quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

A Folha de São Paulo é muito melhor do que um grupo de WhatsApp?

A pergunta no título é por causa da matéria Protestos no Peru chegam a Lima e acumulam quase 50 mortes. (13 jan. 2023). Mas desde quando "protesto" mata gente?

A matéria diz que há bloqueios de estradas e que os grupos de defesa de direitos humanos acusam as forças de segurança de "uso excessivo de força na repressão aos participantes dos atos". Informa também que, segundo as forças de segurança, os "manifestantes" atacam com armas caseiras e explosivos. Mas parece que não houve preocupação alguma de apurar se essa afirmação das forças de segurança está correta. Ninguém fotografou nem filmou nada dos protestos, nem com celular? Ninguém foi entrevistado para contar se viu ou não os "manifestantes" jogarem bombas durante os "atos"?

A matéria conta também que um garoto de 16 anos faleceu e que "um policial morreu calcinado após manifestantes supostamente atearem fogo a uma viatura"! Bem, se os "manifestantes" não tiverem ateado fogo à viatura, deve ter sido combustão espontânea. Ou talvez um acidente: jogaram uns coquetéis molotov sem intenção de incendiar nada, mas aconteceu, né?

A matéria não informa em nenhum momento se os "protestos" estão sendo realizados por pessoas de esquerda ou de direita. Só diz que um dos objetivos dos "protestos" é a soltura do ex-presidente Pedro Castillo, que está em prisão preventiva desde que aplicou uma tentativa frustrada de golpe de Estado. Um ex-presidente também sem alinhamento político-ideológico conhecido, pois não foi caracterizado nem como de direita, nem como de esquerda... Curioso!

As pessoas ridicularizam, com toda razão, aquelas "tias do Zap" que, em vez de buscarem informação na imprensa profissional, se deixam levar por teorias conspiratórias espalhadas nas redes sociais. Mas a culpa disso, em parte, é da imprensa mesmo. Porque a Folha de São Paulo é exemplo de jornal que chama terroristas e golpistas de esquerda de "manifestantes" mesmo quando os "protestos" geram dezenas de mortes. Nesse sentido, quem se informa pela Folha de São Paulo pode estar vivendo dentro de uma "bolha" de informação ideologicamente enviesada não muito diferente de um grupo de Whats.

Estou exagerando? Talvez. Mas é fato que há décadas que a Folha de São Paulo minimiza as atrocidades cometidas pela esquerda e demoniza a direita. Então, embora não justifique, há um fundo de razão na desconfiança que as "tias do Zap" nutrem contra a imprensa. Concordo plenamente que os bolsonaristas que atacaram em 08 de janeiro são golpistas e terroristas, mas não aceito que os mesmos adjetivos deixem de ser aplicados à esquerda brasileira e internacional quando esta toca o terror (o que é muito mais comum do que ver a direita fazendo a mesma coisa).

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