terça-feira, 31 de julho de 2012

Brasil rural ensinado nas escolas não existe

Saiu ontem no jornal Gazeta do Povo um pequeno artigo de minha autoria que trata da relação entre o debate público sobre a política nacional de reforma agrária e os conteúdos equivocados que se ensinam nas escolas. Abaixo, reproduzo o começo do artigo. Para ler na íntegra, é só clicar no link acima indicado. Uma outra versão desse mesmo texto, só que um pouco mais completa, pode ser lida aqui.
Xico Graziano, em seu livro O carma da terra no Brasil, qualifica a política nacional de reforma agrária como um "fracasso retumbante". Isso ocorre, de um lado, porque o Brasil do latifúndio deixou de existir faz uns 50 anos, devido à modernização das grandes propriedades. De outro lado, os assentamentos de reforma agrária exibem produtividade baixíssima e não geram renda suficiente nem para tirar os assentados da pobreza.
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domingo, 29 de julho de 2012

Flagrante de aparelhamento sindical e peleguismo nas universidades federais

O blog Acerto de Contas acaba de publicar cópia de um e-mail redigido por militante do PCdoB quando articulava a instituição de um sindicato pelego para professores das universidades federais. O e-mail "mostra a participação dos ex-presidentes da Adufepe, Jayme Mendonça e Audisio Costa, na formação do aparelho paralelo que o Governo está tentando montar na estrutura sindical das universidades". A expectativa manifesta no e-mail é que esses dois professores conduzam a Adufepe a “desembarcar” na Federação Nacional dos Professores Federais (ou algum outro nome que essa entidade venha a ter). Se conseguirem isso, terão direito a um cargo...

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Nossos economistas regionais também não veem a real importância do território

Se os geocríticos deixam de enxergar a importância verdadeira do território por se preocuparem em fazer do estudo do espaço uma arma de luta contra o capitalismo, como visto no post anterior, os economistas regionais brasileiros usam as teorias da geografia econômica apenas para fazerem discurso ideológico antiliberal e, desse modo, venderem seus serviços como consultores de órgãos de planejamento estatal.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Importância real do território é ignorada pela geocrítica

Os geógrafos críticos ou radicais sempre tiveram a pretensão de explicar a sociedade pelo estudo do espaço. O problema é que, na ótica da teoria social crítica, "explicar" a sociedade capitalista significa revelar as contradições que a estruturariam e que engendrariam os processos de luta política e de transformação socioeconômica. Nesse sentido, os geocríticos se veem forçados a apelar para um "malabarismo retórico" pseudo-dialético no intuito de provar que esse tipo de explicação não incorre em fetichismo ou determinismo espacial. E a mais explícita e mal fadada tentativa de realizar esse intento foi feita por Milton Santos ao elaborar uma "teoria do Brasil" pelo estudo do "território usado", conforme já comentei em outros posts. 

Agora, vou realçar que esse tipo de teorização acaba subordinando a pesquisa à ideologia e, ironicamente, faz os pesquisadores deixarem de lado justamente a importância que o território efetivamente tem para explicar certos processos sociais. Para tanto, basta reproduzir uma nota de rodapé da minha tese de doutorado, conforme segue:

sábado, 21 de julho de 2012

Jorge Amado foi jornalista mercenário do nazismo

De Jorge Amado, já li Capitães de Areia e São Jorge dos Ilhéus. Honestamente, nunca entendi a razão de esse autor ter feito tanto nome na literatura. Compreendo que ele fosse bom vendedor de livros, pois escrevia de modo convencional e punha boas doses de sensualidade e de cor regional em seus romances, o que cai bem no gosto popular. Mas, francamente, esses dois livros que li tinham todas as características que uma obra literária mais ambiciosa jamais deveria ter: mensagem óbvia, panfletarismo político, maniqueísmo, via única de interpretação do contexto histórico e das ações dos personagens, didatismo, personagens com psicologia rasa e construída para reforçar a mensagem, metáforas óbvias e até bregas, e por aí vai.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Comentários de uma leitora ilustram a fragilidade da "pedagogia progressista"

Uma leitora fez comentários ao post A “outra universidade” de Pedro Demo é ouro dos tolos que ilustram muito bem a fragilidade das ideias próprias dessa pedagogia progressista que encanta os educadores brasileiros. Por conta disso, resolvi escrever este post para responder aos questionamentos dela (em negrito), conforme segue: 

Caro Luis, você diz que o texto não apresenta propostas efetivas para a solução do problema levantado. Tenho para mim que a apresentação do diagnóstico e a reflexão sobre as motivações e circunstâncias nele encontradas já são bastante útil na construção “coletiva” de soluções – pois essas seriam contextuais, particulares, de acordo com cada caso. Você acredita na possibilidade de um estudioso propor uma “receita”, acredita que uma proposta com esse caráter seria eficaz de alguma forma? Aguardo suas considerações.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Literatura e ciência nas férias. Ou: Calvino e o conhecimento sintético

Transcrevi num outro post (aqui) uma passagem do livro As cidades invisíveis, de Italo Calvino, na qual se lê uma bela metáfora sobre os limites da formalização matemática na teorização do espaço urbano e, de forma mais ampla, nas ciências sociais. Agora, resolvi tirar um tempinho das minhas férias para mostrar como essa história se desdobra no livro. 

sábado, 7 de julho de 2012

Caio Prado Júnior já havia cometido o erro de Milton Santos

Expliquei num post anterior que Milton Santos fracassou no esforço de elaborar uma teoria do Brasil, entre outros motivos, porque sua análise da história territorial brasileira não é capaz de mostrar em que esse país seria distinto dos outros a ponto de demandar uma teoria específica para explicá-lo. Para dar base à minha crítica, citei Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda como exemplos de autores que, ao tomarem o Brasil como objeto de teorização, teriam procurado mostrar que havia uma originalidade brasileira dada pela miscigenação, segundo Freyre, e pelas mudanças sócio-culturais trazidas pela urbanização pós-1880, segundo Holanda.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Lula e Maluf ilustram como é patética a unidade entre teoria e práxis

Ao ler as notícias sobre o recente pacto firmado entre Lula e Maluf para as eleições municipais na capital de São Paulo, veio-me à lembrança, pela milésima vez, o que os meus amigos petistas lá de Sampa conversavam comigo na época em que eu morava lá. Para eles, o PT não só era o único partido de verdade existente no Brasil, já que o único a pautar-se realmente por uma ideologia, como era também o "partido da ética"... E  essa soma de coerência de ideias, projeto social transformador e ainda retidão moral se refletia na recusa do PT em fazer alianças com políticos "de direita", "reacionários", "fisiológicos", e assim por diante. Durante oito anos, FHC foi crucificado por esses geógrafos petistas que, repetindo a discurseira dos políticos do PT, acusavam-no de ter feito uma "aliança fisiológica" com partidos desse naipe. Por sua vez, Maluf era retratado por eles como a quintessência de tudo o que há de nefasto na política nacional.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Rio+20 foi um fracasso. Ainda bem?

Está claro que a Rio+20 fracassou. Digo isso não tanto pelas manifestações de decepção com a falta de "ousadia" das propostas, as quais foram dos "ongueiros" de sempre, passando pelo secretário-geral da ONU até chegar à Angela Merkel. Afinal, esse tipo de reação decepcionada já era muito mais do que previsível. O que atesta o fracasso do evento é o fato de que o próprio governo brasileiro afirmou que ele foi bem-sucedido porque, ao invés de um esperado retrocesso, mantiveram-se as conquistas da Rio 92.

Francamente! Pouco antes do evento, alardeava-se por aí que esta seria a grande oportunidade para "salvar o mundo", "decidir nosso futuro" e assim por diante. Mas, como não se decidiu nada de muito concreto, começaram a dizer que ficar como estava antes já foi sucesso. Nada atesta melhor o fracasso do que isso.