O comentário de um olaviano ao post Uma nota sobre Olavo de Carvalho diz várias coisas que merecem reparos. Vamos ver por partes:
nao tem mto o q comentar, o cara pra começar fala q nao leu nenhum livro do olavo, fala que citou artigos dele de cabeça, da um rotulo de teoria de conspiração a alguns pontos soltos que o olavo afirmou.
Eu sabia que alguém iria me censurar por eu ter dito que nunca li nenhum livro desse autor. Mas é uma crítica inócua, posto que eu não avaliei esses livros que não li, mas apenas os trabalhos desse autor que eu li mesmo. Ele também reclama que eu citei um texto do Olavo de cabeça, mas não apontou nenhum erro de interpretação que eu tivesse cometido ao avaliar as críticas que esse autor faz a Keynes no dito artigo. Portanto, ele reclama da falta da referência bibliográfica para descartar o que escrevi sem fazer qualquer discussão a respeito.
Depois ele afirma que eu dou o rótulo de teoria da conspiração "a alguns pontos soltos que o olavo afirmou" sem analisar os motivos que apresentei para justificar essa qualificação. Novamente, ele critica sem discutir. Além disso, ele não esclareceu se as ideias do Olavo sobre Bill Clinton e George Bush são "pontos soltos" em relação à obra filosófica desse autor e/ou se em relação ao pensamento político do Olavo. Ficamos sabendo apenas que, segundo esse comentário, as ideias de Olavo de Carvalho sobre esses políticos estão "soltas"...
Depois o comentário prossegue da seguinte maneira:
No livro do olavo sobre aristoteles, ele separa o pensamento do estagirita em 4 discursos: poética, retórica, dialética e lógica (analítica), sendo que estes discursos compõem uma gradação, ou seja, você não tem uma boa retórica se não tiver a poética bem fundamentada e etc. Daí você vê que o cara mistura retórica com lógica (onde eu marquei com exclamação), logo ele nem sabe do que tá falando. Não posso levar isso a sério.
Retórica com lógica não, dialética com lógica. O que eu quis dizer é que a análise lógica não pode entrar na dialética, pois esta é premissa para aquela, de acordo com a tese dos 4 discursos do olavo.
O argumento não rebate a discordância que eu manifestei em relação a um texto acadêmico de Olavo de Carvalho, pois não contesta o que eu escrevi sobre os limites da dialética, entendida como método que contrapõe discursos aporéticos, para a validação de enunciados. Ele apenas diz que eu não entendo do assunto por não ter usado os termos "retórica", "dialética" e "lógica" no mesmo sentido que Aristóteles, segundo a interpretação de Olavo de Carvalho, usa. Outro modo de refutar o que foi escrito sem entrar no mérito de discutir o argumento.
De qualquer modo, quero destacar que, embora o comentário pareça ter a preocupação de isolar a obra filosófica de Olavo de Carvalho das ideias políticas conspiracionistas desse autor - é uma das formas possíveis de interpretar o que foi dito sobre os tais "pontos soltos" - eu não fiz o que Olavo de Carvalho e seus seguidores costumam fazer com os intelectuais de que discordam, isto é, descartar uma obra unicamente por meio da crítica ideológica e de valores ao uso político dessa obra. Foi o que mostrei ao comentar as ideias de Carvalho sobre Keynes: não dá para refutar as teorias econômicas keynesianas dizendo simplesmente que elas servem de justificativa para certas intervenções econômicas do Estado e que todo intervencionismo é um tipo de comunismo. Comentei que as ideias políticas de Olavo de Carvalho são ridículas, mas nem por isso afirmei que, sendo assim, é melhor nem ler a obra filosófica dele. Quem avaliar que pode tirar bom proveito dessa obra ou ao menos de parte dela, como se lê no comentário de Anselmo Heidrich ao post acima indicado, que siga em frente com a leitura.
Olá, Luis.
ResponderExcluirO comentário que você está rebatendo foi muito mal feito, mas numa coisa ele acertou. Para se falar sobre o modo como Olavo de Carvalho entende a dialética é fundamental a leitura do livro "Aristóteles em Nova Perspectiva" (cuja introdução está disponível aqui: http://www.olavodecarvalho.org/livros/4discursos.htm). Por meio dessa leitura, você verá que de modo algum ele julga que a dialética sozinha basta para descobrir a verdade.
Aliás, a chamada Teoria dos Quatro Discursos é também fundamental para entender a própria obra do Olavo, quando se percebe que no jornal e no rádio ele se mantém geralmente em um nível retórico-dialético e que apenas nas aulas e textos de filosofia ele passa para um nível dialético-lógico.
Wilson.