sexta-feira, 12 de setembro de 2014

PT não tem mérito nenhum. Ou: uma lição para Alexandre Schwartsman

Quando petistas querem criticar alguém, não importa quem seja, usam linguagem agressiva, negam que o alvo escolhido tenha qualquer mérito ou qualidade, falam como se fossem moralmente superiores (apesar de seu telhado de vidro já estar completamente espatifado...) e não hesitam um segundo em inventar todo tipo de mentira descarada. É uma postura coerente com o modo de pensar de marxistas e pós-modernistas: já que não existe neutralidade política na ciência, no ensino, no jornalismo, etc., então é justo mentir e caluniar em nome da causa socialista! 

De outro lado, os analistas que criticam o PT parecem se ver na obrigação de mostrar pontos elogiáveis no partido para provar que fazem análises objetivas, confiáveis, sem viés partidário. O resultado é que o PT acaba recebendo um tratamento indulgente, pois é julgado com critérios que não são aplicados aos seus adversários e ainda colhe elogios que não merece.


Produtividade é a chave

Um bom exemplo disso é o livro Complacência, dos economistas Fabio Giambiagi e Alexandre Schwartsman (Elsevier, 2014). O livro é excelente, primoroso! Com uma redação bastante agradável, recheada de citações de economistas, políticos e escritores, torna palatável uma exposição cujas conclusões são baseadas em estatísticas econômicas. E o livro põe o dedo na ferida para fazer com que o leitor veja o óbvio: o segredo da prosperidade nacional é elevar a produtividade do trabalho de forma sustentada ao longo do tempo. Só a elevação da produtividade garante crescimento econômico de longo prazo e aumento real de salários sem produzir inflação, entre outros benefícios.

Por isso mesmo, o livro desmonta toda a ficção petista e prova que, como o Brasil fracassou no desafio de elevar a produtividade, teve um desempenho econômico que só alcançou a mediocridade por conta de um cenário internacional extremamente favorável. De 2003 a 2007, o mundo passou por uma fase de crescimento exuberante, e o Brasil colheu bem menos resultados que os outros Brics e a América Latina - em termos de crescimento, o único país da região que se saiu pior foi o... Haiti! Daquele primeiro ano até 2011, o Brasil foi beneficiado também pelo fato de que os preços internacionais de produtos industrializados caíram e os preços das commodities agrícolas e minerais subiram. Daí que, embora o valor das importações brasileiras tenha crescido mais rápido do que o valor das exportações em todo esse período, foi possível obter saldos exportadores consideráveis. Mas a fase boa passou, então não há mais como disfarçar os problemas: o Brasil já está entrando em recessão técnica e amargando déficit comercial.

Apesar de o livro ser a prova irrefutável das imposturas petistas, há  um momento em que os autores tentam mostrar que existem também méritos nas gestões do PT (Idem, p. 22-23). Neste post, vou comentar três desses supostos méritos.
  • Lula e Dilma tiveram o mérito de rejeitar as ideias dos radicais do PT e, assim, o Brasil não enveredou pelo caminho de países como Venezuela e Equador.
  • Lula e Dilma foram suficientemente pragmáticos para garantir a estabilidade econômica herdada de FHC, apesar de "arranhões" recentes no controle da inflação e na política fiscal.
  • Se o desempenho do Brasil foi medíocre na fase de prosperidade internacional, ainda assim o governo soube "surfar na onda", ao contrário da Argentina, que no mesmo período se fechou ao crédito externo e dificultou o investimento produtivo.
Francamente... os itens 1 e 3 mostram que, para os autores, o fato de os governos Lula e Dilma terem sido menos ruins do que os da Venezuela, Equador e Argentina é um mérito! Mas desde quando tomar decisões menos ruins do que as de governantes que estão levando seus países para o abismo é mérito? Se esse fosse um critério justo de avaliação, praticamente todos os governantes do mundo teriam algo de elogiável para mostrar: "pô, gente, nós não fizemos tanta burrada quanto na Venezuela...". Ou seja, enquanto se cobra de outros presidentes que façam bons governos, Lula e Dilma já merecem elogios se não forem tão ruins quanto poderiam ser.

E nem adianta dizer, como no item 2, que foi meritório ignorar as ideias dos radicais do PT em nome do pragmatismo. Afinal, o PT não pode ser comparado consigo mesmo, mas sim com os outros partidos e governos! Quando se comparam os governos do PT com os de  FHC, está claro que a gestão da política econômica foi basicamente a mesma até a crise de 2008 e, dali em diante, piorou de qualidade progressivamente. Não há mérito algum, portanto; só demérito!

Tratados a pontapés

Já no governo Lula, Fabio Giambiagi e outros três economistas com ideias divergentes das do PT foram demitidos do IPEA. E neste ano de 2014, o Banco Central entrou com uma queixa crime contra Alexandre Schwartsman por causa das críticas que ele fez ao "trabalho porco" que essa instituição tem feito. Enquanto analistas competentes e rigorosos inventam argumentos furados para ver no PT méritos que o partido não tem, a fim de provarem a objetividade de suas análises, os petistas não têm o menor pudor de chutá-los do governo ou até de os tratar como a criminosos só pelo fato de eles discordarem de uma política que, inegavelmente, é porca mesmo!

Ser bonzinho nas críticas ao PT não tem sido boa estratégia para ganhar eleição presidencial, não prova a objetividade das críticas ao partido (pelo contrário, a objetividade sai prejudicada quando se apelam para argumentos furados), e nem serve para conquistar o respeito dos petistas. Petistas, assim como leninistas e nazistas, desprezam a objetividade e só respeitam companheiros e sócios do poder.

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