sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Legado do PT sugere que Haddad não presta nem para voto útil

Não voto em Bolsonaro de jeito nenhum. Mas vou anular meu voto porque candidatos do PT não conseguem ser melhores do que Bolsonaro em nada! 

O PT ameaçou nossa liberdade, pois criou um esquema de suborno sistemático de parlamentares e tentou controlar a imprensa e a comunicação áudio-visual. Não conseguiu porque a "base alugada" (especialmente o PMDB) votou contra as propostas de instituição do CFJ e da Ancinav. E isso sem falar em várias medidas diplomáticas e econômicas concretas em favor de governos ditatoriais e de organizações brasileiras que usam de violência para fazer política, casos do MST e do MTST.

Nas áreas econômica e social, há quem se esforce para ver algum mérito especial nas gestões de Lula e Dilma. Uma matéria da BBC Brasil, escrita na época do impeachment de Dilma, seleciona as opiniões de alguns especialistas para fazer um balanço dos anos de poder petista (Cf.: O legado dos 13 anos do PT no poder). Sucintamente, posso apontar os seguintes problemas na matéria:
  1. A matéria destaca que a economia foi mal no governo Dilma, em parte, por causa da crise internacional. Mas não diz que a economia só foi bem no governo Lula por causa da conjuntura internacional favorável do período, visto que a política econômica de Lula foi a mesma do segundo mandato de FHC: câmbio flutuante, metas de inflação e de superávit primário.
  2. Realmente, nos anos 2003 a 2011, combinaram-se o crescimento da economia chinesa (que rebaixou os preços dos produtos industrializados e elevou os preços da soja e do minério de ferro) com um enfraquecimento do dólar no mercado internacional. Essa conjuntura explica os elevados superávits comerciais do período e também por que o governo Lula conseguiu praticar uma política prolongada de ampliação do crédito para consumo sem provocar pressões inflacionárias. 
  3. Ricardo Paes de Barros, Fábio Giambiagi e Alexandre Schwartzman já demonstraram, com dados oficiais, que o aumento do salário mínimo teve efeito significativo de redução da pobreza e da desigualdade no governo FHC, mas não nos governos petistas. No biênio 2004-2005, o potencial dos aumentos de salário mínimo para reduzir a desigualdade já estava esgotado. E os mais pobres são aqueles que trabalham no setor informal, sem carteira de trabalho assinada, de modo que os aumentos de salário mínimo não os beneficiam.
  4. A matéria cita os benefícios trabalhistas concedidos às empregadas domésticas como uma conquista do PT, mas a verdade é que, até hoje, cerca de 70% das empregadas continua trabalhando sem carteira.
  5. A queda da desigualdade de renda começou no governo FHC, com o Plano Real, e foi revertida no governo Dilma.
  6. O cotejo dos dados de desigualdade gerados pela PNAD, do IBGE, com as informações de arrecadação de Imposto de Renda mostram que, de 2006 a 2012, a concentração de renda aumentou! A matéria da BBC desconsiderou o fato de que as informações sobre renda obtidas por declarações de pessoas pesquisadas, como acontece no Censo Demográfico e na PNAD, subestimam a renda das pessoas de classe média e alta. Os dados da receita corrigem isso.
  7. O Bolsa Família não é uma política do PT, mas de FHC! O PT apenas unificou os programas de renda de FHC num programa só e expandiu o número de beneficiados. Ainda assim, a maior parte da queda da desigualdade observada no Brasil, desde a segunda metade dos anos 1990, se deve a transformações demográficas e no mercado de trabalho, sendo que nem todas têm relação com os governos recentes. A queda da fecundidade das mulheres de baixa escolaridade, por exemplo, começou na década de 1980, e teve impacto considerável na redução da pobreza.
  8. Os dados sistematizados pelo Gapminder World revelam que, nos governos do PT, o IDH se elevou mais devagar do que nos governos de FHC, mas a matéria da BBC sugere que houve uma grande conquista do PT nessa área.
Aqui estão alguns posts em que apresento os dados e as fontes que justificam as afirmações acima:

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