terça-feira, 8 de abril de 2014

Miguel Nagib: "Os fascistas de esquerda e o professor sem noção"


O coordenador do site Escola Sem Partido - ESP, Miguel Nagib, publicou um artigo na Gazeta do Povo que trata do recente episódio de invasão de uma sala de aula da Faculdade de Direito da USP por alunos que, conforme vídeo no Youtube, fizeram ele "calar a boca" aos berros. O artigo demonstra de forma irretorquível a má-fé desses professores doutrinadores e estudantes de esquerda que acusam o ESP de tentar substituir uma doutrinação ideológica esquerdista por uma doutrinação de direita. Já na abertura do artigo, a coerência da sua posição mostra-se cristalina.
Um dos episódios mais comentados da semana foi a invasão de uma sala de aula da Faculdade de Direito da USP, ocorrida no momento em que o professor de Direito Administrativo Eduardo Lobo Botelho Gualazzi lia para seus alunos um artigo em que expressa suas convicções políticas e ideológicas e defende a revolução/golpe/contragolpe (como queiram) de 1964. O vídeo está disponível no YouTube.
Não há dúvida de que o espetáculo promovido pelos estudantes é inaceitável: coisa de extremistas ideológicos. Ainda não dá para comparar com a violência dos guardas vermelhos durante a Revolução Cultural, na China, mas é só uma questão de tempo para esses fascistas de esquerda chegarem lá.
A invasão, todavia, não é o único aspecto que chama a atenção nesse episódio lamentável. Há também a conduta do professor. Não nos parece que ele tivesse o direito de usar uma aula da sua disciplina (que é obrigatória) para constranger os alunos a ouvi-lo dissertar sobre assuntos que nada têm a ver com Direito Administrativo.

Recomendo fortemente a leitura desse artigo. Trato do tema, com a mesma linha de pensamento, nos capítulos 3 e 4 de Por uma crítica da geografia crítica (Editora da UEPG, 2013). No caso específico dessa invasão, chamo atenção para o fato de que o ESP elaborou uma lista de Deveres do Professor com o objetivo de alertar os alunos contra as práticas doutrinadoras. São cinco regras simples que previnem contra qualquer tipo de ideologização das salas de aula, seja à direita ou à esquerda. 

Nesse sentido, está claro que, se os estudantes que invadiram a aula tivessem uma visão democrática do que deve ser um ambiente universitário, poderiam ter protestado contra a atitude do professor distribuindo cópias do cartaz com os Deveres do Professor para os alunos, antes de a aula começar. 

Por que não fizeram isso? Porque não se importam que haja doutrinação ideológica em sala de aula: reagem contra essa prática se for doutrinação "de direita", mas se calam e aplaudem quando há doutrinação de esquerda. E a forma como combatem a doutrinação de quem pensa diferente é, como bem qualificou Nagib, fascista: impedem que a aula aconteça, simplesmente.

Esse caso mostra que a campanha pelo cartaz anti-doutrinação é a única forma democrática de lutar contra a ideologização das salas de aula. Quem reage contra o cartaz quer doutrinação mesmo.

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4 comentários:

  1. Apesar de não se tratar de uma propaganda ideológica explícita (embora também seja ideologia), o caso de uma prova que colocava uma cantora como "pensadora contemporânea" em uma prova de filosofia revela como se pode deturpar a função do professor (pelos próprios professores):

    http://blogs.estadao.com.br/radar-pop/a-questao-foi-uma-provocacao-diz-professor-de-filosofia-autor-da-prova/?fb_action_ids=10201321120464934&fb_action_types=og.recommends&fb_source=aggregation&fb_aggregation_id=288381481237582

    Eu tiro duas conclusões sobre o ocorrido e que não se referem à "cantora": a inutilidade de se manter com nossos impostos uma cátedra de filosofia para alguém que elabore uma questão destas e o descaso, desrespeito e ignorância do professor que elaborou a questão para com o instituto e método de aferimento do saber que constitui uma prova.

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    1. Eu nem estava sabendo desse caso. É absurdo mesmo! Ao justificar a questão, o professor disse que a pergunta foi uma "provocação" e que as reações negativas evidenciam preconceito das pessoas pelo fato de Walesca Popozuda ser mulher (!) e funkeira. Tal justificativa prova que nossos professores estão mais preocupados em "combater o preconceito" do que em ensinar os alunos a pensar de forma rigorosa. Não percebem que o melhor antídoto contra todos os preconceitos é formar pessoas capazes de pensar com rigor e, por raciocinarem de forma populista e politicamente correta, acabam vendo preconceito onde não existe e fomentando preconceitos de natureza ideológica contra pessoas de renda alta, "ocidentais" ou que valorizam a cultura, entre outros. E é como você disse: prova existe para aferir conhecimento e habilidades, não para "testar" os valores dos alunos!

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  2. Olá Diniz. Há quanto tempo... Estive doente desde Setembro do ano passado, por conta da tal alienação (quase que uma esquizofrenia, mas diferente da vivida por John Nash) e a desordem que se formou em meus pensamentos até um possível suicídio que me acometera inconscientemente, segundo minha psiquiatra. De lá pra cá fiz tratamentos com a equipe de saúde daqui de Alfenas, com psicólogos, psiquiatra, farmacêuticos... E hoje está tudo em ordem comigo e com a mente. O legal é que descobri coisas interessantes refletindo sobre tudo ao longo do tempo e me aproximei mais à igreja católica. Acompanho seus posts, são ótimos e estou estudando alguns mestrados, inclusive por aí na UFPR.
    Risos... Sem mais "delongas"... Olha que bacana este vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=xShM6erIvyk

    Parece que há uma "guerra", não acha?


    Abraços...

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    1. Olá, Estevan. Fico feliz em saber que você resolveu esse problema de saúde. Minha saúde não vai lá essas coisas, mas o meu problema é na musculatura. Dói aqui, dói ali...

      Assim que der, eu assisto ao vídeo. Estes dias andam meio corridos.

      Abraços!

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