terça-feira, 30 de abril de 2013

Neurociência demole construtivismo

Já li várias vezes que o Brasil é o único país do mundo onde o construtivismo é levado a sério e que esse é um dos motivos que explicam a baixa qualidade do nosso ensino. Em vista disso, resolvi compartilhar aqui uma passagem de entrevista concedida pelo neurocientista Stanislas Dehaene, o qual acusa a ineficácia do construtivismo e de outros métodos "globais" de alfabetização. Aliás, embora a entrevista não fale nada sobre o mal chamado "método Paulo Freire de alfabetização de adultos", vale lembrar que este é do tipo global!

Boa leitura!


Flávia Yuri

ÉPOCA – De que forma suas descobertas podem auxiliar no processo de educação?

DehaeneVerificamos, por meio de várias experiências, que o método mais eficaz de alfabetização é o que chamamos fônico. Ele parte do ensino das letras e da correspondência fonética de cada uma delas. Nossos estudos mostraram que a criança alfabetizada por esse método aprende a ler de forma mais rápida e eficiente. Os métodos de ensino que seguem o conceito de educação global, por outro lado, mostraram-se ineficazes. (No método global, a criança deve, primeiro, aprender o significado da palavra e, numa próxima etapa, os símbolos que a compõem.)


ÉPOCA – No Brasil, o construtivismo, que segue as premissas do método global para a alfabetização, é amplamente disseminado. Por que os sistemas que seguem o método global são ineficazes?

DehaeneVerificamos em pesquisa com pessoas de diferentes idiomas que o aprendizado da linguagem se dá a partir da identificação da letra e do som correspondente. No português, a criança aprende primeiro a combinação de consoantes e vogais. A próxima etapa é entender a combinação entre duas consoantes e uma vogal, como o “vra” de palavra. Essa composição de formas, do menor para o maior, é feita no lado esquerdo do cérebro. Quando se usam metodologias para a alfabetização que seguem o método global, no qual a criança primeiro aprende o sentido da palavra, sem necessariamente conhecer os símbolos, o lado direito é ativado. Mas a decodificação dos símbolos terá de chegar ao lado esquerdo para que a leitura seja concluída. É um processo mais demorado, que segue na via contrária ao funcionamento do cérebro. Num certo sentido, podemos dizer que esse método ensina o lado errado primeiro. As crianças que aprendem a ler processando primeiro o lado esquerdo do cérebro estabelecem relações imediatas entre letras e seus sons, leem com mais facilidade e entendem mais rapidamente o significado do que estão lendo. Crianças com dislexia que começam a treinar o lado esquerdo do cérebro têm muito mais chances de superar a dificuldade no aprendizado da leitura.

Um comentário:

  1. Como perguntou Nuno Crato - o novo ministro da Educação de Portugal - em crítica direta ao construtivismo - "Pra que formar cidadãos que não sabem ler um jornal e muito menos entender?.

    Nuno Crato desmanchou o sistema construtivista no país e estruturou a educação com métodos lastreados na neurociência (sistema fônico é infinitamente melhor, provado com 20 anos de pesquisas), com avaliações, meritocracia e uma escola mais flexível.

    Ele implantou em Portugal um plano de recuperação dos anos perdidos.
    Nuno não é político, é professor de matemática e que está levando a neurociência para a sala de aula.

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