sábado, 31 de março de 2012

Enfim, alguém assume que faz militância ideológica quando representa estudantes e quando é professor

Um comentário bastante franco, crítico e até mal-educado ao post Grupo Geo Corp é boa iniciativa traz uma síntese tão concisa dos males da hegemonia de esquerda em nosso sistema de ensino que merece ser respondido com uma tomatada, ou melhor, com um post. Escrito por Angelo Menegatti, o comentário diz o seguinte:

quarta-feira, 28 de março de 2012

Aziz Ab'Saber, Millôr Fernandes e um urubu

Lamento muito a morte de Millôr Fernandes, humorista e escritor a quem eu admirava. Ele era inteligente e culto, sendo que eu trago diversas frases de sua autoria na memória, exemplos admiráveis do melhor mau humor. Vou citar agora apenas uma, que serviu de epígrafe para a minha dissertação de mestrado: "o Brasil é a prova de que geografia não é destino". 

domingo, 25 de março de 2012

Tese central de Santos, Harvey e Soja é só "malabarismo retórico"

Ao proferir uma fala sobre a geografia crítica, Paulo César da Costa Gomes fez uma afirmação de extrema importância. Ele disse que a definição de espaço como produto da sociedade encerra um problema epistemológico insolúvel, pois, se o objeto de pesquisa da geografia é apenas um reflexo, então qual seria a importância de estudá-lo? Em termos tanto científicos quanto sociais, o importante não seria estudar a sociedade que produz o espaço, ao invés de gastar energia tentando entender o reflexo que ela produz? 

Para contornar essa dificuldade, continuou ele, os geocríticos se veem forçados a realizar um enorme "malabarismo retórico" para justificar a ideia de que o espaço não é só reflexo, mas também uma instância "ativa". Ficam dando voltas e voltas para provar que o espaço é produto social e também produtor de relações sociais, mas que afirmar isso não significa cair num determinismo ou fetichismo espacial, pois o espaço não é algo externo à sociedade, mas uma instância da própria sociedade. 

quarta-feira, 21 de março de 2012

Grupo Geo Corp é boa iniciativa

Fiquei sabendo hoje, no intervalo da aula, que alguns alunos da UFPR montaram um grupo para divulgar informações úteis para a futura profissionalização dos estudantes de geografia. Como se lê na página do Blog Geo Corp, existem ali informações sobre estágios, concursos públicos, eventos científicos, oferta de empregos, legislação, e assim por diante. O Grupo pretende também, futuramente, desenvolver projetos em conjunto com o Departamento de Geografia dessa universidade.

domingo, 18 de março de 2012

O sucesso do economicismo na geografia

No post anterior - Carlos Walter mudou para ficar a mesma coisa - um leitor me perguntou a razão de eu afirmar que o economicismo ficou difícil de defender após a derrocada socialista se esse modo de pensar continua a ser tão influente. Vou tentar responder sem delongas.

Primeiramente, é preciso notar que a popularidade dessas velhas teses marxistas varia muito de um país para outro. Como já lamentou o filósofo Ruy Fausto (que é socialista): "[no Brasil] o marxismo é muito vivo, enquanto na Europa ele está morto – e nenhuma dessas atmosferas me satisfaz muito” (Fausto, 2002). Em segundo lugar, conforme eu digo no livro Quebrando a corrente: por uma crítica da geografia atual (*), o marxismo já vivenciava uma crise teórica e prática profunda havia cerca de vinte anos quando a geocrítica tornou-se hegemônica na geografia brasileira. 

quinta-feira, 15 de março de 2012

Carlos Walter mudou para ficar a mesma coisa

Em 1982, o Boletim Paulista de Geografia publicou uma edição especial com o tema Geografia e Imperialismo. Estávamos ainda na fase da maior efervescência da geografia crítica e radical, quando a maioria dos integrantes dessa corrente se dizia marxista ou, no mínimo, afirmava utilizar o "método dialético" como base de suas pesquisas.

Nesse tempo, Carlos Walter Porto Gonçalves era a regra, não a exceção. No artigo que publicou nessa edição da revista (Gonçalves; Azevedo, 1982), seguiu a mais pura linha teórica marxista e leninista para explicar o dito imperialismo. Está tudo lá, como se pode ver num resumo esquemático:

segunda-feira, 12 de março de 2012

O artigo que a Conhecimento Prático Geografia ignorou

Tempos atrás, uma pessoa que leu um artigo que publiquei no site Escola Sem Partido me convidou por e-mail a escrever um artigo sobre o problema da doutrinação no ensino de geografia, o qual saiu publicado na revista Conhecimento Prático Geografia. Não me ofereceram qualquer remuneração por esse trabalho, muito embora se trate de revista produzida por editora privada e vendida em bancas de jornal, e nem eu solicitei qualquer pagamento.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Aqui, jogar tomates é debater ideias

Li um texto muito bom do geógrafo Anselmo Heidrich intitulado A noite escura da amoralidade. Depois de uma digressão inicial sobre a questão da criminalidade (retomada mais ao final do artigo), ele faz uma crítica pertinente a Olavo de Carvalho. Conforme citado no texto, Carvalho afirma o seguinte:

quarta-feira, 7 de março de 2012

Dos "de baixo" é que não vem nada mesmo

Antigamente, ouvia-se com certa frequência um adágio bastante otimista que dizia o seguinte: "de onde menos se espera, aparece a solução". Como contraponto, o humorista conhecido como Barão de Itararé cunhou uma versão paródica: "de onde menos se espera é que não vem nada mesmo". Vale como aviso bem-humorado para os intelectuais críticos que, com o fracasso da tese marxista da centralidade operária, ficaram viúvos de uma teoria da revolução. As tentativas de cobrir essa lacuna são várias, e vou citar três agora. 

domingo, 4 de março de 2012

A "mídia" e a escola na cabeça contraditória de um professor

Depois que eu publiquei um estudo na revista Conhecimento Prático Geografia sobre o problema da doutrinação no sistema brasileiro de ensino, comecei a debater o assunto por e-mail com dois professores que me escreveram para manifestar suas discordâncias em relação às minhas conclusões. Partes desse debate eu organizei em um texto (disponível aqui), mas o diálogo continuou rolando, ao menos com um deles. Então, para que um assunto importante como esse não fique restrito a tão pouca gente, vou reproduzir agora uma passagem da discussão mais recente que exemplifica muito bem a visão autoritária e contraditória que os professores que se dizem críticos têm do ensino e dos meios de comunicação de massa.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Defensores da heterodoxia econômica ficam entre a crítica desonesta e a demagogia explícita

Economistas heterodoxos são, na sua grande maioria, de esquerda. Mas em que consistiria o receituário dos heterodoxos esquerdistas? É difícil dizer, pois, assim como os maus perdedores do planejamento urbano, essa turma gasta muito tempo malhando as políticas macroeconômicas ortodoxas e quase tempo nenhum para explicar quais são suas alternativas. Mas, por algumas críticas que fazem às políticas macroeconômicas de que discordam, somadas a uma ou outra afirmação um pouco mais propositiva, é possível saber algo sobre o que desejam. Vejamos: