Não voto em Bolsonaro de jeito nenhum. Mas vou anular meu voto porque candidatos do PT não conseguem ser melhores do que Bolsonaro em nada!
O PT ameaçou nossa liberdade, pois criou um esquema de suborno sistemático de parlamentares e tentou controlar a imprensa e a comunicação áudio-visual. Não conseguiu porque a "base alugada" (especialmente o PMDB) votou contra as propostas de instituição do CFJ e da Ancinav. E isso sem falar em várias medidas diplomáticas e econômicas concretas em favor de governos ditatoriais e de organizações brasileiras que usam de violência para fazer política, casos do MST e do MTST.
Nas áreas econômica e social, há quem se esforce para ver algum mérito especial nas gestões de Lula e Dilma. Uma matéria da BBC Brasil, escrita na época do impeachment de Dilma, seleciona as opiniões de alguns especialistas para fazer um balanço dos anos de poder petista (Cf.: O legado dos 13 anos do PT no poder). Sucintamente, posso apontar os seguintes problemas na matéria:
- A matéria destaca que a economia foi mal no governo Dilma, em parte, por causa da crise internacional. Mas não diz que a economia só foi bem no governo Lula por causa da conjuntura internacional favorável do período, visto que a política econômica de Lula foi a mesma do segundo mandato de FHC: câmbio flutuante, metas de inflação e de superávit primário.
- Realmente, nos anos 2003 a 2011, combinaram-se o crescimento da economia chinesa (que rebaixou os preços dos produtos industrializados e elevou os preços da soja e do minério de ferro) com um enfraquecimento do dólar no mercado internacional. Essa conjuntura explica os elevados superávits comerciais do período e também por que o governo Lula conseguiu praticar uma política prolongada de ampliação do crédito para consumo sem provocar pressões inflacionárias.
- Ricardo Paes de Barros, Fábio Giambiagi e Alexandre Schwartzman já demonstraram, com dados oficiais, que o aumento do salário mínimo teve efeito significativo de redução da pobreza e da desigualdade no governo FHC, mas não nos governos petistas. No biênio 2004-2005, o potencial dos aumentos de salário mínimo para reduzir a desigualdade já estava esgotado. E os mais pobres são aqueles que trabalham no setor informal, sem carteira de trabalho assinada, de modo que os aumentos de salário mínimo não os beneficiam.
- A matéria cita os benefícios trabalhistas concedidos às empregadas domésticas como uma conquista do PT, mas a verdade é que, até hoje, cerca de 70% das empregadas continua trabalhando sem carteira.
- A queda da desigualdade de renda começou no governo FHC, com o Plano Real, e foi revertida no governo Dilma.
- O cotejo dos dados de desigualdade gerados pela PNAD, do IBGE, com as informações de arrecadação de Imposto de Renda mostram que, de 2006 a 2012, a concentração de renda aumentou! A matéria da BBC desconsiderou o fato de que as informações sobre renda obtidas por declarações de pessoas pesquisadas, como acontece no Censo Demográfico e na PNAD, subestimam a renda das pessoas de classe média e alta. Os dados da receita corrigem isso.
- O Bolsa Família não é uma política do PT, mas de FHC! O PT apenas unificou os programas de renda de FHC num programa só e expandiu o número de beneficiados. Ainda assim, a maior parte da queda da desigualdade observada no Brasil, desde a segunda metade dos anos 1990, se deve a transformações demográficas e no mercado de trabalho, sendo que nem todas têm relação com os governos recentes. A queda da fecundidade das mulheres de baixa escolaridade, por exemplo, começou na década de 1980, e teve impacto considerável na redução da pobreza.
- Os dados sistematizados pelo Gapminder World revelam que, nos governos do PT, o IDH se elevou mais devagar do que nos governos de FHC, mas a matéria da BBC sugere que houve uma grande conquista do PT nessa área.
Aqui estão alguns posts em que apresento os dados e as fontes que justificam as afirmações acima:
- Professores acham que propaganda do PT é conteúdo escolar
- Não param com o festival de bobagens sobre o impeachment de Dilma
- Fato: menos filhos por mulher reduziu a pobreza e a desigualdade
- Não houve "salto no IDH-M", mas mudança na forma de cálculo
- Redução da desigualdade começou com FHC e foi revertida pelo PT
- Dez anos de imposturas intelectuais e jornalismo dependente
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