito de si mesmo". E param por aí! Em nenhum momento eles procuram formular uma resposta específica para as críticas elaboradas contra o, vá lá, "pensamento" de Paulo Freire. Repetem a velha fórmula de propaganda do tal método como se esta já contivesse resposta para qualquer crítica, e está feito. 

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Vale a pena ler "O que é Método Paulo Freire"

Embora muito se fale sobre o dito "Método Paulo Freire" de ensino, a opinião pública sabe bem pouco sobre no que isso consiste. Em grande parte, tal situação se dá pelo fato de que Paulo Freire e os propagandistas desse método não se preocuparam muito em explicá-lo, restringindo-se quase o tempo todo à denúncia da dita "educação bancária" e à repetição do mantra "educar é um ato político". 

Nesse contexto, não deixa de ser proveitoso ler o livrinho O que é método Paulo Freire, de Carlos Rodrigues Brandão. O autor é um discípulo de Freire que participou das primeiras experiências de aplicação desse método, em 1961, no interior do Nordeste. A proposta do livro é explicar tais experiências passo a passo, tendo em vista que "[...] em alguns livros de Paulo Freire e de outros educadores, são poucas as páginas sobre o método e, não raro, elas estão escondidas em algum 'anexo'" (Brandão, 1984, p. 14). Na seção final do livro, o autor explicita que, em realidade, as reflexões metodológicas ocupam um lugar pequeno na obra freiriana: "quem voltar aos livros que Paulo Freire escreveu vai notar que, de propósito, falei muito do que ele fala pouco e pouco do que ele fala muito" (Idem, p. 111).

sábado, 3 de maio de 2014

Adonai Sant'Anna: "A Noção Sindical de Universidade de Qualidade"

A última edição do Informativo que a Associação dos Professores da UFPR deixou no meu escaninho conseguiu a proeza de ser ruim até em relação à média das edições dessa publicação. Tão ruim que, mal acabei de ler, meu cérebro já começou a pensar numas tomatadas para lançar contra essa publicação aqui no blog. Mas Adonai Sant'Anna, professor do Departamento de Matemática da UFPR, acabou de publicar um texto em seu blog que é exemplar como tomatada contra essa "nefasta associação", conforme ele escreve. O texto completo pode ser lido aqui, e eu recomendo fortemente essa leitura. Abaixo, cito alguns parágrafos particularmente felizes: