segunda-feira, 30 de novembro de 2020

"Bacurau" é só propaganda ideológica de baixa qualidade

 Assisti Bacurau faz algum tempo e não vi nenhuma dessas qualidades que o crítico Luiz Carlos Merten atribui ao filme (aqui). A obra não faz reflexão política e social coisa nenhuma. É só um monte de clichês esquerdistas a serviço de um maniqueísmo político primitivo, que opõe nacional e estrangeiro, dominantes e "excluídos". 

E a falta de inteligência e o primitivismo político do filme refletem bem o modo de (não) pensar de Kléber Mendonça, que dirigiu esse filme e também Aquarius. Quando Aquarius foi exibido em Cannes,  o elenco e a equipe técnica do filme protestaram contra o suposto "golpe" que teria derrubado Dilma! Ou seja, contaram uma mentira descarada para fazer propaganda partidária e, de quebra, dar visibilidade ao filme. No caso de Bacurau, vale dizer que esse filme tem ainda o defeito de ser didático na exposição de seus clichês políticos maniqueístas e que não se salva nem como filme de ação, já que as cenas de combate são muito pobres em comparação com o que o cinema e a TV americanos já oferecem disso todos os anos, às toneladas. 

Enfim, é um lixo de filme, e a crítica nacional e internacional que o elogia só está interessada em usá-lo como peça de propaganda política contra Bolsonaro e Trump. Isso fica bem evidente no texto de Merten, o qual comenta a associação explícita que a crítica faz entre Bacurau e a oposição a esses políticos. Assim, não surpreende que essa crítica (incluindo Merten) aponte no filme qualidades que este definitivamente não tem. 

As discussões sobre o filme refletem estes tempos de forte polarização política e ideológica, cuja consequência é o empobrecimento dos debates e das avaliações sobre obras artísticas. Chegamos assim ao ponto em que até uma parábola política maniqueísta e cheia de clichês ideológicos explicados na forma de diálogos didáticos pode ser qualificada por certa crítica como obra "audaciosa"! 

Postagens relacionadas

2 comentários:

  1. Não cheguei a ver Bacurau, mas vi "O som ao redor" e "Aquarius" e achei ambos muito ruins; filmes extremamente longos (sem necessidade) e com "críticas" sociais manjadas. Aliás, sempre me chamou a atenção o estardalhaço que a mídia fez a respeito desses filmes.
    Maniqueísmo e didatismo são termos certos para se referir a essas produções. Nunca me esqueci de uma cena grotesca de "O som ao redor", em que uma mulher reclama de o porteiro ou zelador do edifício ter aberto sua Veja (crítica manjada à dita classe média - o que não deixa de ser contraditório para os esquerdistas, que criticam o tal "ódio de classe"). Quanto a Bacurau, não vi nem sei se terei estômago para ver, ainda mais depois de ler esse texto.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu assisti na TV, numa noite em que eu estava "zapando", e dei de cara com ele. Uns amigos tinham falado que era bom, então resolvi conferir. É péssimo. Quando eu estava na faculdade, tinha amigos socialistas e petistas que não aplaudiam um filme só porque expunha ideias esquerdistas com as quais eles concordavam. Para acharem um filme bom, era preciso que o filme mostrasse um história com nuances, com possibilidades de interpretação diferenciadas, um filme que permitisse uma visão de mundo complexa. Agora, vejo filmecos panfletários como Aquarius e Bacurau recebendo prêmios e críticas elogiosas por sua "ousadia". A polarização ideológica emburreceu grande parte da crítica.

      Excluir

Seu comentário foi enviado e está aguardando moderação.