quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

A "máquina de moer ministros"

Uma característica de acadêmicos e jornalistas simpáticos ao PT é transformar o vício em virtude sempre que esse partido se encontra na berlinda por estelionato eleitoral ou problemas éticos. Eu estava agora mesmo lendo um artigo de Reinaldo Azevedo que comenta a sequência sem fim de escândalos que é o governo Dilma - em perfeita continuidade com o de Lula - e sorri ao ler esta citação de Gilberto Dimenstein:
“A queda do ministro do Trabalho não é apenas o resultado de uma postura da presidente Dilma Rousseff, disposta a correr riscos em sua base parlamentar e até na sustentação de Lula ou do PT, disparando contra ministros. Só esses fatos já a colocam na história como a presidente que mais mandou gente embora no primeiro escalão, por questões de moralidade, em tão pouco tempo. É uma serial killer”.
Achei engraçado porque essa passagem me fez lembrar que, quando os tucanos pensaram em integrar a base de apoio do governo Collor, o senhor Gilberto Dimenstein deu uma entrevista à TV na qual criticou a ideia com o argumento, entre outros, de que aquele governo era uma “máquina de moer ministro”, dada a forma como os escândalos pipocavam de todos os lados. Citou como exemplo Jarbas Passarinho, contra quem a esquerda nunca havia conseguido nada, mas que foi alvo de suspeitas de corrupção quando virou ministro de Collor. 

Bem, os tucanos acabaram desistindo da ideia de integrar a base daquele governo (e alguém que lutou muito por essa decisão acertada foi o saudoso Mário Covas). Hoje, porém, o governo Dilma revela-se uma máquina de moer ministro até mais impressionante do que a gestão Collor! Em poucos meses, seis ministros foram demitidos por suspeitas de corrupção e já existe um sétimo (Fernando Pimentel) que está sendo chamado a dar explicações sobre suas atividades como consultor de empresas. Mas onde Dimenstein via um terrível defeito, ele agora vê uma grande virtude!

É de chorar de rir ver intelectuais e militantes do PT acusarem a imprensa de "tucana" e "golpista" quando as lambanças desse partido e da sua "base alugada" (uma divertida expressão de Augusto Nunes) vêm a público. A grande verdade é que nenhum partido conta com tantos jornalistas prontos para usarem argumentos cínicos e hipócritas para defendê-lo quanto o PT. Gilberto Dimenstein é apenas um dentre inúmeros jornalistas que mudam de ponto de vista conforme os interesses do partido de sua predileção.

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