segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Professor Luan Pablo Rosa faz ataque hipócrita ao Escola Sem Partido

Participei recentemente de mais uma audiência na Câmara dos Deputados para debater o Projeto de Lei apelidado de "Escola Sem Partido". Um professor que também é aluno de Geografia da UFPR fez uma postagem no Grupo Geografia UFPR, do Facebook, com o seguinte ataque ao projeto:
EU EDUCADOR/PROFESSOR NÃO ACEITO SER AMORDAÇADO, assim cerceado do direito livre e constitucional da prática docente, imposta nesta PL como uma clara restrição arbitrária da liberdade de ensinar que apenas prejudica os alunos, limitando o debate sobre a educação escolar nos aspectos relacionados à educação sexual, moral e religiosa.
Quanta indignação! Quanta coragem na defesa da liberdade de ensinar! Quem lê esse texto jamais imaginaria que o professor Luan é bastante indulgente quando se trata de piquetes na universidade, ou seja, que ele não vê nenhum problema sério no fato de uns poucos baderneiros impedirem certos professores de exercer a liberdade de ensinar (e em prejuízo daquela maioria de alunos que não aderiu à paralisação estudantil) por meio de intimidação física!

Como eu sei disso? Ora, na última Reunião Extraordinária do Colegiado de Curso do Departamento de Geografia, que tratou dos programas de reposição de aula para os estudantes que fizeram "greve" no final do ano passado, o professor Luan participou na condição de um dos três representantes dos alunos. Num dado momento da reunião, comentaram que o professor Arnaldo Eugênio Ricobom foi desrespeitado pelos "grevistas", pois, quando ele tentou manter a porta da sala de aula fechada para impedir que os piqueteiros entrassem com seus bumbos, cornetas e apitos, estes simplesmente forçaram a entrada na sala e, depois, começaram a xingá-lo. E qual foi o comentário do valente Luan Pablo Rosa sobre isso? Disse que não fez piquete  (e eu acredito, pois nunca o vi no meio daqueles grupos facistoides) e deu a entender que não apoiava essa prática, mas, ao mesmo tempo, como forma de desculpar os piqueteiros, balbuciou a justificativa de que o professor tentou impedir a entrada dos piqueteiros num espaço que é público...

Mas, ora vejam, eu e aquela maioria de alunos que não aderiu à paralisação fomos impedidos mais de uma vez de entrar na sala de aula pelos piqueteiros. Por aí se vê que o professor Luan argumenta segundo a lógica hipócrita de um peso e duas medidas: professor não pode impedir piqueteiro de entrar na sala porque o espaço é público, mas piqueteiro pode impedir professores e estudantes de entrarem na sala se for para defender bandeiras políticas com as quais o professor Luan concorda!

Ora, eu já fiz críticas bastante duras a José W. Vesentini e outros autores de livros didáticos por se proporem a respeitar a autonomia de pensamento dos alunos mas não entregarem o prometido nos conteúdos dos seus livros, que são claramente unilaterais. Entretanto, eu jamais disse que tais autores são hipócritas. Atribuo a incoerência entre o que eles afirmam como petição de princípio e os conteúdos didáticos que eles elaboram em seus livros a um vício de pensamento próprio da geocrítica, que confere um duplo sentido contraditório à expressão "pensamento crítico". Mas o professor Luan é a prova de que, em nosso sistema de ensino, há professores que assumem uma postura claramente hipócrita quando se trata do "direito livre e constitucional da prática docente". 

Aliás, o próprio veículo que ele escolheu para proclamar seu amor incondicional à liberdade é mais uma prova de hipocrisia. Conforme me foi relatado por alunos que participam do Grupo Geografia UFPR, há pouco tempo atrás, um dos alunos que é membro do Grupo publicou uma notícia e acrescentou o seguinte comentário: "Professor Ricobom tinha razão". O que aconteceu? Deletaram a postagem! O professor Luan se faz de paladino da liberdade de expressão, mas não vê problema em se expressar num Grupo em que as opiniões que não interessam ao(s) administrador(es) são apagadas sem mais aquela!

Depois, o heroico professor Luan faz refutações à minha fala na audiência pública que debateu o PL, mas utiliza argumentos que evidenciam desonestidade intelectual. Falo disso na próxima postagem, para não estender demais esta aqui.

EM TEMPO

Há um vídeo da minha fala na audiência que está sendo divulgado pelo Youtube, mas é bom ressaltar que esse vídeo não inclui a sessão de perguntas e respostas que se seguiu às palestras. Ao responder a uma pergunta dirigida a mim, eu pude destacar que sou contra qualquer lei ou artigo que vede o ensino deste ou daquele conteúdo, mesmo que seja sob o argumento de que a escola não pode ensinar conteúdos que contrariem os valores religiosos e morais dos pais. Espero que a TV Câmara disponibilize o vídeo da sessão de debate inteira.

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