sábado, 31 de março de 2012

Enfim, alguém assume que faz militância ideológica quando representa estudantes e quando é professor

Um comentário bastante franco, crítico e até mal-educado ao post Grupo Geo Corp é boa iniciativa traz uma síntese tão concisa dos males da hegemonia de esquerda em nosso sistema de ensino que merece ser respondido com uma tomatada, ou melhor, com um post. Escrito por Angelo Menegatti, o comentário diz o seguinte:
Salvador Allende quando discursou na Universidade de Guadalajara em 1972 disse o seguinte "existem jovens velhos e velhos jovens", depois de militar (com muito orgulho) por 5 anos no Movimento Estudantil, tenho a convicção de que o papel do Movimento Estudantil é, antes de mais nada, não deixar que a sociedade envelheça nas suas ideias. Essas ideias que vocês defendem são as mesmas de 500 anos atrás. O que me deixa tranquilo é saber que hoje, depois de formado na Geografia da UFPR estou numa sala de aula formando a esquerda. Como diria Maradona chupem todos!

O que há de bom nesse comentário é que Angelo tem consciência da relação entre suas ideias e ações e é bem explícito em assumir que suas atividades como representante estudantil e como professor foram e são pautadas por objetivos político-ideológicos. A grande maioria dos estudantes e professores com quem discuto fica tergiversando e faz todo tipo de retórica incoerente para convencer as pessoas de que a politização das instituições de representação e das salas de aula não existe ou é inevitável. Já ele deixa bem clara sua visão de que os representantes dos alunos devem se preocupar precipuamente em fazer a cabeça dos seus representados contra o capitalismo e que o papel de um professor é seguir "formando a esquerda". 

É no mínimo esquisito o representante de uma categoria querer mudar a visão de mundo da sociedade inteira, pois essa deveria ser a função dos partidos. Mais esquisito ainda é um representante achar que seu papel principal é transformar as concepções ideológicas daqueles a quem deve representar, ao invés de mostrar serviço trabalhando as questões que interessam mais de perto aos representados. Deve ser por isso que os ativistas do dito "movimento estudantil" não abrem mão da prerrogativa exclusiva de vender carteirinhas de estudante: assim eles ganham dinheiro mesmo sem se esforçar para atender aos interesses que dizem representar e ficam livres para fazer política partidária, o que os beneficia com cargos e verbas públicas.

Sobre o ensino, nota-se que Angelo não perde tempo com aquela conversa mole de "formar cidadãos críticos". Honestamente, ele assume que deseja transformar seus alunos em esquerdistas, e ponto final. É mais uma evidência do conteúdo doutrinador assumido pela geografia escolar após a chegada da geocrítica. Outra evidência de que as ideias ultrapassadas vigoram na geografia graças a uma ação doutrinadora que começa desde antes da faculdade, conforme comentei em outro post.

Dito isso, cabe fazer um comentário sobre quem é que anda realmente a defender ideias velhas. Eu é que não sou, mas, para não me alongar demais agora, vou deixar isso para o próximo post. Encerro dizendo que, ao ver a citação de um certo Maradona, pensei inicialmente tratar-se daquele ex-jogador de futebol, ex-viciado em cocaína, ex-obeso e atual admirador da ditadura cubana. Mas, dada a profundidade filosófica da frase "chupem todos", imagino que deve ser algum portento intelectual como Armem Mamigonian e Slavoj Zizek, os terroristas de gabinete. A agressividade verbal combina bem com as "ideias" de ambos e com o dogmatismo que pauta o modo de pensar e as ações da maioria dos geógrafos, que é como o Angelo.

4 comentários:

  1. Infelizmente, Luiz, essa base marxista tem privilegiado a ideologia e privado os alunos dos conteúdos que deveriam ser ministrados em sala de aula. Eu como vim de escola pública (estudei em instituições publicas toda a minha vida), bem sei disso.

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  2. Eu estudei em escolas públicas durante o ensino médio, nos anos 80, e vivi o mesmo que você, Juliana. Nada mudou de lá pra cá porque os doutrinados da minha geração doutrinaram a geração seguinte, e assim por diante. É uma corrente bem difícil de quebrar.

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  3. Também estudei em escola pública; entretanto, meu professor de Geografia, cuja base era extremamente marxista, não nos privava de um ensino holístico e multidisciplinar. Aprendemos a ter a visão crítica, mas sem precisar beber de apenas uma ideologia. Resumindo, conseguimos ver os dois lados da moeda. O que falte hoje talvez seja a vontade de se despir de sua ideologia e transferir o conhecimento crítico livre desta; senão, de que adianta ir contra o dito "sistema"? Se assim do mesmo modo cria-se replicantes ideológicos, que têm o mesmo potencial de senso comum que o resto da população.

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    1. Eu ia responder aqui, mas vou escrever um post sobre esse e outros comentários.

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