sexta-feira, 12 de julho de 2013

Não contem com este blog para fazer propaganda de tipo nazista

Descobri certa vez, com muita satisfação, que um pequeno texto meu havia sido publicado no blog Diplomatizzando, de Paulo Roberto de Almeida. Diversos comentários se seguiam ao texto, e um deles me chamou atenção por fazer uma crítica baseada na cobrança de informações que, conforme estava escrito no próprio texto, constavam de um trabalho maior de minha autoria, o qual era devidamente referenciado por um link. Então, como  o comentário não havia sido respondido, eu mesmo respondi, sendo que o autor do blog se manifestou em seguida para confirmar minha objeção àquelas linhas obtusas.

Mas não escrevo isso numa crítica a Almeida, que, além de um excelente acadêmico, destaca-se como autor de um blog de qualidade. Quero apenas mostrar como os internautas se aproveitam da informalidade dos blogs para martelar interpretações equivocadas usando meia dúzia de frases feitas, visto que dar resposta é muito mais demorado que comentar e, assim, os autores de blogs dificilmente têm tempo para responder a todos os comentários que recebem – especialmente quando se trata de um blog com mais de meio milhão de acessos, como é o caso de Diplomatizzando. Em respeito ao espírito do debate de ideias, os autores publicam esse tipo de comentário, mas acabam não tendo tempo de expor sua discordância.

Fatos, argumentos e mentiras

Encontro-me nessa situação agora. Há muitos comentários na fila para publicar e responder, sendo que a maioria das respostas pedem textos longos. Vários deles reverberam mentiras muito presentes em textos acadêmicos e nas falas de professores, razão pela qual eu, sendo fiel aos objetivos deste blog, me dou ao trabalho de analisar e refutar tais mentiras uma por uma, conforme os textos indicados abaixo. Todavia, apareceram aqui comentários sobre as badernas de junho que, em total afronta aos fatos, insistem em dizer que a polícia incitou a violência!

Ora, mesmo considerando que pode ter havido excessos por parte da polícia nos dias posteriores à deflagração da série de marchas a que assistimos (e eu não descarto que podem ter havido abusos, os quais devem ser apurados e punidos), isso não muda o fato de que o quebra-quebra começou no dia 06 de junho. Ou seja, durante a passeata de meras duas mil pessoas que atenderam à convocação do Movimento Passe Livre – MPL. Nesse sentido, é fato que a violência explodiu no momento em que os manifestantes eram poucos e tinham um perfil ideológico afinado com o do MPL. Como também é fato inconteste que o MPL aproveitou as depredações ocorridas para chantagear o poder público – com sucesso – e ainda legitimou a violência ao classificá-la como manifestação de "revolta popular" (sic!).

Portanto, embora seja óbvio que nada disso implica dizer que foram os líderes do MPL que ordenaram a este ou aquele que saísse depredando estações do Metrô – quem fez o quê é algo a ser apurado –, está muito claro que: a) a agressão começou do lado dos que saíram às ruas convocados por essa organização; b) os alvos escolhidos pelos depredadores foram as empresas de transporte criticadas pelo MPL; c) atos de violência como esses – e até bem piores – são justificáveis à luz das ideias de inúmeros teóricos e ativistas de esquerda, de hoje e de ontem (Hobsbawn, 1970), conforme as evidências concretas que eu citei noutras postagens.

Em vista disso, um Anônimo que manda para cá comentários que procuram jogar a culpa na polícia para fazer de conta que o esquerdismo não tem relação alguma com a baderna nada mais faz do que reproduzir a velha estratégia de repetir uma mentira até que ela se torne verdade. Nesse sentido, comentários que insistem em agredir os fatos e que não trazem nenhum argumento cuja discussão sirva ao objetivo principal deste blog, que é o de pôr em questão a teoria social crítica, não serão publicados aqui. A publicação de comentários assim não é defensável com o argumento de que devemos respeitar o debate de ideias, já que, como diz Reinaldo Azevedo, "falar mentiras é diferente de ter uma opinião". Além do mais, agredir os fatos não significa expor um argumento a ser discutido, mas apenas fazer uma afirmação que deve ser negada pela descrição de fatos bem conhecidos.

Em suma, o comentário que motivou este post não foi publicado, mas a resposta foi dada do mesmo jeito, conforme se lê acima. Todavia, existe no comentário uma única ideia que se encaixa nos objetivos deste blog, a qual trata do papel supostamente benéfico do PT na redemocratização. Trato disso em outra hora.

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HOBSBAWN, E. J. Rebeldes primitivos: estudo sobre as formas arcaicas de movimentos sociais nos séculos XIX e XX. Rio de Janeiro: Zahar, 1970.

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