Pouco depois de ingressar na carreira docente, filiei-me à APUFPR. Acho que não deu nem dois meses para eu ir lá na sede da entidade solicitar minha desfiliação. Quando me perguntaram o motivo, falei que estava com pouco dinheiro, mas que voltaria a me filiar quando as coisas melhorassem. Era a mesma mentira que eu conto sempre que desejo dispensar um produto ou serviço sem dar explicações(*). A verdade é que eu me desinteressei do sindicato por não concordar com nada do que eles defendem (algo que eu confirmei plenamente ao ler os boletins informativos que me entregavam) e também porque a associação não oferecia nenhuma vantagem prática. Nem um plano de saúde com preços melhorzinhos eles ofereciam.
Ingenuamente, achei que a desfiliação seria o suficiente para não ter que dar parte do meu salário a uma entidade que defende ideias das quais discordo. Mas qual o quê. Por três vezes (a última, em junho deste ano) meu contracheque foi tungado com o pagamento de "mensalidade" a uma associação da qual não faço parte!
Embora conste "APUFPR - Mensalidade" no contracheque, eles explicam que se trata de "contribuição ao fundo de greve" aplicável a todos os professores, filiados ou não. Noutras palavras, os membros de uma associação profissional decidem em uma assembleia na qual eu não poderia votar mesmo que desejasse que vou dar meu dinheiro para a dita cuja; e o setor responsável pela folha de pagamento da instituição faz o desconto do meu salário sem nem me consultar previamente. Na minha opinião, isso é ROUBO, pura e simplesmente um ASSALTO!
E o pior é que, para reaver o dinheiro, eu tenho que escrever uma carta solicitando a devolução e ir pessoalmente à sede da APUFPR para entregá-la e protocolar o pedido. Fiz isso já faz mais de duas semanas, mas o estorno do valor ainda não foi efetuado, conforme o extrato bancário que acabei de consultar. Me roubam, dão trabalho para devolver o dinheiro e ainda demoram na devolução!
A propósito, se alguém perguntar a funcionários da Progepe, órgão responsável pela folha de pagamento, quem foi que mandou descontar o dinheiro e repassar para o sindicato, eles respondem por alto que a ordem veio da Reitoria. Mas se perguntarem qual foi a portaria ou qualquer outro instrumento legal que determinou o acinte, desconversam...
Fico pensando como agem os professores de filosofia, direito e de ciência política que pertencem à Associação quando ocorrem essas assembleias que decidem tomar o dinheiro dos outros sem autorização. Será que protestam com base em sofisticados conhecimentos de ética e de direito, mas acabam sendo voto vencido? Ou será que votam a favor da tunga com o enfado de quem está apenas cumprindo uma praxe de todas as greves? Considerando a ideologização e até partidarização que marcam as ciências humanas e sociais brasileiras, bem como as próprias instituições universitárias, sou mais pela segunda hipótese.
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(*) Eu já testei e vi que funciona. Quando alguém diz que não quer comprar um bem ou serviço por tal ou qual razão, o vendedor sempre argumenta que o produto é muito bom, vale a pena, etc. Agora, quando se diz que o problema é só falta de grana, ele desiste na hora.
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