Com o fracasso da tese marxista da centralidade operária, os intelectuais críticos do capitalismo vêm depositando suas esperanças utópicas em outros tipos de "movimentos sociais". Supostamente, essas organizações políticas poderiam levar a uma sociedade socialista de tipo novo, distante do estatismo totalitário e corrupto do socialismo real. Mas a experiência histórica recente demonstra haver uma enorme contradição entre essas expectativas e a prática política desses grupos. Vejamos:
Violência e autoritarismo: o MST e outras organizações de luta pela terra primam pelo desrespeito à lei e por práticas violentas. Já comentei em outro post que o MST possui características paramilitares e utiliza táticas de guerrilha. Há também diversas investigações para apurar suspeitas de crimes de sequestro, tortura e assassinato praticadas por integrantes dessa organização. Sindicatos e ativistas universitários também recorrem com frequência a métodos intimidativos, violentos e autoritários, como visto, por exemplo, nas recentes ações do Sintusp e do DCE-USP contra o policiamento do campus uspiano.
Corrupção: pairam sobre organizações supostamente ligadas ao MST, assim como ONGs, organizações estudantis e sindicatos, inúmeras denúncias fundamentadas de desvio de dinheiro público. A quadrilha do "mensalão", por exemplo, contou com a participação de sindicalistas que passaram a ocupar a máquina do Estado após a chegada do PT ao poder. No governo Dilma, há ONGs envolvidas em denúncias de corrupção que já derrubaram vários ministros.
Aparelhamento do Estado: As denúncias que levaram à queda do ex-ministro dos esportes, Orlando Silva, realçou aquilo que já era sabido desde o governo Lula, isto é, que tanto a UNE quanto o Ministério dos Esportes são feudos do PCdoB. Já os piqueteros argentinos saíram às ruas para exigir empregos e, no governo Néstor Kirchner, foram transformados em funcionários públicos. Mas nem por isso deixaram de fazer piquete toda vez que o governo que os empregou precisava de uma tropa de choque. O mesmo ocorre no Brasil, como se vê no próximo item.
Partidarização: exatamente como os políticos profissionais, os militantes do MST, UNE e CUT, entre outros, usam a bandeira da ética como instrumento de luta partidária. Se o governo de turno não for do PT, essas entidades saem às ruas toda semana para exigir a instalação de CPIs e investigações policiais, culpam os acusados mesmo quando não há qualquer evidência para fundamentar as acusações e ainda exigem a imediata demissão ou cassação destes. Agora, se o governo for petista, dá-se exatamente o contrário: alegam a inocência dos acusados mesmo quando há toneladas de evidências que podem incriminá-los, acusam a imprensa de "golpista" quando esta divulga as provas dos "esquemas" e ainda vão às ruas para tentar impedir que haja investigações (vimos isso, por exemplo, quando se tentou instalar uma CPI da Petrobras, ainda no governo Lula).
Dependência dos recursos do Estado: em coerência com o pensamento supostamente "libertário", autores como José W. Vesentini e Marcelo L. Souza vivem a malhar o Estado. No entanto, os ditos "movimentos sociais" só existem para exigir privilégios garantidos pelo Estado e para tungar o erário. A Via Campesina só quer saber de subsídios e protecionismo, enquanto o MST exige terras e, depois, subsídios.
Apesar de tantas contradições entre teoria e prática, os autores críticos se recusam a acatar a conclusão lógica de que os ditos "movimentos sociais" não representam interesses gerais da sociedade, pois são apenas organizações políticas que usam métodos autoritários (ou até escusos) para fazer valer os interesses econômicos de seus próprios membros. É por isso que recorrem à proteção e ao dinheiro do Estado para permanecer inseridos no mercado capitalista. E, quando nem assim conseguem, acomodam-se em cargos públicos ou sobrevivem de doações do Estado disfarçadas de financiamento à produção. Não é assim com a Via Campesina e com o MST?
E depois dizem que "a verdade da teoria é a prática social"...
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