quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Festival Charles Chaplin nas férias

Quando não existia TV por assinatura, a Rede Globo exibia, vez por outra, o Festival Charles Chaplin, isto é, uma sequência de filmes desse ator, diretor, roteirista e compositor, um por dia, durante mais ou menos uma semana. Até onde eu sei, já faz um bom tempo que isso não acontece mais na TV aberta, de sorte que os filmes de Chaplin continuam sendo exibidos em canais como o Telecine Cult. Não tenho esse canal no meu pacote, mas, graças ao DVD (que vai sendo substituído pela internet), tirei umas tardes das minhas férias para fazer um Festival familiar desse artista.

Sim, ele merecia a fama de gênio do cinema, independentemente de concordarmos com suas ideias políticas ou não. Consagrou-se como artista ainda na fase do cinema mudo, e hesitou muito em fazer filmes falados. Olhando em retrospecto, soa despropositado o temor que ele tinha de que o fim do cinema mudo anulasse o seu diferencial como artista, pois ele soube muito bem superar seu personagem Carlitos (embora sem deixar de fazer menções mais ou menos diretas a ele em seus filmes falados), e é muito nítido nesses filmes que Chaplin sabia elaborar discursos e diálogos excelentes.


Há muitas e muitas coisas que podem ser ditas sobre as falas de seus filmes. Por ora, vou citar apenas uma passagem de Monsieur Verdoux, um filme de Chaplin que é muito menos popular que as suas outras grandes obras - tanto que nem costumava passar na Globo. Nessa comédia de humor negro (que por isso mesmo destoa do conjunto de sua filmografia) o personagem título decide envenenar uma moça desconhecida apenas para testar se o veneno que ele sintetizou é capaz de matar sem deixar vestígios detectáveis numa autópsia. Segue-se entre os dois um diálogo longo para os padrões atuais do cinema e da TV, mas que em momento algum é entendiante. Após oferecer à vítima inadvertida uma taça de vinho envenenado, Verdoux manifesta ter uma visão bastante negativa da vida e diz a ela: "a aproximação da morte a assusta". E a jovem, embora sendo otimista quanto à vida, responde: "se o ser por nascer soubesse que a vida se aproxima também se sentiria igualmente apavorado".

Só por essa fala já valeria ver o filme. Fica aqui a minha dica para as férias.

2 comentários:

  1. Olá, professor!
    Achei excelente a sua crítica do filme, sendo que recomendo que se conheça a história de Henri Désiré Landru, assassino base para Chaplin compor seu personagem
    Quanto a filmografia de tal ator, gostaria de saber a sua opinião sobre o uso do filme "Tempos Modernos", assim como sua noção quanto este contexto e sua interpretação ideológica

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  2. Olá! Desculpe-me não ter respondido, mas as coisas andam meio corridas. Assim que der, eu faço um post a respeito.

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