quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Brasil vai acumulando ineficiências. Ou: mentiras petralhas nos comentários - 3

Não adianta virem fazer retórica furada em cima da recente mudança na fórmula de cálculo do IDHM, pois a verdade é que, sob os governos do PT, o Brasil não só perdeu uma grande oportunidade de fazer as reformas necessárias para acelerar o crescimento econômico como viu piorar a qualidade do gasto público e uma perda de eficiência em vários setores. Tudo isso desmonta as mentiras que se espalham pelas áreas de comentários de blogs e sites de notícias. Basta ver mais umas poucas linhas de um comentário que mandaram para cá faz algum tempo:
No enfrentamento da crise o governo do FHC cortou investimentos sociais, o PT incentivou a economia com medidas pontuais p aumentar o consumo a produção e assim aumentar a geração de emprego, como vc pode pensar que o governo do PT é igual do FHC, ou uma cópia mal feita, francamente... 
No início do governo Lula, o Ministério da Fazenda, sob comando de Antonio Palocci, divulgou o documento Gasto social do governo central 2001 e 2002 (SPE/MF, Brasília, nov. 2003). Ali se informa que, de 1998 a 2002, o gasto social direto per capita cresceu de menos de R$ 1.000,00, em valores de dezembro de 2002, para R$ 1.200,00. Um aumento real de mais de 20%, portanto! E vale ressaltar que essa expansão de gastos se deu em todos os anos da série. Mesmo na comparação dos anos de 1999 e 2000, quando o ritmo de expansão do gasto social diminuiu, houve aumento de gasto social direto per capita!

Já a política petista de incentivar o consumo foi nada mais nada menos que uma estratégia populista para criar uma ilusão de prosperidade, a qual já nem está funcionando mais. A razão disso é simples: só os investimentos em infraestrutura e ampliação da capacidade produtiva criam condições para o crescimento econômico de longo prazo. Os governos do PT ampliaram os gastos com pessoal para atender aos interesses corporativistas de seus aliados nos sindicatos, bem como aos interesses patrimonialistas de seus militantes e dos políticos da "base alugada", ao passo que os investimentos foram baixos e, ainda por cima, aplicados segundo uma lógica populista e marqueteira. Os melhores exemplo disso são as obras para a transposição das águas do São Francisco, que consumiram recursos imensos e foram paralisadas, e os R$ 28 bilhões de gastos com a Copa.

Daí que, enquanto o mundo experimentou um período de grande prosperidade, que durou de 2003 a novembro de 2008, o Brasil, mesmo com um crescimento baixo na comparação com a média mundial e, sobretudo, com os outros BRICs, ainda conseguiu surfar na onda exportando commodities para a China. Houve então uma significativa elevação dos níveis de renda e de consumo, especialmente da população mais pobre, e tudo isso sob uma política macroeconômica que era a mesma do segundo mandato de FHC!

Mas a fase boa da economia mundial acabou, as políticas de incentivo ao consumo aplicadas desde o ano passado tiveram resultados péssimos e a inflação estourou as metas. Estamos agora pagando o preço de dez anos de baixo investimento, elevação dos gastos e do endividamento público, e estímulo irresponsável ao consumo: crescimento baixo, inflação alta e nível de emprego mantido por atividades de baixa produtividade.

Sobre as ditas "medidas pontuais", aqui está uma pequena lista de ineficiências que vão se acumulando:

Energia: "Um apagão atingiu oito estados do Nordeste às 15h03 desta quarta-feira. Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), os estados atingidos foram Pernambuco, Piauí, Ceará, Sergipe, Bahia, Rio Grande do Norte, Paraíba e Alagoas. A falta de energia afetou hospitais, aeroportos, emissoras de rádio e TV e sites de jornais da região, além das próprias sedes das empresas de energia. [...] O último grande apagão na região foi registrado em outubro do ano passado e atingiu nove estados da região Nordeste e o Distrito Federal. No total, seis apagões de energia de maior porte ocorreram no Brasil em 2012 - todos eles no segundo semestre e a maioria por ocorrências na área de transmissão. Quase todos afetaram a região Nordeste (detalhes aqui).

Transporte: seguindo sempre a lógica populista e marqueteira, o PT insiste na implantação do trem bala. Mas vejamos estes números: "uma ferrovia convencional, para o transporte de cargas, custa em média R$ 5 milhões por km. Em áreas planas este custo é menor, ao redor de R$ 3 milhões, enquanto em áreas montanhosas pode chegar a R$ 10 milhões por km. Mas considerando os R$ 5 milhões por km, R$ 35 bilhões [custo mínimo estimado do trem bala] seriam suficientes para a construção de 7 mil quilômetros de ferrovias convencionais. Com uma malha atual ao redor de 28 mil quilômetros, seria possível ampliar em 25% a malha total com o mesmo investimento, o que num país com carências tão grandes na área ferroviária, seria significativo" (detalhes aqui).

Saúde:  "Entre 2002, último ano do governo FHC, e 2005, terceiro ano já do governo Lula, o número de leitos hospitalares havia sofrido uma redução de 5,9%. Era, atenção!, A MAIS BAIXA EM TRINTA ANOS! Números fornecidos pelo PSDB? Não! Por outra sigla: o IBGE. Em 2002, havia 2,7 leitos por mil habitantes. Em 2005, havia caído para 2,4. A OMS recomenda que essa taxa fique entre 3 e 5. [...] O quadro piorou enormemente: a taxa, agora, é de 2,3 — caiu ainda mais. E caiu não só porque aumentou a população, mas porque houve efetiva redução do número de leitos púbicos e privados disponíveis: só entre 2007 e 2012, caíram de 453.724 para 448.954 (4.770 a menos)" (detalhes aqui).

Conclusão

Em matéria de política fiscal, industrial, de infraestrutura e social, os governos do PT são mesmo uma cópia mal feita dos governos tucanos - goste-se ou não das políticas tucanas. 

Postagens relacionadas:

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário foi enviado e está aguardando moderação.