Fiquei sabendo hoje, no intervalo da aula, que alguns alunos da UFPR montaram um grupo para divulgar informações úteis para a futura profissionalização dos estudantes de geografia. Como se lê na página do Blog Geo Corp, existem ali informações sobre estágios, concursos públicos, eventos científicos, oferta de empregos, legislação, e assim por diante. O Grupo pretende também, futuramente, desenvolver projetos em conjunto com o Departamento de Geografia dessa universidade.
Isso mostra que, conforme eu já comentei em outros posts, o aparelhamento das entidades estudantis por partidos de esquerda, como PCdoB, PT e PSTU, entre outros, acaba deixando em segundo plano as preocupações que deveriam ser primordiais, isto é, aquelas referentes à qualidade dos cursos e à inserção dos alunos no mercado de trabalho.
Não quero dizer com isso que a atual gestão do Centro Acadêmico de Geografia da UFPR - Cageo, esteja sendo conduzida por alunos que agem como pelegos de algum partido e nem mesmo que essa gestão seja desligada dos problemas acadêmicos e profissionais. Já tivemos algumas gestões no Cageo que me pareceram carregar esses vícios muito comuns no pseudo "movimento estudantil", mas não conheço o suficiente da atual diretoria para fazer uma avaliação dessas.
Meu objetivo aqui é apenas destacar que, conforme eu afirmei numa entrevista ao jornal Gazeta do Povo, a internet dá mais voz aos estudantes preocupados com questões acadêmicas e profissionais, de sorte que disputar eleições para o Centro Acadêmico já não é o único meio disponível para levar adiante ações úteis para a formação e futura profissionalização dos estudantes. Essa disputa deve ser feita, é claro, pois a institucionalidade dos Centros Acadêmicos faculta o acesso a recursos públicos para a realização de eventos como a Semana Acadêmica de Geografia, por exemplo. Mas, ao contrário do que acontecia no meu tempo de estudante, a internet está aí para ajudar a cobrir a lacuna naqueles casos em que o Centro Acadêmico ficar concentrado apenas em questões políticas que não têm nenhum interesse direto (às vezes, nem indireto) para os alunos que essas entidades dizem representar.
A propósito, alguém já reparou como um dos elementos perversos da política brasileira está no fato de que os nossos representantes sindicais e estudantis querem ganhar dinheiro sem mostrar serviço para os seus representados? Os sindicalistas defendem o imposto sindical com unhas e dentes, ao passo que as entidades estudantis vendem carteirinhas de estudante. Vejam a respeito o último post publicado no Blog Filosofia Cirúrgica.
E vida longa ao Geo Corp!
Realmente. Querem dinheiro sem trabalho (o que eu também quero, é verdade), e defendem isto como se fosse a salvação do povo. O grande problema dos movimentos de esquerda é este: quem distribui aos outros nunca se esquecerá de distribuir, primeiramente, a si próprio.
ResponderExcluirQuando eu era estudante tivemos uma visita de um professor de geografia da Alemanha. Após tê-lo interpelado em uma palestra nos aconselhou, "pense em como em seu papel de geógrafo, você pode auxiliar seu país". Aquilo me soava à época como completamente non sense. E hoje, ao contrário, eu entendo perfeitamente. Antigamente, eu achava que o que orientava o trabalho acadêmico e/ou profissional era a ideologia ou, se preferirem, uma orientação filosófica. Só que, mesmo que as tenhamos, inclusive bem consolidadas, de pouco adiantarão se não tivermos capacitação técnica, um método ou agrupamento de métodos de pesquisa para atingirmos os objetivos necessários ao planejamento governamental ou empresarial. Você pode se comover e querer agir em prol dos necessitados com seu trabalho, mas a orientação ideológica não lhe trará nenhuma técnica capaz de ajudá-los em sua especificidade profissional. Será que esses garotos de DCE nunca pararam para pensar que não se constrói uma sociedade com paralizações, greves e atos públicos, mas sim com geração de emprego, que é dada em primeiro lugar pelas empresas privadas? Se só greve resolvesse algo, então seria fácil, bastaria parar com as atividades acadêmicas, inclusive parassem de estudar. Agora me digam, quantos desses estudantes de DCE se reúnem para levantar o acervo de uma biblioteca e sugerir outros títulos? Nesses tempos de internet, quantos desses estudantes pesquisam o ensino e mercado de trabalho para geógrafos em outros países e sugerem mudanças curriculares em suas universidades?
ResponderExcluirAgora perguntem quantos deles já foram escalados para trazerem trouxinha de maconha para a próxima festa do DCE?
É verdade, gente. Os universitários ativistas se dizem bem-feitores do povo porque deixam de lado o mercado para ficarem fazendo proselitismo de ideias socialistas, mas, quando menos se espera, apresentam a fatura para a sociedade. Foi bem o caso do Ziraldo, que recebeu um milhão de reais por ter sido perseguido pela ditadura e, numa entrevista, teve a cara-de-pau de dizer: "o Brasil me deve isso" (sic!). Ora, não devemos porcaria nenhuma para um sujeito que, antes, durante e depois da ditadura, teve uma vida muito mais confortável do que a de 99% da população brasileira! Por isso estão sempre querendo uma boquinha no Estado ou arrumando maneiras de ganhar dinheiro sem ter de mostrar serviços àqueles que dizem representar. É revoltante!
