quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Mensalão: estão caindo na armadilha do MPF

Com as condenações dos integrantes do núcleo político da quadrilha do mensalão, vieram as comemorações entusiasmadas, os elogios rasgados (e merecidos) a Joaquim Barbosa, e o discurso de que o país mudou. Não acho que houve mudança no que diz respeito à impunidade de criminosos políticos descarados, mas apenas a revelação de que, no governo Lula, a corrupção não só assumiu um caráter sistêmico como também atingiu dimensões tão gigantescas que não seria possível deixar Dirceu e caterva completamente impunes, conforme queriam Lula, Dilma e todo o resto do PT e da "base alugada". De fato, embora o STF tenha mostrado que a impunidade não poderia ser total, como em tantos outros casos, continuou valendo a lógica de autodefesa de um sistema político carcomido pela corrupção: Collor foi punido porque era um outsider do sistema, enquanto Lula não foi nem investigado pela CPMI "dos correiros" porque o PT faz parte do próprio sistema (ver aqui).

sábado, 26 de janeiro de 2013

Paulo Freire fazia "educação bancária" ideologizada

Saiu um artigo na Gazeta do Povo (ver aqui) com mais uma batelada desses chavões que os seguidores de Paulo Freire usam para nos fazer acreditar que esse sujeito era um educador preocupado com liberdade e autonomia do indivíduo, quando ele não passava de um doutrinador ideológico dogmático e autoritário (mas de fala mansa). A autora, Adriana Brum, diz que "Paulo Freire (1921-1997) defendia uma educação assumidamente ideológica". É a mais absoluta verdade. Depois, explica como a ideologia de Freire era trabalhada com os alunos dele.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Transposição do São Francisco prova que geógrafos não têm ideias próprias

Já no ensino médio, quando tomei contato com a geografia crítica, os professores dessa disciplina repetiam o mantra de que o problema do Nordeste não é a seca, mas a estrutura fundiária e a pouca industrialização. O mesmo discurso era repetido pelos geógrafos na universidade, que se baseavam em duas fontes principais para chegarem a tal conclusão. A primeira delas eram as críticas da geografia marxista ao determinismo ambiental, que seria nada mais do que uma ideologia usada pelas classes dominantes para mascarar a verdadeira origem dos problemas sociais e ambientais. A segunda fonte eram os diagnósticos elaborados por Celso Furtado, já na década de 1950, para dar base às políticas de desenvolvimento do Nordeste. Foi a partir da fundação da Sudene, pois, que os economistas preocupados com o "problema do Nordeste" colocaram em segundo plano a necessidade de obras contra a seca, pois asseguravam que o desenvolvimento regional só seria alcançado mediante políticas de incentivos ficais, concessão de crédito para investimentos produtivos e políticas de distribuição de terras, entre outras.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Viagem à Brasília confirma críticas a Niemeyer

Farei um último comentário sobre a obra de Niemeyer, agora com base na primeira vez em que estive em Brasília, nos anos 90, a fim de coletar material bibliográfico para o meu doutorado. Passei uma manhã na biblioteca do Ipea e, quando deu meio-dia, uma das faxineiras pediu que os usuários se retirassem até as 14:00 horas, pois elas iriam lavar o chão. Almocei rápido num restaurante por quilo que havia logo em frente, e comecei a pensar no que faria para passar o tempo até a hora de retornar para a biblioteca. Foi então que eu vi a Catedral de Brasília a uma certa distância e resolvi fazer uma visita ao local.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Festival Charles Chaplin nas férias

Quando não existia TV por assinatura, a Rede Globo exibia, vez por outra, o Festival Charles Chaplin, isto é, uma sequência de filmes desse ator, diretor, roteirista e compositor, um por dia, durante mais ou menos uma semana. Até onde eu sei, já faz um bom tempo que isso não acontece mais na TV aberta, de sorte que os filmes de Chaplin continuam sendo exibidos em canais como o Telecine Cult. Não tenho esse canal no meu pacote, mas, graças ao DVD (que vai sendo substituído pela internet), tirei umas tardes das minhas férias para fazer um Festival familiar desse artista.

Sim, ele merecia a fama de gênio do cinema, independentemente de concordarmos com suas ideias políticas ou não. Consagrou-se como artista ainda na fase do cinema mudo, e hesitou muito em fazer filmes falados. Olhando em retrospecto, soa despropositado o temor que ele tinha de que o fim do cinema mudo anulasse o seu diferencial como artista, pois ele soube muito bem superar seu personagem Carlitos (embora sem deixar de fazer menções mais ou menos diretas a ele em seus filmes falados), e é muito nítido nesses filmes que Chaplin sabia elaborar discursos e diálogos excelentes.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Niemeyer apanhava da esquerda marxista e também da não-marxista

Vejamos aqui um comentário muito pertinente de Anselmo Heidrich ao post "Oscar Niemeyer é um déspota":
Dois anos antes de ser inaugurada, a poetiza americana E. Bishop visitou Brasília e se surpreendeu com a secura e desolação do local. Ela estava antevendo como seria a cidade. Também já li que Brasília é "a última cidade medieval do mundo" ou "a cidade medieval mais moderna do mundo", algo assim, devido ao princípio de isolamento do público. De acordo com Vesentini em seu A Capital da Geopolítica, ela foi realmente pensada para apartar: os próprios pontos de ônibus são distantes uns dos outros para evitar aglomerações. E não precisamos ser experts no assunto para perceber porque aqueles prédios só devem funcionar em clima seco, como é de fato o Planalto Central, pois quando chove há muita infiltração; suas paredes envidraçadas também funcionam como estufas onde o uso de ar condicionado permanente se faz obrigatório. Tudo bem "ecológico", que nossos críticos politicamente corretos esqueceram de comentar. Niemeyer, como admirador do vulgo Le Corbusier, quem dizia que "a arquitetura serve para disciplinar", não poderia deixar de pensar algo como espetáculo de concreto: é uma obra que não dialoga com o cidadão, apenas expõe para o mesmo. Se há um sentido naquilo, mais parece ser o de um cemitério vivo.