sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Polícia democrática versus esquerda autoritária


A esquerda explora bem as lembranças da ditadura
Acabou de sair um artigo na revista Época intitulado Inimigos da democracia, o qual segue de perto a análise que fiz das novas ondas de violência a que estamos assistindo (ver aqui).

A matéria não afirma que os organizadores do protesto na Av. Paulista contra o governador do Rio podem ter contado antecipadamente com a baderna dos anarquistas do Black Bloc quando escolheram esse pretexto ridículo para sair às ruas de São Paulo, mas o conteúdo do texto traz evidências factuais que apontam para interesses políticos e/ou econômicos que podem estar por trás da violência.
Logo no início, o texto mostra, com vários exemplos históricos, a semelhança entre as vertentes violentas do anarquismo e o fascismo:
Curiosa e infelizmente, os seguidores do método parecem não perceber quanto sua forma de agir os aproxima daqueles que eles consideram seus piores inimigos – os fascistas. As duas linhas de pensamento se propõem a defender o cidadão comum, o trabalhador, o assalariado. Ambas supõem saber o que é melhor para esse cidadão, mais do que ele mesmo. Ambas colocam em risco a segurança alheia a fim de atingir seus objetivos. Ambas negam, aos que delas discordam, direitos básicos – à segurança, à propriedade, à manifestação pacífica. Ambas incentivam o indivíduo, escondido pelo grupo, a agir com uma brutalidade que ele não mostraria se estivesse sozinho. Ambas admitem reduzir outros indivíduos a símbolos do mal – podem ser o estrangeiro e o diferente, no caso do fascista, ou o empresário e o policial, no caso do anarquista violento. Não sem motivo, o ditador fascista Benito Mussolini, que levou a Itália a entrar na Segunda Guerra Mundial ao lado dos nazistas, dizia-se simpatizante de ideias anarquistas.
E vale acrescentar que essa comparação é igualmente válida quando se põem os fascistas lado a lado com a maior parte dos socialistas. Mais à frente, o artigo estende essa análise para as táticas dos grupos do tipo Black Bloc, que tiveram origem no contexto de um conflito urbano - desses teorizados por David Harvey - ocorrido na Alemanha, em 1980.
Além de recorrer à violência e ao terror contra cidadãos que deixam de trabalhar ou transitar por medo dos protestos, os Black blocs distorcem o uso do anonimato. Cobrir o rosto é compreensível em manifestantes que se opõem a regimes opressores, que podem perseguir o cidadão por suas convicções políticas. Mesmo nesses casos, o ato de impacto contra a opressão pode ser mostrar o rosto. Na Passeata dos Cem Mil, no Rio, em 1968, não se teve notícia de algum manifestante de rosto coberto – num momento em que o Brasil vivia o auge da ditadura militar. Não há sentido em cobrir o rosto no Brasil de hoje, a não ser para cometer crimes [grifo meu].
Adiante, a matéria trata dos problemas enfrentados pela polícia para conter esses fascistoides:
ÉPOCA conversou com integrantes da cúpula da PM sobre investigações a respeito. A Polícia Militar paulista acredita que 50 a 80 pessoas participam das ações em São Paulo. "Eles sempre começam com a provocação, em busca de um revide dos policiais que justifique a depredação. Como a PM não entra mais nessa, eles mesmos iniciam o quebraquebra", diz um coronel. Segundo ele, os policiais já tentaram dialogar com o grupo, mas eles se recusaram a conversar.
Finalmente, as evidências de orquestração da violência ideológica:
Os problemas com os Black blocs talvez ultrapassem a ideologia distorcida. A maior parte deles pode estar sendo enganada e induzida a seguir baderneiros que se vendem por uma pequena quantia. De acordo com a investigação da PM paulista, há evidências de que manifestantes da tática black bloc recebam remuneração e apoio que vai além da simples orientação tática para os protestos. Desde a madrugada do sábado (3), cerca de 20 deles estão acampados em frente ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. Todos os dias, no final da tarde, um veículo abastece o acampamento com cerveja, carne, biscoitos e salgadinhos. A PM afirma ter testemunhado o pagamento de uma diária de R$ 70 aos integrantes do grupo. Na madrugada daquele dia, eles picharam os muros do palácio. Os policiais limparam tudo e avisaram que novas pichações não seriam toleradas. Um manifestante desafiou a ordem e foi preso. Ao verificar os documentos dele, os policiais descobriram que o rapaz era de Rondônia. Suspeitam que ele tenha vindo apenas para a ocupação, como outros, provenientes de Minas Gerais e do Paraná. A suspeita é que eles sejam manifestantes profissionais. As apurações não identificaram, até o momento, quem financia o movimento. A PM afirma haver sinais de que esses manifestantes recebam apoio de grupos de esquerda ou ligados ao transporte clandestino.
Concluindo
A charge acima mostra que a esquerda brasileira, especialmente aquela simpatizante de ditaduras comunistas (como o próprio autor da charge, que é o Henfil), soube muito bem explorar a memória da ditadura militar para se fazer de vítima e jogar a opinião pública contra a polícia, imobilizando-a. O resultado é que, embora possa mesmo ter havido abusos por parte de policiais em alguns eventos recentes, grande parte da opinião pública e do jornalismo continua raciocinando como se ainda estivéssemos em 1968! A polícia, hoje, serve a um Estado democrático; a esquerda é que não cessa de golpear a democracia, tanto no poder (como vemos nas gestões federais do PT) quanto nas ruas.

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