ResponderExcluirBah! Tu falaste em um sujeito que não me desce, Ziraldo. Este sujeito teve a pachorra de dizer que o Calvin (de "Calvin e Haroldo" de Bill Watterson, "Calvin and Hobbes", no original) era fruto de uma sociedade tecnocrática porque gostava de fazer pesquisas de opinião da atuação de seu pai no papel de pai. Desnecessário eu comentar a ironia que este genial cartunista fazia na melhor tirinha que eu conheço (sim, sou leitor de gibis e fã de Calvin e Haroldo). Ele penetrou na mente da criança para retratá-la como ela é e não com um "Menino Maluquinho" que mostra uma criança idealizada. Agora, para Ziraldo eu seria um perfeito exemplo de "colonizado" porque gosto do Calvin? Este sujeito não pode imaginar que há diversos personagens de cartunistas americanos que gosto e dos quais também não gosto, que desenhistas e autores de histórias brasileiros fazem sucesso por lá e que para quem gosta de gibi, a fronteira nacional não significa absolutamente nada. O Ziraldo chegou a ter a ideia "genial" de fazer historinhas em círculos, os "redondinhos" porque "quadradinhos" é coisa de americano! Não, não dá para engolir um sujeito desses que não entende de otimização de espaço, mas acha que o rótulo de "nacional" lhe autoriza a julgar o que é um bom gosto. Ao final das contas, gente assim é consegue patrocínios do BB e da Petrobras...
ResponderExcluirAqui em casa todo mundo é fã do Calvin e Haroldo. Eu gosto bastante do desenho do Ziraldo, mas as histórias do Menino Maluquinho são sem graça de dar pena. E o nacionalismo bocó é mesmo a base das críticas que o Ziraldo faz ao Calvin. Mas o pior de tudo é que pessoas como o Ziraldo ganham um dinheirão vendendo produtos que veiculam suas ideologias e, mesmo assim, se acham heróis que merecem receber também dinheiro do Estado! Vergonhoso...
ResponderExcluirSalvador Allende quando discursou na Universidade de Guadalajara em 1972 disse o seguinte "existem jovens velhos e velhos jovens", depois de militar (com muito orgulho) por 5 anos no Movimento Estudantil, tenho a convicção de que o papel do Movimento Estudantil é, antes de mais nada, não deixar que a sociedade envelheça nas suas ideias. Essas ideias que vocês defendem são as mesmas de 500 anos atrás. O que me deixa tranquilo é saber que hoje, depois de formado na Geografia da UFPR estou numa sala de aula formando a esquerda. Como diria Maradona chupem todos!
ResponderExcluirEu ia escrever aqui uma crítica ao comentário do Angelo, mas o texto dele mostra tão concisamente os males trazidos pela hegemonia de esquerda em nosso sistema de ensino que eu acho que vou dedicar-lhe uma tomatada, digo, um post inteiro.
ResponderExcluirConcordo com o Prof° Diniz, a GeoCorp é de extrema importância para a inserção do Geógrafo no mercado de trabalho, além disso acredito que ela essa iniciativa possa esclarecer as competências e funções da nossa profissão. Eu já fui do Centro Acadêmico e defendo que a atuação e legítima e sempre será.... Se o mesmo defender os interesses dos alunos que de modo geral é isto que o Estatuto do CAGEO UFPR prega. Porém, me pergunto de que forma isso está sendo feito. Aqui a crítica não é direcionado ao CAGEO UFPR, do qual sempre que posso auxilio a gestão, mas ao Movimento Estudantil como um todo. Eu participei de ME e realmente é nítido que muitas vezes o discernimento do que é interesse dos alunos e camuflado ou deixado de lado por interesses partidários. Sim, é fato que os partidos arrebanham acadêmicos para a adesão. Isso não é novidade para ninguém. Em relação, ao posicionamento ideológico, acredito que a nossa função enquanto professor de Geografia não é doutrinar alunos e sim, esse é o nosso objetivo, ensinar eles a pensar Geografia. Saudações Geográficas, Ana Paula Marés Mikosik!!!
ResponderExcluirO que você viveu no tal "movimento" dos estudantes, nos anos 2000, é o mesmo que eu vivi nos anos 1980, quando era aluno e participei do Centro Acadêmico de Geografia da USP - CEGE. Infelizmente, nada mudou, embora seja fato que não podemos julgar todas as diretorias do CAGEO com base nessa constatação geral dos vícios do sistema de representação estudantil. Embora olhando de fora, avalio que já tivemos algumas gestões com esse tipo de desvio ideológico que estamos comentando, mas também já tivemos gestões realmente preocupadas com questões profissionais e acadêmicas. E saudações geográficas para você também.
ResponderExcluirQue legal. Quando um professor que ninguém gosta fala mal do movimento estudantil, acaba atraindo a simpatia dos alunos para o próprio movimento estudantil... Continue assim!
ResponderExcluirEsse comentário, que só podia ser anônimo, merece uma tomatada. Sai já, já.
ExcluirProfessor que ninguém gosta? Talvez nenhum dos vermelhinhos goste mesmo. É um ótimo professor, sem mais.
ResponderExcluir