terça-feira, 30 de agosto de 2011

MST só se mostra por inteiro a portas fechadas


Já tive oportunidade de discutir com alguns professores sobre o forte teor de doutrinação ideológica praticado nas escolas do MST. São todos unânimes em dizer que isso não é verdade, que não há doutrinação nenhuma, mas usam argumentos contraditórios. Começam dizendo que não há doutrinação, mas, se pressionados, alegam que o agronegócio é que doutrina, deixando assim sugerido que, se os outros fazem errado, não sobra alternativa além de fazer o mesmo. (Eu só gostaria de saber como e com quem o agronegócio faz doutrinação, já que os professores e livros didáticos são quase todos adversários desse setor empresarial).

Mas é interessante como o MST desmente os professores que o apoiam quando algum representante dessa organização se põe a falar em um espaço fechado, sem filmagem e com uma plateia, na maior parte, simpática às suas teses. No dia 11 de maio de 2011, com efeito, foi realizada a mesa redonda Educação do Campo: diálogos entre universidade e movimentos sociais, num auditório da Universidade Federal do Paraná. Participavam da mesa uma professora doutora da Universidade Tuiuti do Paraná – UTP, dois doutorandos em geografia da UFPR e o senhor Alessandro Santos Mariano, do Setor de Educação do MST. A plateia era formada quase completamente por professores e alunos de pós-graduação em geografia da UFPR, sendo que os geógrafos brasileiros, conforme sei muito bem, com base em leituras e contatos pessoais, são ampla e visceralmente pró-MST.

Ora, ao longo de uma exposição que não parecia ter um norte bem definido, o representante do Setor de Educação do MST disse que, embora a revista Veja afirme que as escolas do MST servem para formar guerrilheiros, isso não é verdade. E acrescentou, conforme anotei: "quem dera! quem dera nossas escolas estivessem mesmo formando guerrilheiros. Na verdade, o que nós fazemos é só um trabalho doutrinário de formação de militantes para o movimento" (sic!).

Não sei quanto aos demais presentes, mas eu fiquei estarrecido ao ouvi-lo dizer e repetir que seria bom se as escolas do MST servissem à formação de guerrilheiros! É assim, em espaços fechados e junto de seus aliados político-ideológicos, que o MST admite o DNA autoritário e violento da organização. 

Claro, alguém poderia tentar diminuir a gravidade do que foi dito alegando que essa deve ser apenas uma opinião pessoal do expositor, não sendo partilhada pela maioria dos integrantes do MST ou mesmo do seu setor educacional. Mas então por que uma das Escolas Itinerantes do MST, segundo é informado num folheto distribuído durante a mesa redonda, tem o nome de "Carlos Marighella"? Só pode ser uma declaração de intenções!

Além do mais, embora não se possa afirmar que haja movimentos de guerrilha atuando no Brasil, a organização e formas de luta política do MST demonstram claramente seu caráter paramilitar. Gilberto Thums, procurador do Ministério Público Estadual, já enumerou as características paramilitares do MST:
Eles têm hierarquia; estão organizados para criar espaços livres, onde o Estado não entra, como em favelas do Rio de Janeiro; têm sempre uma estratégia de confronto com o Estado ou com as instituições privadas, a quem veem como oponentes; contestam abertamente a ordem jurídica; alegam que a legislação é feita por burgueses para não cumpri-la; mantêm controle rígido sobre os acampados e têm um sistema de informações que não tem comparação. Quando a força pública procura alguém num acampamento, ele não está lá. Procura no outro, ele já saiu. Eles não têm paradeiro, não têm local fixo. Para mim isso demonstra nitidamente um caráter paramilitar” (Entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, 25 de abril de 2009).

E as ações violentas praticadas pela organização, como invasões de propriedade pública e privada, destruição de plantações, matança de animais, agressões a proprietários e trabalhadores, depredação de instalações e máquinas, cárcere privado, entre outras, constituem, segundo o procurador, táticas de guerrilha. Portanto, o representante do Setor de Educação do MST lamenta que as escolas da organização não estejam formando guerrilheiros apenas por pensar em guerrilha stricto sensu, isto é, em grupos pesadamente armados que lutam para tomar o Estado e implantar o socialismo. Isso, realmente, não existe no Brasil de hoje. Mas, se o MST não consegue formar grupos guerrilheiros propriamente ditos, ao menos tem sido capaz de doutrinar as crianças de hoje visando transformá-las em militantes de uma organização com características paramilitares e que usa algumas táticas de guerrilha. As Escolas Itinerantes fazem o que podem.

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