domingo, 22 de janeiro de 2012

Planejadores radicais não têm nada a propor

Os geógrafos críticos, por sua opção incondicional pela utopia e recusa a ver qualquer positividade no capitalismo, são incapazes de apresentar soluções que sejam a um só tempo radicais e consistentes. A melhor demonstração disso é o IX Colóquio Internacional de Geocrítica, realizado em Porto Alegre. No discurso inaugural do evento, Horacio Capel (2007) anunciou o seguinte: 

Desde la geografía y las ciencias sociales se han hecho ya gran número de investigaciones que conducen a una descripción y diagnóstico crítico de los problemas del mundo actual. Esos diagnósticos son frecuentemente certeros y conducen a veces hacia las causas de los problemas que existen. En el momento actual necesitamos sin duda dar un paso más. Es preciso empezar a proponer respuestas y soluciones, presentar alternativas. No basta con la descripción crítica. Es necesario pasar a una nueva fase: la de proponer explícitamente medidas para resolver los problemas existentes. Esas respuestas no han de ser dogmáticas, sino basadas en un cuidadoso examen de las causas, y de las alternativas existentes.
En cada eje temático, las comunicaciones pueden abordar problemas que se considere relevantes en el momento actual. Pero no se aceptará ninguna que no tenga de forma explícita una propuesta para resolver el problema que se presenta.
Tal justificativa dos critérios utilizados para a seleção de trabalhos é tão-somente a admissão de que a teoria social crítica há muitas décadas vem se dedicando ao exercício de diagnosticar a realidade sem ter a preocupação e/ou a capacidade de propor soluções para os problemas investigados. E ainda com a ressalva de que tais diagnósticos críticos, que se reputam "frequentemente certeiros", apenas "às vezes" (sic) conduzem às causas dos problemas! 

Se isso por si só já revela a fragilidade da teoria social crítica no domínio prático, a leitura de vários trabalhos publicados na página desse evento demonstra ter prevalecido uma visão bastante indulgente quanto ao que se deveria considerar como um estudo que contivesse explicitamente "uma proposta para resolver o problema que se apresenta". Há trabalhos nos quais a proposta é radical, porém vaga, e outros que trazem propostas com algum detalhamento, mas que não conseguem ser alternativas radicais ao capitalismo. E, na grande maioria deles, dedica-se muito mais espaço à elaboração de diagnósticos catastrofistas do capitalismo atual do que à apresentação de soluções. 

No próximo post, mostrarei como isso se dá no âmbito do planejamento urbano. 

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CAPEL, H. Las ciencias sociales en la solución de los problemas del mundo actual. In: COLOQUIO INTERNACIONAL DE GEOCRÍTICA, 9., 2007. Disponível em: <http://www.ub.es/geocrit/9porto/col-9-001.htm> Acesso em: 18 ago. 2007. 

Um comentário:

  1. Na verdade, esses 'geocríticos' mantêm um ciclo vicioso em que sua crítica ao capitalismo serve para legitimar sua crescente dependência de favores do estado e ambições de alcançar cargos em suas sinecuras. E claro, quando uma teoria supostamente "explica tudo" fica fácil aplicá-la a diferentes casos sem o exercício de pensar.

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